Boi gordo vai a R$ 340/@ com queda generalizada e frigoríficos decretando férias coletivas

Depois do boom de valorização, chegou a desvalorização com pressão do mercado. Na praça paulista, algumas indústrias já passam a pressionar o mercado local, com negociações acontecendo entre R$ 340/355 a arroba do boi gordo.

Após semanas de alta impulsionada por um ciclo positivo, o mercado do boi gordo iniciou dezembro sob forte pressão. A arroba registrou queda significativa, chegando a R$ 336,40 no fechamento de 3 de dezembro, conforme o indicador Cepea/B3, o que representa uma baixa diária de 4,38% e mensal de 4,42%. Essa queda ocorre em meio a um cenário de aumento da oferta de animais confinados e dificuldades das indústrias em repassar custos ao consumidor final.

O que está acontecendo no mercado?

Especialistas apontam que o avanço da oferta de gado confinado é um dos principais fatores que explicam a desvalorização. Segundo Allan Maia, da Safras & Mercado, “as dificuldades em repassar preços no mercado doméstico também contribuíram para o recente comportamento negativo, além da queda dos contratos futuros do boi gordo na B3“. Essa conjuntura tem levado frigoríficos a reduzir a compra de boiadas gordas e, em alguns casos, decretar férias coletivas para funcionários de plantas de abate.

Preços por região

O recuo nos valores da arroba tem sido observado em diversas praças pecuárias do Brasil:

  • São Paulo: algumas indústrias já passam a pressionar o mercado local, com negociações acontecendo entre R$ 340/355 a arroba.
  • Minas Gerais: preços ainda acomodados, com indústrias locais ausentes da compra de gado.
  • Goiás: forte queda dos preços no decorrer da terça-feira. As indústrias que atuam no estado posicionaram seus preços entre R$ 320/325 a arroba a prazo.
  • Mato Grosso do Sul: foram relatadas tentativas de compra em patamares mais baixos de preços em boa parte do estado.
  • Mato Grosso: os preços cederam nas principais praças pecuárias, mas com poucos negócios efetivados até o momento.
boi gordo

Impacto no mercado atacadista

Apesar da queda no mercado físico, os preços no atacado seguem firmes, mas com sinais de limitações para novas altas devido à competição com outras proteínas, como o frango. Cortes bovinos permanecem estáveis:

  • Quarto dianteiro: R$ 20,50/kg.
  • Quarto traseiro: R$ 26,50/kg.
  • Ponta de agulha: R$ 19,50/kg.

O analista Raphael Galo, da Terra Investimentos, alerta para a necessidade de proteção no mercado: “Recomenda-se o uso de ferramentas como PUTs para gestão de risco, considerando as oscilações de preço.”

Demanda interna e desafios de consumo

Mesmo com a proximidade das festas de fim de ano, quando a demanda costuma aumentar, o consumo interno não conseguiu sustentar os preços devido ao encarecimento da carne bovina no varejo. Relatórios indicam que, em novembro, todas as proteínas animais apresentaram alta de preços no atacado, impulsionadas pelo bom desempenho das exportações e pela disponibilidade enxuta da proteína bovina no mercado interno.

Carcaça bovina: R$ 22,69/kg (+13,81% em novembro).
Cortes dianteiro e traseiro: variações de 14,83% e 14,30%, respectivamente.

Expectativas para o mercado do boi gordo

Os próximos dias devem seguir com volatilidade, influenciados pela demanda sazonal e pela capacidade de repasse de preços ao consumidor. Especialistas acreditam que, apesar da pressão de baixa atual, os preços do boi gordo podem estabilizar no curto prazo, especialmente se houver ajustes na oferta de animais terminados.

Conforme dados históricos, o mercado ainda se mantém em patamares elevados quando comparado aos preços do início do ano. No entanto, a desaceleração da demanda interna, aliada à limitação do poder de compra da população, impõe desafios para uma recuperação imediata.

Essa queda expressiva, associada às férias coletivas nas plantas frigoríficas, acende um alerta para a cadeia produtiva e exige estratégias assertivas de gestão, principalmente em um mercado historicamente volátil.

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