Boi gordo recua R$ 17,00/@ em setembro e da prejuízo

Se o produtor vender gado agora, vai tomar prejuízo na certa. Se segurar mais tempo os animais acabados, o prejuízo pode acabar sendo duplo!

O mercado físico do boi gordo voltou a registrar preços predominantemente mais baixos nesta sexta-feira, 1, em todas as praças pecuárias avaliadas pelo país. Ainda pautado pela ausência da alternativa de exportar para a China, o mercado exigiu alteração na estratégia dos frigoríficos, que passaram a pressionar os pecuaristas com mais ênfase por preços abaixo da referência para a matéria prima no campo.

A situação se complica com os quase 30 dias de paralisação das exportações de carne bovina à China, depois dos dois casos de vaca louca atípica em Minas e Mato Grosso. E até dia 7 não deverá se ter nenhuma novidade, já que o feriadão chinês, em comemoração à instauração do comunismo, para tudo.

Após a queda R$7,00/@ ao longo da semana para o boi gordo, boa parte das indústrias estão fora das compras já com escalas de abate prontas para atender à demanda doméstica com a virada de mês. No acumulado de setembro, a cotação do boi gordo caiu R$17,00/@, para vaca gorda o recuo foi de R$14,50/@ e para novilha gorda a queda foi de R$14,00/@, segundo os dados da Scot Consultoria.

Vale ressaltar que os frigoríficos exportadores seguem aguardando um posicionamento do nosso maior comprador, a China. Além disso, o gigante asiático está em feriado nacional, iniciado hoje (1/10), que se estenderá até 7/10, ou seja, até lá o mercado segue em expectativa.

Em São Paulo, o valor médio para o animal terminado apresentou uma média geral a R$ 288,85/@, na sexta-feira (01/10), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 283,84/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 287,62/@.

No acumulado de setembro (até o dia 30), o Indicador CEPEA/B3 do boi gordo registra baixa de R$ 21,15/@ nos últimos 30 dias de avaliação do Indicador. Trata-se da variação negativa mensal mais intensa desde janeiro de 2020, quando a queda no acumulado foi de 7,8%. O fechamento de sexta-feira deixou o valor apregoado em R$ 292,25/@.

Se o produtor vender gado agora, vai tomar prejuízo na certa

Não tem pasto ainda. Então, tem que levar para o cocho. E os custos se avolumam, com as rações e suplementos. Juca Alves, de Barretos, mandou até vaca parida para o confinamento. O segundo prejuízo vem se são bois castrados. Como lembra o produtor, são animais que atingem mas rápido o peso e depois não tem como segurá-los mais sem perder dinheiro.

E se são bois inteiros, melhor se forem jovens, porque o ritmo de crescimento fica alinhado com o manejo no curral. Mas se for gado mais velho, também vai se desvalorizando. “O jeito daqui para frente vai ser trabalhar bem a reposição”, diz Alves, complementando que esse período está sendo um dos mais desafiadores para a pecuária.

Expectativa frustrada

Ao longo desta semana, cresceram as apostas de que haveria, nesta sexta-feira, uma posição oficial do governo da China, confirmando a retomada dos embarques de carne bovina ao país asiático, disparado o maior cliente mundial da commodity brasileira.

Tal aposta levava em consideração o histórico recente envolvendo o registro de um caso atípico de vaca louca no Mato Grosso, em 2019.

Na próxima semana, devido a um feriado prolongado na China que vai dificultar uma resposta das autoridades locais em relação ao esclarecimentos do embargo auto imposto pelo Brasil às exportações para o gigante asiático devido aos casos de vaca louca registrados em setembro, a expectativa é que os frigoríficos sigam exercendo pressão, considerando ainda o cenário do mercado doméstico, que não consegue absorver um animal custando na faixa de 300 reais por arroba.

Escalas avançam enquanto a arroba recua

As escalas encerram a semana se alongando, a média nacional se encontra com 8 dias de abates programados, um dia útil a mais que a semana passada. Veja:

  • Em São Paulo, as indústrias fecharam a sexta-feira com 10 dias úteis já programados, avançando 2 dias no comparativo semanal.
  • Em Goiás, os abates estão programados para 12 dias úteis, um aumento de 3 dias no comparativo semanal.
  • Os frigoríficos mineiros encerraram a sexta-feira com as escalas avançando 2 dias em comparação a semana passada, na casa dos 10 dias úteis já preenchidos.
  • Em Tocantins, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul as indústrias fecharam a semana com 7 dias úteis programados.

Giro do Boi Gordo pelo Brasil

  • Com isso, em São Paulo, Capital, a referência para a arroba do boi ficou em R$ 290 na modalidade à prazo.
  • Em Goiânia (GO), a arroba caiu de R$ 280 para R$ 275.
  • Em Dourados (MS), a arroba foi indicada em R$ 284, contra R$ 292.
  • Em Cuiabá, o valor da arroba ficou em R$ 280, contra R$ 282.
  • Em Uberaba, Minas Gerais, preços a R$ 287 a arroba, contra R$ 293 a arroba ontem.

Atacado

Já os preços da carne bovina ficaram estáveis no atacado. Há pouco espaço para altas, mesmo durante a primeira quinzena do mês, período habitualmente marcado por aceleração na reposição entre as cadeias com a entrada da massa salarial e o consequente crescimento do consumo.

Com isso, o quarto traseiro ainda é precificado a R$ 21,25 por quilo. Quarto dianteiro ainda é cotado a R$ 15,80 por quilo. Ponta de agulha segue precificada a R$ 15,70 por quilo.

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