Você já imaginou ficar rico com uma “pedra”? Parte da medicina milenar, a pedra de fel do boi vale ouro, por ser cada vez mais rara e escassa nos animais; Confira!
Você já ouviu falar na pedra de fel do boi? As pequenas pedras são um produto derivado dos bovinos e chegam a ser vendidas por quase R$ 40 mil o quilo. A razão é a sua raridade e também o seu uso para o mercado de medicina – tanto a tradicional quanto a chinesa.
No Brasil, o preço do quilo da pedra de fel bovina varia de R$ 12 mil a R$ 37 mil. Já no mercado internacional, o valor das pequenas pedras pode chegar a US$ 65 por grama, o que levaria a US$ 6,5 mil o quilo. Ou seja, com o valor atual do dólar, R$ 4,92, o valor dessa pedra ultrapassa a casa dos R$ 30.000,00, podendo em alguns casos, devido as características, ser vendida por quase R$ 40.000,00.
Pedra de fel: o que é?
Como o sebo, a pedra de fel bovina vem de uma parte nada glamurosa do animal: a vesícula. Ela nada mais é do que um cálculo na vesícula biliar, formado a partir do desequilíbrio do funcionamento do fígado do boi. Quando o animal consome mais gorduras, a bile fica com excesso de colesterol e ocorre a formação de cristais no órgão – não muito diferente do que acontece com a vesícula humana.
As pedras variam de forma, tamanho e cor. Elas podem ter formato esférico, oval, triangular ou irregular. Já as cores variam entre o marrom alaranjado, o marrom escuro e o preto marrom. Pedras mais claras são as mais caras, segundo o “garimpeiro” de pedrinhas de vesícula, Djalma Alves, em entrevista ao jornal Gazeta do Povo.
De fato, por sua raridade e supostos efeitos medicinais valorizados no Oriente, o cálculo biliar dos bovinos é caríssimo. “Tem classificação, se for uma coloração boa, alaranjada, o preço chega a R$ 37 mil. Se for mais escura, pagam menos”, explica Alves.
Valorizado a “preço de ouro”, o cálculo bovino é tão difícil de achar quanto o célebre metal. Para juntar um quilo, milhares de bois têm de passar pelo abate, e ainda é preciso contar com a sorte. “Falar em R$ 30 mil a R$ 40 mil o quilo, parece bastante, é um número bonito. Mas dentro do negócio do frigorífico é algo muito pequeno. (A pedra) é rara e pesa apenas alguns gramas. Para conseguir fazer um quilo tem que matar até 200 mil cabeças de gado”, observa Ângelo Setim Neto, diretor do frigorífico Argos, em São José dos Pinhais (PR). “Não é significativo para gerar divisas para o país”, assegura o empresário.
Algumas podem chegar ao tamanho de um ovo de galinha, com quase 100 gramas, mas, de maneira geral, costumam ter 10 gramas, o que apenas aumenta a sua raridade. Para chegar ao quilo, milhares de vesículas precisam ser retiradas de bois.
Para extrair as pedras, o processo é delicado e envolve uma série de cuidados com o bem-estar do animal. É preciso retirar as vesículas biliares, filtrar e limpar os cascalhos bovinos. Em alguns casos, a pedra de fel do boi é retirada cirurgicamente do gado, por veterinários. E tem outro ponto: normalmente, são os bois mais idosos que produzem essas pedras. Isso significa que, com a intensificação da produção animal e o controle maior da alimentação, tais pedras são mais e mais difíceis de encontrar.
Pedras são raras, mas não vão para o lixo
Começando pela última parte, com os preços citados, ninguém mais joga essas pedrinhas no lixo. Todos os frigoríficos dispõem de uma espécie de cofre “boca de lobo”, dotado de uma peneira, em que o conteúdo da vesícula é despejado.
“O conteúdo passa por um processo de filtragem onde as pedras que existem são coletadas, higienizadas e deixadas para secar, para então serem utilizadas terapeuticamente”, diz o especialista em medicina chinesa Reginaldo de Carvalho Silva Filho, presidente da Escola Brasileira de Medicina Chinesa (Ebramec).
E haveria mesmo a necessidade de regulamentar as exportações? Segundo o Ministério da Agricultura, o comércio dessas “pedras preciosas” já está plenamente formalizado e regulamentado. Os cálculos bovinos entrariam na lista de produtos de exportação sob a nomenclatura de “despojos”, que incluem outras partes do boi pouco consumidas no Brasil, mas valorizadas lá fora, como o sistema digestivo (omaso, retículo e rúmen), tendões, a artéria aorta e o vergalho (membro masculino do boi). Em 2010, os cálculos biliares bovinos foram o principal produto enviado pelo serviço Exporta Fácil, dos Correios, para o Japão e a China.
Para o professor e zootecnista Paolo Rossi Jr, do Centro de Informação do Agronegócio da UFPR, os exportadores não necessariamente seguem os caminhos oficiais. “É um mercado clandestino, não se sabe quem compra nem como essas pedras saem do país. Não temos dados sobre o volume disso. Os frigoríficos guardam essas informações a sete chaves”, sublinha.
Rossi já ouviu falar de aplicações afrodisíacas e medicinais das pedras vesiculares, mas acredita num outro destino mais provável: “De tudo o que ouvi até hoje, o que parece fazer mais sentido é que eles usam o cálculo para induzir em ostras a formação de pérolas. Faz sentido, afinal é um conglomerado mineral e a pérola não é nada mais do que isso, dentro de uma ostra”.
Achar as preciosas pedrinhas vesiculares bovinas tende a ser cada vez mais difícil. Setim Neto lembra que o cálculo biliar é uma doença que acomete indivíduos mais velhos. “Com a melhoria da produção dos bovinos, o animal vai ao abate mais cedo, para gerar uma carne mais macia. Estão, o giro da produção é menor e a probabilidade de desenvolver um cálculo também”, observa o empresário, que abate até 400 bovinos por dia em seu frigorífico na região de Curitiba.
“As pedrinhas são vendidas a cada seis meses ou um ano, de tão pouco que é”, acrescenta.
Djalma, o comerciante de pedrinhas da Ox Gall Stones, de Umuarama, garante que o negócio é bom, mas não deixa ninguém rico. “Estou no ramo dessas pedras há quinze anos. Já exportei para o Japão e para a China. Dá muito pouco, ainda mais agora, que o gado morre mais cedo. Se fiquei rico? Tenho uma Cherokee 2009. E rezo para não quebrar, se não estou ferrado”.
Para que servem?
O que justifica o preço? A raridade e a dificuldade de extrair as pedras explicam uma parte. Mas o seu uso pela indústria farmacêutica ajuda. Atualmente, a pedra de fel de boi é usada para a produção de medicamentos contra tratamentos de doenças hepáticas.
Mas, existe um uso ainda mais inusitado: elas estimulam a formação de pérolas dentro de ostras.
Na China, as pedras fazem sucesso e são muito procuradas devido ao uso pela medicina milenar do país. Por lá, a pedra de fel do boi é usada para tratar uma grande variedade de doenças, desde febre alta até convulsão, passando por pneumonia e epilepsia. Em 2020, cientistas chineses descobriram nas pedras a concentração de ácidos biliares, bilirrubina, substâncias com efeitos neurológicos e terapêuticos em humanos.
Já os médicos norte-americanos David Wang e Martin C.Carey publicaram no American Journal of Gastroentereology pesquisas que mostram que as pedras podem ter efeito tranquilizante e sedativo.
Uso milenar (e às vezes fictício)
O uso da pedra de fel bovina na China começou no ano 200 antes de Cristo, durante a Dinastia Han, e há registros em livros de medicina chinesa da época. Além da medicina milenar na China, as pedras fazem parte da cultura centenária dos antigos gregos, dos indianos e dos persas. Há registros de utilização da substância datada de antes do século 10.
Esses objetos semelhantes a rochas eram encontrados em animais sacrificados e, na época, acreditava-se que eles seriam a cura universal para as doenças. A pedra de fel era usada como amuleto, mas também consumida e jogada em bebidas suspeitas de conter veneno. Até mesmo a rainha Elizabeth I, da Inglaterra, usou uma dessas pedras em um anel de prata.
Um fato divertido sobre as pedra de fel dos bois: em inglês, elas são chamadas de “cow bezoars”. O nome, bezoar, foi utilizado pela autora J.K.Rowling para nomear uma pedra de antídoto mágica, na série de livros de Harry Potter. Neste caso, as pedras bovinas foram a inspiração para a substância mágica.
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