“Boi gordo sumiu” e arroba busca o ‘teto da entressafra’ de R$ 255/@

Já vimos esse filme passar? Com certeza! A oferta de boi gordo recuou, as parcerias começam a serem antecipadas e, para completar, as escalas de abate recuaram fortemente, atingindo uma média de 8 dias. Agora, arroba busca o ‘teto da entressafra’ de R$ 255/@

O mercado físico de boi gordo registrou uma semana de cotações firmes, ou melhor, de estáveis a mais altas nas principais praças pecuárias de comercialização do Brasil. Um filme que, por mais que seja batido, ainda pega alguns “de surpresa”: a sazonalidade e seus efeitos. A oferta de boi gordo recuou, as parcerias começam a serem antecipadas e, para completar, as escalas de abate recuaram fortemente, atingindo uma média de 8 dias. Agora, arroba busca o ‘teto da entressafra’ que, segundo alguns analistas, deve alcançar o valor de R$ 255/@.

Conforme apontou a Agrifatto, consultoria que acompanha o mercado diariamente, já é possível verificar a valorização diante do recuo das escalas de abate. “As negociações acontecem de forma cautelosas no mercado físico, apesar dos frigoríficos estarem com posição mais comedida, a pressão baixista aparenta ter dado uma “trégua” e já conseguimos ver a valorização na cotação do boi gordo em algumas praças“, disse a consultoria.

Segundo o analista de Safras & Mercado, Fernando Iglesias, o mercado físico registrou um ou outro negócio acima da referência média, com a atual movimentação do câmbio gerando otimismo entre os pecuaristas, uma vez que a moeda brasileira voltou a flertar na linha dos R$ 5,50/dólar. Apesar do recuo, a posição confortável das escalas de abate nas demais praças ainda foi um importante limitador para altas mais agressivas nos preços do boi gordo durante a semana.

Na sexta-feira (21/6), o mercado trabalhou com valorização de R$ 2/@ no preço “boi-China” – animal jovem abatido com até 30 meses de idade – negociado em São Paulo, que agora vale R$ 222/@ – o valor representa um ágio de R$ 5/@ sobre a cotação do animal “comum” (sem prêmio-exportação), apurou a Scot Consultoria.

Os compradores já observam um leve recuo na oferta de boiadas, o que pode alterar os níveis de negócios.

Segundo Fabbri, a redução na disponibilidade de boiadas pode alterar os “níveis de negócios” daqui para frente. “A entressafra, aparentemente, deu as caras”, observa o zootecnista Felipe Fabbri, analista da Scot. Ele acrescenta: “Com a oferta diminuindo e o dólar firme, a movimentação de alta na arroba apareceu”.

Segundo alguns analistas, o boi gordo já atingiu o piso da safra de boi gordo valendo R$ 215-225,00/@ e, agora, os pecuaristas estão buscando encontrar o teto da entressafra que deve atingir R$ 250-255,00/@, conforme apontaram eles.

boi gordo
Foto: agropontieri

Diante deste cenário, continua a Agrifatto, a média nacional das escalas de abate ficou em 11 dias úteis, apresentando estabilidade no comparativo semanal. “Vale lembrar de que mesmo com este cenário de valorizações pontuais, as programações de abate continuam alongadas e a indústria fará de todo o possível para não aumentar os preços do boi gordo de forma acelerada”, apontou.

Além disso, a consultoria complementa dizendo que “o principal destaque da semana foi Goiás, com um declínio de 3 dias úteis perante a semana passada, as programações de abate ficaram em 8 dias úteis, menor patamar registrado desde 26/04/2024.”

O analista da Scot lembra que, em 24/6, será comemorado o Dia de São João, com as tradicionais festas juninas presentes pelo Brasil. No mercado do boi, diz ele, há aspectos adiante que precisam ser analisados e podem direcionar os preços da arroba. “Esperamos pra ver se este São João será cai, cai balão ou pula fogueira”, diz ele.

Segundo Fabbri, com o avanço da segunda quinzena de junho, o mercado do boi gordo pode perder a estabilidade em função da descapitalização da população (menor poder aquisitivo devido ao maior distanciamento do pagamento dos salários) e, consequentemente, da possibilidade de incremento nos estoques de carne por parte das indústrias.

Exportações de carne bovina

O dólar, que segue firme na trajetória de alta e esteve cotado a R$ 5,50 em alguns momentos, também colabora, diz o analista da Scot. “Soma-se a isso, a expectativa de oferta (de boiadas gordas) menos abundante nos próximos meses”, acrescenta ele. Porém, a cotação da carne brasileira atingiu US$ 4,4 mil/tonelada no acumulado de junho/24, uma queda de 12% na comparação com o preço médio de junho/23.

As exportações de carne bovina fresca, congelada ou refrigerada do Brasil renderam US$ 433,219 milhões em junho (10 dias úteis), com média diária de US$ 43,321 milhões. A quantidade total exportada pelo país chegou a 97,254 mil toneladas, com média diária de 9,725 mil toneladas. O preço médio da tonelada ficou em US$ 4.454,50.

Em relação a junho de 2023, houve baixa de 6,6% no valor médio diário da exportação, ganho de 6% na quantidade média diária exportada e desvalorização de 11,9% no preço médio. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

 “Já conseguimos ver a valorização na cotação do boi em algumas praças brasileiras”, apontou Agrifatto.

Os preços da arroba do boi gordo na modalidade a prazo nas principais praças de comercialização do país estavam assim no dia 20 de junho:

  • São Paulo — O “boi comum” vale R$215,00 a arroba. O “boi China”, R$225,00. Média de R$220,00. Vaca a R$195,00. Novilha a R$210,00. Escalas de abates de doze dias;
  • Minas Gerais — O “boi comum” vale R$200,00 a arroba. O “boi China”, R$210,00. Média de R$205,00. Vaca a R$180,00. Novilha a R$195,00. Escalas de abate de treze dias;
  • Mato Grosso do Sul — O “boi comum” vale R$215,00 a arroba. O “boi China”, R$215,00. Média de R$215,00. Vaca a R$190,00. Novilha a R$200,00. Escalas de abate de oito dias;
  • Mato Grosso — O “boi comum” vale R$205,00 a arroba. O “boi China”, R$210,00. Média de R$207,50. Vaca a R$185,00. Novilha a R$195,00. Escalas de abate de onze dias;
  • Tocantins — O “boi comum” vale R$200,00 a arroba. O “boi China”, R$200,00. Média de R$200,00. Vaca a R$175,00. Novilha a R$180,00. Escalas de abate de doze dias;
  • Pará — O “boi comum” vale R$200,00 a arroba. O “boi China”, R$200,00. Média de R$200,00. Vaca a R$175,00. Novilha a R$180,00. Escalas de abate de catorze dias;
  • Goiás — O “boi comum” vale R$200,00 a arroba. O “boi China/Europa”, R$210,00. Média de R$205,00. Vaca a R$185,00. Novilha a R$200,00. Escalas de abate de nove dias;
  • Rondônia — O boi vale R$185,00 a arroba. Vaca a R$165,00. Novilha a R$170,00. Escalas de abate de catorze dias;
  • Maranhão — O boi vale R$195,00 por arroba. Vaca a R$175,00. Novilha a R$175,00. Escalas de abate de onze dias;
  • Paraná — O boi vale R$220,00 por arroba. Vaca a R$195,00. Novilha a R$200,00. Escalas de abate de oito dias.

Boi no atacado

O mercado atacadista segue com inexpressiva movimentação de negócios e com preços acomodados em grande parte do mês, em um ambiente pautado pela grande quantidade de produto em estoque.

Para Iglesias, é importante mencionar que a virada de mês será importante, oferecendo oportunidades para recuperação dos preços da carne no atacado. O quarto traseiro do boi se manteve em R$ 17,00 por quilo. O quarto dianteiro do boi permaneceu cotado em R$ 12,50 por quilo.

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