Boiada segue caminho do álcool em gel: sumiu do mercado. Mas uma possível retomada de importações da China pode interromper movimento baixista da arroba.
A maior parte das indústrias frigoríficas ainda se mantém fora das compras de boiadas e os poucos negócios efetivados ocorreram a valores mais baixos, segundo informam analistas de mercado nesta terça-feira.
No entanto, avalia a consultoria Informa Economics FNP, dois fatores podem impedir a continuidade da tendência baixista da arroba no curtíssimo prazo. Um deles é a possibilidade de crescimento na demanda interna de carne bovina, que, de acordo com a FNP, já “esboça alguma reação, principalmente no varejo”.
Mercado informado no app Agrobrazil
Segundo o app da Agrobrazil, o número de negociações concretizadas pelo país são menores. Pecuaristas de Bauru/SP, fizeram vendas de R$ 200/@ com 3 dias para pagamento e abate para o dia 27 de março, lembrando que é um boi padrão China. Já em Pontes e Larcerda/MT, ficou em R$ 195/@ com pagamento em 30 dias e abate em 05 de abril. Para o boi padrão Europa, em Frutal/MG, a arroba ficou cotada em R$ 200 com pagamento em 30 dias e abate dia 28 de março.
Como demonstrado acima, a escala está curta demais, mostrando uma necessidade da indústria de recompor escalas e estoques. Entretanto, no médio prazo, podemos ter uma menor demanda interna.
Com a população preocupada com o avanço da doença, muitos resolveram fazer estoques de alimentos e as vendas de carne bovina foram semelhantes ao observados no natal de 2019. “A população comprou por volta de 6 vezes mais do que é o costume. Para abastecer o mercado interno, as indústrias frigoríficas estão sendo obrigadas a ofertar preços melhores para a arroba do boi”, ressaltou o analista de mercado da Cross Investimentos, Caio Junqueira.
O analista afirmou que tem relatos de que a China está realizando novos negócios em ritmo lento, mas a falta de containers está prejudicando o embarque da mercadoria. “Essa falta de containers deve se regularizar em torno de 25 a 40 dias e não é tão simples essa burocracia de fretes marítimos”, conta.
Segundo a FNP
O outro motivo vem de fora: na avaliação da consultoria, a China sinaliza “uma retomada das atividades, o que, junto à especulação cambial, deve impactar positivamente os números para os próximos meses”.
“No curtíssimo prazo, a escassez de oferta de gado e a recuperação nas vendas de cortes bovinos devem neutralizar maiores baixas nos preços da boiada gorda”, destaca a FNP em seu boletim diário.
Nesta terça, entretanto, a consultoria voltou a registrar quedas nos preços do boi gordo em algumas importantes praças pecuárias, como nos Estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e na região Norte do Brasil (veja cotações abaixo).
Segundo a consultoria, a baixa oferta de animais terminados impede o avanço nas programações de abate dos frigoríficos. Tal situação, pelo menos por quanto, não provoca pânico entre os compradores de matéria-prima. “As indústrias operam com curtíssimas escalas de abate e as poucas compras efetivadas ocorrem apenas para atender programações mais urgentes”, destaca a FNP.
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Apesar das previsões mais otimistas dos analistas da FNP em relação à China, os números atuais mostram que a pandemia do novo coronavírus continua retardando a retomada das exportações brasileiras de carne bovina aos níveis registrados em 2019, um ano de recordes para os embarques brasileiros desta commodity.
No acumulado das três primeiras semanas de março, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), houve retração no fluxo médio de embarque de cortes bovinos, com relação ao mês e ano anteriores.
Compre Rural com informações do FNP, Portal DBO e Agrobrazil