“A situação tende a se complicar ainda mais ao longo do segundo trimestre, com o desgaste das pastagens e a perda de capacidade de retenção por parte dos pecuaristas, levando ao auge da safra do boi gordo”; confira as cotações e perspectivas
O mercado físico do boi gordo apresentou oscilações significativas ao longo da semana, marcado por uma mistura de fatores internos e externos que influenciaram as cotações. De acordo com análises da Safras & Mercado e da Agrifatto, a pressão por oferta em alguns estados contrastou com a demanda aquecida, especialmente no âmbito das exportações.
Segundo Fernando Iglesias, analista da Safras & Mercado, a semana começou com uma euforia impulsionada pelas novas habilitações para o mercado chinês, resultando em altas nos preços futuros do boi gordo. No entanto, o mercado logo viu a retomada da pressão por oferta, com indústrias mantendo escalas de abates confortáveis e testando patamares mais baixos de preço em estados como São Paulo e Minas Gerais.
“A situação tende a se complicar ainda mais ao longo do segundo trimestre, com o desgaste das pastagens e a perda de capacidade de retenção por parte dos pecuaristas, levando ao auge da safra do boi gordo“, avalia Iglesias.
Os frigoríficos brasileiros continuaram adquirindo lotes de boiadas gordas “da mão para a boca” -estratégia que busca reduzir os valores da arroba -, relata a Agrifatto. Do outro lado do balcão, continua a consultoria, os pecuaristas resistem à pressão e optaram por negociar pequenos lotes, apenas o suficiente para cobrir as despesas básicas da atividade e equilibrar os custos de produção.
Preços do boi gordo
São Paulo — O “boi comum” vale R$220,00 a arroba. O “boi China”, R$240,00. Média de R$230,00. Vaca a R$205,00. Novilha a R$220,00. Escalas de abates de onze dias;
Minas Gerais — O “boi comum” vale R$210,00 a arroba. O “boi China”, R$220,00. Média de R$215,00. Vaca a R$190,00. Novilha a R$200,00. Escalas de abate de onze dias;
Mato Grosso do Sul — O “boi comum” vale R$210,00 a arroba. O “boi China”, R$220,00. Média de R$215,00. Vaca a R$195,00. Novilha a R$205,00. Escalas de abate de nove dias;
Mato Grosso — O “boi comum” vale R$205,00 a arroba. O “boi China”, R$215,00. Média de R$210,00. Vaca a R$190,00. Novilha a R$195,00. Escalas de abate de sete dias;
Tocantins — O “boi comum” vale R$205,00 a arroba. O “boi China”, R$215,00. Média de R$210,00. Vaca a R$185,00. Novilha a R$190,00. Escalas de abate de onze dias;
Pará — O “boi comum” vale R$205,00 a arroba. O “boi China”, R$215,00. Média de R$210,00. Vaca a R$185,00. Novilha a R$190,00. Escalas de abate de treze dias;
Goiás — O “boi comum” vale R$210,00 a arroba. O “boi China/Europa”, R$220,00. Média de R$215,00. Vaca a R$190,00. Novilha a R$200,00. Escalas de abate de dez dias; Rondônia — O boi vale R$190,00 a arroba. Vaca a R$180,00. Novilha a R$180,00. Escalas de abate de onze dias;
Maranhão — O boi vale R$205,00 por arroba. Vaca a R$185,00. Novilha a R$190,00. Escalas de abate de onze dias;
Paraná — O boi vale R$220,00 por arroba. Vaca a R$200,00. Novilha a R$205,00. Escalas de abate de sete dias.
A Scot Consultoria também apurou estabilidade nas praças paulistas, tanto para o boi gordo quanto para as demais categorias de animais terminados. “No curto prazo, com mais compradores buscando pelo “boi- China”, a perspectiva é de que os preços da arroba fiquem firmes e que ocorra um aumento momentâneo do ágio em relação ao boi comum”, analisa Fabbri, analista da Scot.
Na avaliação da S&P Global Commodity Insight, neste momento, há uma maior atividade por parte das indústrias frigoríficas exportadoras, enquanto os produtores optam por uma retração parcial na oferta. Com isso, reforça a consultoria, os preços da arroba permaneceram relativamente estáveis nas principais regiões produtoras, com oscilações pontuais.
“A habilitação de mais 24 abatedouros brasileiros por parte do governo chinês alimentou expectativa de uma maior movimentação no mercado brasileiro do boi gordo, com destaque para os negócios envolvendo lotes de “boi-China” (abatidos mais jovens, com até 30 meses de idade)”, afirmam os analistas da S&P Global.
Além das análises e perspectivas apresentadas anteriormente, é importante destacar o desempenho do Indicador do Boi Gordo CEPEA/B3, que registrou um valor de R$ 231,50. No entanto, observou-se uma variação diária negativa de -0,90% e uma variação mensal de -1,66%. Em termos de dólar, o valor corresponde a US$ 46,35.
Mercado atacadista
Durante a semana, o mercado atacadista de carne bovina experimentou uma oscilação de preços. O quarto traseiro foi precificado a R$ 18,30 por quilo, registrando uma queda de 1,08% em relação à semana anterior, enquanto o quarto dianteiro apresentou uma alta de 7,69%, subindo de R$ 13 para R$ 14 por quilo. Essas variações refletem as dinâmicas do mercado, com diferentes cortes respondendo de maneiras distintas às pressões da oferta e da demanda, como destacado pelo analista Fernando Iglesias.
Exportações
As exportações de carne bovina continuaram em destaque, com o Brasil caminhando para um novo recorde histórico. Em março, até o momento, foram exportadas 50,6 mil toneladas de carne bovina in natura, representando um crescimento de 56% na média diária em comparação com o mesmo período do ano anterior. Em termos de valores, as exportações renderam US$ 227,808 milhões, com um preço médio por tonelada de US$ 4.501,10. Apesar do aumento significativo na quantidade exportada, houve uma desvalorização de 6,4% no preço médio por tonelada em relação a março do ano anterior, conforme dados divulgados pela Secretaria de Comércio Exterior. Esses números refletem a robustez da demanda internacional pela carne bovina brasileira, impulsionada por fatores como a abertura de novos mercados e a reputação do Brasil como um fornecedor confiável de carne de qualidade.
Escrito por Compre Rural.
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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