Os sinais de uma inversão na tendência de preços se concretiza de forma mais clara no mercado do boi gordo, com as escalas de abate mais curtas impulsionando negociações em patamares mais altos
O mercado físico do boi gordo dá sinais mais claros de uma inversão na tendência de preços, com as escalas de abate mais curtas impulsionando negociações em patamares mais altos nas praças pecuárias dos estados de São Paulo, Rondônia e Goiás.
De acordo com Fernando Henrique Iglesias, consultor da Safras & Mercado, o escoamento da carne se mostrou positivo na primeira quinzena do mês, refletindo na elevação dos preços no atacado. Além disso, a dinâmica das exportações segue favorável, com o Brasil mantendo um bom ritmo de embarques. As tensões comerciais entre Estados Unidos e China podem abrir novas oportunidades para o mercado brasileiro.
Preços médios da arroba do boi gordo (a prazo)
- São Paulo: R$ 310,83 (anterior: R$ 309,08)
- Goiás: R$ 294,11 (anterior: R$ 290,18)
- Minas Gerais: R$ 290,29 (anterior: R$ 294,71)
- Mato Grosso do Sul: R$ 294,32 (anterior: R$ 293,30)
- Mato Grosso: R$ 299,16 (anterior: R$ 298,50)
Exportações impulsionam setor
O setor de vendas externas continua sendo um canal importante de escoamento, evitando quedas mais acentuadas nos preços do boi gordo. O zootecnista Ygor Maggiori, da Scot Consultoria, afirma que o mercado pecuário ainda sofre pressão devido à oferta de boiadas elevada, influenciada pelo descarte de fêmeas não emprenhadas e um escoamento de carne abaixo do esperado no mercado interno.
Apesar disso, as exportações seguem em bons patamares. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicam que, até a primeira semana de março/25, a média diária de embarques de carne bovina in natura ficou 142,7% acima do mesmo período de 2024.
Mercado futuro e projeções
No mercado futuro, o contrato para maio/25 fechou a R$ 309/@ na B3, registrando valorização de 2,52% em relação ao pregão anterior.
A consultoria Agrifatto aponta que, apesar da pressão baixista nos preços das fêmeas, o mercado do boi gordo tem mantido estabilidade. No levantamento de quinta-feira (13/3), das 17 praças acompanhadas, 14 mantiveram suas cotações estáveis e apenas 3 apresentaram desvalorização (AL, BA e ES).
Desempenho no varejo e atacado
A Agrifatto informa que os frigoríficos estão embarcando mercadorias sem destino definido, para liberar espaço nas câmaras frias. Além disso, atrasos nas descargas resultaram em um pequeno volume de carnes paradas nos distribuidores.
Os analistas relatam que o consumo doméstico de carne bovina tende a se retrair na segunda quinzena do mês, o que impacta os preços:
- Quarto traseiro: R$ 25,00/kg (+R$ 0,50)
- Dianteiro: R$ 18,50/kg (+R$ 0,50)
- Ponta de agulha: R$ 17,00/kg (estável)
Câmbio
O dólar comercial encerrou a sessão em queda de 0,19%, cotado a R$ 5,7972 para venda e R$ 5,7952 para compra, oscilando entre R$ 5,7912 e R$ 5,8353 ao longo do dia.
O mercado do boi gordo encerra a semana com sinais positivos, impulsionado pelo bom ritmo das exportações e pela menor oferta de animais para abate. No entanto, a demanda interna segue desaquecida, o que pode limitar novas valorizações nos preços da carne no atacado e varejo. A atenção segue voltada para o comportamento da China e dos EUA, que podem influenciar ainda mais as negociações internacionais.
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