De acordo com pesquisador do Cepea, cotações devem continuar firmes devido à demanda internacional aquecida e à competitividade da carne bovina brasileira.
O Brasil exportou 155 mil toneladas de carne bovina (fresca, refrigerada ou congelada) em maio, de acordo com dados do Ministério da Economia. Isso representa recorde histórico considerado os resultados para o mesmo mês em ano anteriores.
Até a terceira semana de junho, com 14 dias úteis, o total embarcado foi de 107,2 mil toneladas. Se o ritmo diário de 7,6 mil toneladas se mantiver nos últimos sete dias úteis o mês, a projeção é de que o volume embarcado chegue a 160,8 mil toneladas, o que consolida também recorde histórico para o mês.
Em relação à receita, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o valor de maio foi o quarto maior da série histórica, com US$ 683 milhões. Quando feita a conversão para reais, o valor chegou a quase R$ 25 mil por tonelada vendida, o maior já registrado em toda a série.
De acordo com o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) Thiago Bernardino, o pecuarista sente os efeitos da exportação aquecida e do incremento no valor pago. Ele afirma que a média projetada para o segundo semestre está na faixa de R$ 205 até R$ 230 por arroba. Isso pode situar a média de preços até R$ 50 acima dos últimos cinco anos.
“Apesar do aumento de custos dos insumos como do grão, combustível e nutrição com a desvalorização do real, o produtor que exporta para países europeus e para a China consegue capturar grande parte desse aumento, sobretudo se mantiver boa gestão dentro da porteira”, diz Bernardino.
O pesquisador estima que tendência para os próximos anos seja de continuidade deste cenário forte para o mercado de boi no Brasil, principalmente pelo fato que a carne brasileira é muito barata na comparação com as de outros importantes players, como Estados Unidos e Austrália, mesmo desconsiderando o efeito cambial.
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Porém, o pesquisador ressalta que teremos oscilações à frente, sobretudo devido às políticas comerciais da China. O país asiático já renegociou preços no passado e caso as cotações sigam em alta dentro do Brasil, os preços também sobem internacionalmente, podendo gerar novas pressões por negociação.
A China tem demandado proteína brasileira desde o segundo semestre de 2017 e se consolidou em patamares recordes a partir de agosto do ano passado. Com alguns problemas de sanidade como peste suína africana, febre aftosa e influenza aviária, o país depende muito de produção de outros lugares, e a carne brasileira tem preço bastante competitivo. No nível demandado pelo gigante asiático, o Brasil é um dos poucos a conseguir atender em questão de preço, como produção e também com relação política mais estável com a China, na comparação com Austrália e Estados Unidos.
Fonte: Canal Rural