Boi gordo segue em queda, medida do governo pode piorar a situação; Entenda

Ainda, a medida provisória 1.227/2024, que propõe a revogação da compensação de crédito presumido de PIS/COFINS, poderá aumentar a carga tributária dos frigoríficos, afetando tanto o mercado interno quanto as exportações; veja cotações e os detalhes da MP

O mercado físico do boi gordo registrou negociações abaixo da referência média nesta quarta-feira (5), segundo análise de Fernando Henrique Iglesias, da consultoria Safras & Mercado. A tendência de queda nos preços deve continuar no curto prazo devido à alta oferta de animais e à posição confortável das indústrias em relação às escalas de abate. “O escoamento da carne ainda não resultou em alta dos preços no mercado atacadista“, destacou Iglesias.

Ainda, a medida provisória 1.227/2024, que propõe a revogação da compensação de crédito presumido de PIS/COFINS, poderá aumentar a carga tributária dos frigoríficos, afetando tanto o mercado interno quanto as exportações. A proposta será discutida no Congresso nas próximas semanas (entenda melhor ao final).

Com o avanço do período seco nas principais regiões brasileiras de pecuária, os preços do boi gordo continuam enfraquecidos, com quedas mais acentuadas em algumas praças. É o caso de São Paulo que, segundo apuração da Scot Consultoria, registrou mais um dia de desvalorização nesta quarta-feira (5/6), desta vez envolvendo todas as categorias enviadas ao abate.

A vaca gorda, o boi gordo “comum” e o “boi-China” sofreram baixa diária de R$ 5/@ no mercado físico de São Paulo, para R$ 195/@ e R$ 217/@ e R$ 220/@, respectivamente.

Por sua vez, a novilha gorda teve desvalorização de R$ 2/@, fechando o dia em R$ 210/@. “É importante destacar que a tendência de crescimento na oferta e queda nos preços deve continuar por algumas semanas”, prevê a Agrifatto, que reforça: “O enfraquecimento das pastagens naturais elevou o volume de ofertas de boiadas gordas, pressionando os valores da arroba para baixo”.

De acordo com o Indicador do Boi Gordo CEPEA/B3, os preços do boi gordo seguiram em declínio nesta quarta-feira (5/6), com o valor da arroba em São Paulo caindo para R$ 217,00, representando uma redução diária de R$ 5,00. Além disso, a vaca gorda foi cotada a R$ 195,00/@, e a novilha gorda registrou uma desvalorização, fechando a R$ 210,00/@. Esses valores refletem a pressão contínua sobre os preços devido ao aumento da oferta e às condições desfavoráveis das pastagens.

Preços do boi gordo, de acordo com a Agrifatto

São Paulo — O “boi comum” vale R$215,00 a arroba. O “boi China”, R$225,00. Média de R$220,00. Vaca a R$200,00. Novilha a R$210,00. Escalas de abates de quinze dias;

Minas Gerais — O “boi comum” vale R$195,00 a arroba. O “boi China”, R$200,00. Média de R$197,50. Vaca a R$180,00. Novilha a R$190,00. Escalas de abate de quinze dias;

Mato Grosso do Sul — O “boi comum” vale R$210,00 a arroba. O “boi China”, R$215,00. Média de R$212,50. Vaca a R$190,00. Novilha a R$200,00. Escalas de abate de onze dias;

Mato Grosso — O “boi comum” vale R$200,00 a arroba. O “boi China”, R$205,00. Média de R$202,50. Vaca a R$185,00. Novilha a R$195,00. Escalas de abate de onze dias;

Tocantins — O “boi comum” vale R$195,00 a arroba. O “boi China”, R$200,00. Média de R$197,50. Vaca a R$175,00. Novilha a R$180,00. Escalas de abate de catorze dias;

Pará — O “boi comum” vale R$195,00 a arroba. O “boi China”, R$200,00. Média de R$197,50. Vaca a R$175,00. Novilha a R$180,00. Escalas de abate de dezenove dias;

Goiás — O “boi comum” vale R$195,00 a arroba. O “boi China/Europa”, R$200,00. Média de R$197,50. Vaca a R$180,00. Novilha a R$190,00. Escalas de abate de quinze dias;

Rondônia — O boi vale R$185,00 a arroba. Vaca a R$170,00. Novilha a R$175,00. Escalas de abate de catorze dias;

Maranhão — O boi vale R$195,00 por arroba. Vaca a R$175,00. Novilha a R$175,00. Escalas de abate de doze dias;

Paraná — O boi vale R$210,00 por arroba. Vaca a R$190,00. Novilha a R$200,00. Escalas de abate de doze dias.

Mercado atacadista

No mercado atacadista, há alguma perspectiva de alta devido à entrada dos salários, mas a recuperação dos preços da arroba do boi gordo parece improvável no curto prazo. Os preços dos cortes permanecem estáveis, com o quarto traseiro a R$ 17 por quilo, e tanto o quarto dianteiro quanto a ponta de agulha a R$ 12,50 por quilo.

Entendendo a medida provisória

O Governo Federal publicou na última terça-feira (4) a Medida Provisória nº 1.227, que, segundo o Ministério da Fazenda, tem como objetivo corrigir distorções no sistema tributário sem aumentar impostos ou alíquotas. No entanto, especialistas e juristas apontam que a MP eleva a carga fiscal e impõe restrições significativas, impactando diretamente setores exportadores, como café, laranjas, carne suína, aves e carne bovina. A medida prevê a limitação da compensação de créditos de tributos administrados pela Receita Federal, além de revogar hipóteses de ressarcimento e compensação de créditos presumidos de PIS/Pasep e Cofins.

A MP 1.227 é projetada para gerar R$ 29,2 bilhões em receitas para 2024, com R$ 17,5 bilhões provenientes da compensação de créditos e R$ 11,5 bilhões de créditos presumidos. Contudo, entidades como a Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) criticam a medida, afirmando que ela viola princípios constitucionais como a imunidade das exportações e o princípio da não-cumulatividade. A ABAG destaca que as novas regras impõem um perfil confiscatório, aumentando custos e reduzindo a rentabilidade do setor agropecuário, essencial para a segurança alimentar global e o desenvolvimento econômico do Brasil.

O advogado tributarista Fábio Pallaretti Calcini reforça que a MP traz impactos negativos para vários setores, considerando-a inconstitucional por desrespeitar a determinação da imunidade às exportações e tornar o regime de PIS/Cofins cumulativo. Além disso, a medida cria novas obrigações acessórias desproporcionais, afetando o planejamento financeiro das empresas e aumentando a insegurança jurídica. As mudanças na desoneração da folha de pagamento, que serão graduais a partir de 2025, contrastam com as restrições imediatas e permanentes sobre o uso de créditos de PIS/Cofins, exacerbando os desafios enfrentados pelos empresários.

Possíveis impactos para frigoríficos e produtores

A Medida Provisória nº 1.227 traz impactos substanciais para os frigoríficos e produtores rurais. Para os frigoríficos, a restrição na compensação de créditos presumidos de PIS/Pasep e Cofins eleva os custos operacionais, pressionando as margens de lucro e reduzindo a competitividade, especialmente no mercado internacional. Esses custos adicionais podem ser repassados aos consumidores, tanto domésticos quanto internacionais, prejudicando as exportações brasileiras de carne suína, aves e bovina. A necessidade de reavaliação de estratégias de negócios devido ao aumento da carga tributária pode tornar o setor menos eficiente e competitivo.

Os produtores rurais também sentirão os efeitos negativos da MP 1.227. A elevação da carga tributária sobre os frigoríficos pode resultar em menores preços pagos pela arroba do boi gordo, afetando diretamente a rentabilidade. Além disso, a incerteza sobre as políticas fiscais desestimula novos investimentos, crucial para a manutenção da produção e produtividade no setor.

Escrito por Compre Rural.

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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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