Mercado externo deverá continuar ditando preços em 2022. Os embarques à China ainda representam quase metade de tudo o que é exportado pelo Brasil.
Cepea, Piracicaba – Em 2021, ficou evidente que, diante de uma demanda interna fraca, a oferta enxuta no campo e, de forma preponderante, a aquecida procura internacional – especialmente por parte da China – foram os fatores que levaram os preços da cadeia pecuária nacional a atingirem novos patamares recordes. E é muito provável que o mercado externo siga sendo o principal fator de influência sobre os preços internos da cadeia pecuária nacional em 2022.
A forte queda nos preços da arroba bovina observada entre setembro e outubro de 2021, após a suspensão dos envios de carne de boi à China – que durou pouco mais de três meses (do início de setembro/21 até meados de dezembro/21) –, mostrou que as vendas externas – especialmente ao mercado chinês – são de grande importância ao setor pecuário nacional.
Mesmo com os envios de carne crescendo para outros destinos nos últimos meses de 2021, como aos Estados Unidos, os embarques à China ainda representam quase metade de tudo o que é exportado pelo Brasil. Diante disso, é incontestável a necessidade de o Brasil buscar e fortalecer novos parceiros comerciais.
E o câmbio deve seguir favorecendo as exportações brasileiras em 2022. Em um ano de eleição no Brasil e de incertezas relacionadas à nova onda de covid-19 e suas possíveis consequências sobre a economia mundial, o dólar deve oscilar com certa força. De fato, na B3, a moeda norte-americana é negociada a patamares ainda superiores aos vistos em 2021. Esse cenário deve manter competitiva a proteína brasileira no cenário internacional.
CAMPO – Por outro lado, o dólar elevado tende a encarecer os já altos custos de produção no campo, tendo em vista que importantes insumos são importados, como produtos veterinários e nutricionais. Além disso, o câmbio deve manter atrativas as exportações de soja e milho e, consequentemente, reforçar o movimento de alta nos preços desses grãos, pressionando a margem do pecuarista.
Diante de custos em patamares elevados, o produtor precisará manejar melhor seus animais no pasto – sobretudo no primeiro semestre –, à espera de momentos oportunos para negociar seus lotes. Desse modo, a oferta no primeiro semestre de 2022 ainda deve ficar bem ajustada, sustentando os preços do boi.
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Já no segundo semestre, o volume de gado a ser confinado dependerá do ritmo dos preços dos grãos e também dos animais de reposição. Muitos pecuaristas poderão optar pela estratégia de 2021, de buscar alternativas em boitel para a engorda de animais. Mas, no geral, é provável que muitos confinamentos aumentem sua produção, fundamentados nos preços elevados do boi no mercado futuro – na B3, os contratos com vencimento no segundo semestre são negociados neste começo de 2022 entre R$ 318,00 e R$ 338,00.
De um modo geral, as fortes volatilidades de preços observadas em 2021 deixaram o aprendizado de que o pecuarista deve trabalhar em alerta e usar, mais do que nunca, ferramentas de gestão que sejam eficientes.
MERCADO DOMÉSTICO – Devido ao fragilizado poder de compra da maior parte da população e à inflação alta, a demanda doméstica por carne bovina deve seguir fraca por mais um ano. Com a renda corroída, consumidores devem continuar reduzindo as compras de determinados bens e procurar alternativas. No caso das proteínas, consumidores devem limitar as aquisições de carne bovina e aumentar as de frango e suínos.
Fonte: Cepea