Boi gordo pós-Carnaval vê pressão do “bloquinho dos frigoríficos”, mas expectativa é de alta

O “bloquinho dos frigoríficos” segue tentando pressionar os preços para baixo, mas a demanda interna e os ajustes no mercado internacional poderão influenciar a direção dos valores da arroba do boi gordo nas próximas semanas.

O mercado físico do boi gordo iniciou o mês de março sob pressão dos frigoríficos, que tentam comprar a arroba abaixo das referências médias, especialmente em São Paulo. O retorno do feriado veio acompanhado de uma movimentação intensa nas negociações – pressão de baixa nos preços, refletindo o impacto de notícias recentes no setor.

Um dos fatores que tem influenciado o mercado é a suspensão temporária de três frigoríficos brasileiros pela China. Segundo analistas, essa medida não deve ter efeitos duradouros e deve ser solucionada rapidamente. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) informou que recebeu o comunicado da Administração-Geral de Aduanas da China (GACC) sobre a interrupção das importações dessas unidades.

Para o analista da Safras & Mercado, Fernando Henrique Iglesias, os pecuaristas devem estar atentos à correta utilização de fármacos veterinários, evitando novos embargos. Além disso, ele destaca a estratégia chinesa de pressão para reduzir os preços da carne bovina no mercado internacional.

O ministro do Mapa, Carlos Fávaro, reforçou que as exportações brasileiras para a China são vantajosas para o mercado interno, pois os cortes exportados têm baixa demanda nacional, ajudando a equilibrar os preços internos.

Cenário de preços do boi gordo

Mesmo com essa instabilidade, os preços do boi gordo variam conforme a região. Os valores médios da arroba a prazo são:

  • São Paulo: R$ 306,75
  • Goiás: R$ 290,36
  • Minas Gerais: R$ 302,65
  • Mato Grosso do Sul: R$ 298,30
  • Mato Grosso: R$ 295,95

O mercado segue pressionado por uma oferta ainda expressiva de fêmeas para abate, principalmente na Região Norte, o que contribui para a queda nos preços.

Mercado atacadista e consumo interno

No mercado atacadista, houve uma moderada alta nos preços. Segundo Iglesias, há espaço para novos reajustes na primeira quinzena de março, impulsionados pelo aumento do consumo com a entrada dos salários. No entanto, o comportamento dos consumidores ainda está focado em proteínas mais acessíveis, como carne de frango, embutidos e ovos.

Câmbio e impacto nos custos

O dólar comercial registrou queda de 2,70%, fechando a sessão a R$ 5,7555 para venda e R$ 5,7535 para compra. Durante o dia, a moeda norte-americana oscilou entre R$ 5,7520 e R$ 5,8468. A desvalorização do dólar pode influenciar a rentabilidade das exportações e a composição dos custos de produção no mercado interno.

Perspectivas para o mercado do boi gordo

A dinâmica do mercado bovino para os próximos dias dependerá do ritmo de escoamento da carne bovina no varejo e da resolução da suspensão de frigoríficos pela China. O “bloquinho dos frigoríficos” segue tentando pressionar os preços para baixo, mas a demanda interna e os ajustes no mercado internacional poderão influenciar a direção dos valores da arroba nas próximas semanas.

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