Boi gordo segue valendo R$ 235/@, mas especialista faz ‘ALERTA’

A batalha entre indústrias e pecuaristas reduz ritmo de negócios e faz arroba seguir “estagnada”, mas a Agrifatto alerta que “É importante que os produtores estejam preparados para o período de seca que se aproxima”

mercado físico do boi gordo iniciou a semana com alguns negócios ainda acima das referências médias. Mas, de forma generalizada, os preços da arroba ficaram estáveis na maioria absoluta das praças brasileiras, conforme levantamento das consultorias que acompanham diariamente o setor pecuário.

Normalmente, as cotações às segundas-feiras tendem a se manter estáveis. Os preços para o macho não sofrem alterações há 10 dias úteis, enquanto para a novilha, a última mudança ocorreu há uma semana, apontou a Scot Consultoria. A consultoria ainda destaca que as categorias de maior estabilidade incluem a vaca gorda e o “boi China”, sem variações nos últimos 30 dias úteis.

Com isso, a cotação da arroba do boi comum está sendo negociada em R$227,00, a da vaca gorda em R$205,00 e da novilha em R$220,00, preços brutos e a prazo. O “boi China” – animal jovem abatido com até 30 meses de idade – está sendo negociado em R$235,00/@, preço bruto e a prazo. Ágio de R$8,00/@.

“No entanto, com preços um pouco mais altos, as escalas de abate passam a avançar em diversos estados, um cenário que sugere que o movimento de alta tende a perder intensidade”, disse o analista da Consultoria Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias.

De acordo com a Agrifatto, o encerramento da última semana, não houve indícios de pressão de baixa sobre o valor da arroba e o mercado físico operou com serenidade. “O ritmo das negociações permaneceu moderado; as transações ocorrem em volume apenas o suficiente para sustentar as programações em nove abates, na média nacional”, relata a consultoria.

O fato é que as pastagens ainda oferecem as condições necessárias para que os pecuaristas cadenciem o ritmo dos negócios.

“O mês de abril vem sendo pautado por bom volume pluviométrico no Centro-Norte brasileiro. Em meados de maio e junho, essa dinâmica tende a mudar, com o pasto perdendo qualidade e o pecuarista perdendo capacidade de retenção”, pontuou Iglesias.

touro nelore no pasto cobrindo vacas nelore - Nelore Jaburi - boi gordo
Foto: Nelore Jaburi

Preços da arroba do boi gordo pelas principais praças pecuárias do país

  • São Paulo (Capital): R$ 233
  • Goiânia (GO): R$ 217
  • Uberaba (MG): R$ 227
  • Dourados (MS): R$ 224
  • Cuiabá (MT): R$ 209

Alerta da Agrifatto: “A seca é soberana e chegará, portanto é preciso reduzir a exposição ao risco

Segundo a Agrifatto, os abates de bovinos realizados em março/24 recuaram 3% em comparação com fevereiro – a queda é atribuída à melhoria das condições nutricionais das pastagens naturais, favorecidas pelo período chuvoso das últimas semanas. “Isso proporcionou aos produtores uma maior capacidade de retenção dos animais no pasto”, observa  a consultoria.

No entanto, pensando daqui para frente, os analistas da Agrifatto recomendam cautela e um plano de ação aos pecuaristas.

“A transição entre a safra e a entressafra geralmente reduz essa capacidade de retenção, aumentando a desova de animais prontos e, consequentemente, elevando a possibilidade de queda nos preços do animal terminado”, alertam os consultores, acrescentando: “A seca é soberana e chegará, portanto é preciso reduzir a exposição ao risco”.

De acordo com a Agrifatto, o ágio proposto pelo mercado futuro para os próximos meses (em relação aos preços vigentes no mercado físico) já passa dos 3,7% (dados desta segunda-feira, 15 de abril, referente ao contrato com vencimento em julho/24.

“Diante do risco de que a seca traga mais oferta em um espaço curto de tempo, é importante se antecipar a essa possível maior oferta de animais ao mercado”, ressaltam os consultores.

Nesse sentido, a Agrifatto recomenda aos pecuaristas a comercialização antecipada (por meio de contratos de proteção de preços na B3) de até 50% dos animais que serão abatidos nos meses de maio, junho e julho deste ano, nos preços acima dos R$ 235/@.

Porém, na visão da Agrifatto, no curtíssimo prazo, as boas condições das pastagens ainda dão força para o pecuarista segurar um pouco a oferta, o que pode resultar em sustentação das cotações do mercado do boi gordo durante a semana. “Além disso, o mercado futuro segue apresentando melhores expectativas”, observam os analistas.

Atacado

O mercado atacadista abriu a semana apresentando preços acomodados para a carne bovina. Com uma segunda quinzena pautada por menor apelo ao consumo, e um quadro complicado da carne de frango, principal proteína concorrente, os preços deverão estar pressionados, apontou Iglesias.

O quarto traseiro foi precificado a R$ 18,00 por quilo. O quarto dianteiro ainda é precificado a R$ 14,00 por quilo. A ponta de agulha segue a R$ 13,00 por quilo.

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