Boi gordo já vale R$ 260/@ e preços devem continuar em disparada

Vai bater R$ 300/@ ainda esse ano? As consultorias do setor esperam que os preços da arroba do boi gordo continuem subindo no curto e médio prazo, devido ao otimismo atual.

O mercado físico do boi gordo tem mantido uma tendência de alta, refletindo o atual cenário de dificuldade na oferta de animais e escalas de abate mais curtas. As consultorias que monitoram o setor pecuário brasileiro diariamente apontam que, nas últimas semanas, houve uma forte valorização da arroba, tanto no mercado físico quanto nos contratos futuros da B3, seguindo a tendência de alta que se mantém.

Segundo Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado, esse movimento de valorização ocorre devido à escassez de oferta, mesmo para grandes indústrias que utilizam contratos a termo. “As indústrias estão sendo forçadas a pagar mais pela arroba, impulsionadas pela menor disponibilidade de animais”, explica Iglesias.

De acordo com os analistas da Scot Consultoria, as escalas de abate mais curtas, a oferta reduzida de boiadas gordas e a demanda aquecida indicam que novos reajustes positivos na arroba podem ocorrer em breve. “A oferta limitada e o escoamento constante da carne bovina estão sustentando os preços, com possíveis ajustes a curto prazo”, destaca a consultoria.

Na praça paulista, o mercado do boi gordo fechou a sexta-feira (13/9) com preços estáveis após uma semana de altas, subindo de R$ 245/@ para R$ 255/@. Outras categorias terminadas também se mantiveram estáveis, com a novilha gorda a R$ 245/@, a vaca gorda a R$ 230/@. Já o boi-China – animal jovem e abatido com até 30 meses de idade com destino ao mercado de exportação – a R$ 260/@, conforme dados da Scot Consultoria.

Além disso, a demanda segue aquecida tanto no mercado interno quanto nas exportações, que continuam quebrando recordes. As expectativas para o último bimestre do ano são otimistas, com o mercado doméstico impulsionando ainda mais os preços.

Atualmente, a arroba do boi gordo registra os seguintes valores:

  • São Paulo: R$ 256/@
  • Goiás: R$ 247/@
  • Minas Gerais: R$ 249/@
  • Mato Grosso do Sul: R$ 259/@
  • Mato Grosso: R$ 226/@

Conforme análises da Agrifatto, o mercado do boi gordo permanece estável, com expectativas de novas valorizações no médio prazo, principalmente devido à demanda robusta e à limitada oferta de animais terminados.

“O mercado segue em ‘céu de brigadeiro’, impulsionado pelo aquecimento das exportações e do varejo doméstico”, comenta a consultoria. No entanto, o clima seco e as queimadas continuam sendo fatores de preocupação para a recuperação dos pastos, o que pode pressionar ainda mais os preços nas próximas semanas.

O cenário climático adverso, como apontado pela S&P Global Commodity Insight, reforça essa pressão sobre os preços, uma vez que a escassez de pastos reduz a oferta de bois de campo, aumentando a dependência dos confinamentos. Até a chegada das chuvas, espera-se que o mercado continue reagindo a essa limitação na reposição de animais.

exportações de carne bovina
Foto Divulgação

Exportações de carne bovina impulsionam mercado do boi gordo

As exportações totais de carne bovina em agosto (produtos processados + carne in natura) superaram as 300 mil toneladas num único mês, informou a Associação Brasileira de Frigoríficos (ABRAFRIGO), que compilou os dados da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Em agosto, o país movimentou 301.951 toneladas, um recorde histórico no setor, num crescimento de 31,5% em relação às 229.668 toneladas comercializadas em agosto de 2023. A receita cresceu 16,7% no mês, passando de US$ 961,8 milhões no ano passado para US$ 1,122 bilhão em 2024. Os preços médios negociados, no entanto, continuam inferiores em relação ao ano anterior: em agosto de 2023 eles foram de US$ 4.187 por tonelada, enquanto em 2024 caíram para US$ 3.716 por tonelada.

Atacado e dólar

No mercado atacadista, os preços permaneceram estáveis na última sexta-feira, mas há expectativa de novas altas no curto prazo, especialmente devido ao aumento do consumo durante a primeira quinzena do mês. Entretanto, a carne bovina enfrenta a concorrência de outras proteínas, como a carne de frango, que é mais acessível. O quarto traseiro segue cotado a R$ 19,50/kg, enquanto o quarto dianteiro está a R$ 14,75/kg, e a ponta de agulha a R$ 15,00/kg.

A desvalorização do dólar também tem impactado o mercado. Na última semana, o dólar comercial fechou em queda de 0,90%, sendo cotado a R$ 5,5662 para venda. Essa queda contribui para a manutenção das exportações em patamares elevados, favorecendo o escoamento da carne bovina para o exterior.

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