Cenário de alta também no mercado físico do boi gordo que, nos últimos dias, teve uma reação positiva nos preços; Já o mercado futuro decolou com maior intensidade e mostra ao pecuarista que é hora de preparar a boiada.
A pecuária nacional viveu momentos de incertezas e uma das maiores desvalorizações dos preços da arroba dos animais para abate. Entretanto, o mês de setembro parece ter trazido novos ares para os pecuaristas que, na última semana viu uma mudança no cenário dos preços, seja no físico ou no futuro. Na primeira quinzena do mês, os contratos futuros do boi gordo com vencimentos em outubro, novembro e dezembro de 2023 subiram R$ 26,60/@ (13,35%), R$ 24,25/@ (11,8%) e R$ 19/@ (9%), respectivamente, para R$ 225,90, R$ 228,60 e R$ 229,45 – considerando a cotação em 15/09 na Bolsa B3.
Se for considerar o valor do contrato no dia 04 de setembro, o contrato para outubro estava cotado a R$ 206,80/@, mas fechou a segunda-feira, 18, cotado a R$ 234,55/@. Essa valorização representa uma alta de R$ 27,75/@ (13,41%), mostrando que o mercado enxerga uma menor oferta de animais para abate neste período, o que traz maior pressão positiva nos preços dos contratos.
Conforme apontou o zootecnista e sócio da Radar Investimento, Douglas Coelho, as cotações dos contratos futuros estão ganhando maior tração e trabalham acima de R$ 225,00/@, após longo período abaixo dos R$ 200/@. Conforme observado pelas consultorias que acompanham o mercado, no mercado futuro, os dias têm sido mais agitados.
A ferramenta de seguro de preço mínimo, conhecida como put no mercado financeiro, vem crescendo entre os pecuaristas e agentes do mercado financeiro pecuário, que utilizam a ferramenta para proteger seus custos de produção e, em alguns casos, garantir uma margem mínima de lucro. Esse modelo de planejamento pode, em casos de distorção maior do mercado, garantir a sobrevivência da fazenda na atividade.
De acordo com Iglesias, o mercado permanece cheio de expectativas, especialmente em relação à demanda de carne bovina ao longo do último trimestre. Isso ocorre devido à manutenção de um sólido volume de exportação e ao pico do consumo no mercado interno.
Além disso, prevê-se um menor confinamento durante esse período devido a uma curva de preços futuros desestimulante nos meses de julho e agosto, conforme apontado pelo analista. Segundo a Agrifatto, na B3, os futuros tiveram movimentações positivas para todos os contratos deste ano, e o vencimento para out/23 ficou precificado a R$234,65/@, com incremento de 3,87% na comparação feita dia-a-dia.
Mercado físico também em valorização
O mercado físico do boi gordo continua a mostrar preços firmes, com negociações acima da média em algumas regiões de produção e comercialização. Apesar do aumento nos preços por arroba, a indústria frigorífica ainda enfrenta escalas de abate reduzidas, principalmente em Mato Grosso do Sul e São Paulo, conforme observado pelo analista e consultor Fernando Henrique Iglesias, da Safras & Mercado.
As cotações do boi gordo e do “boi China” – animais jovens abatidos com até 30 meses de idade – subiram R$5,00/@. A cotação da vaca gorda teve alta de R$3,00/@, enquanto a da novilha ficou estável em relação à sexta-feira (15/9).
O Indicador do Boi Gordo Cepea/B3, também aponta para um cenário mais otimista em relação aos preços do boi gordo, com as cotações acumulando uma valorização mensal de 7,56%. Dessa forma, os preços seguem valendo R$ 214,90/@, conforme a imagem do gráfico abaixo.
Diferentemente das condições normais de uma segunda-feira, marcada pela fraca liquidez e sinalizações limitadas de preços, verificou-se que o início da semana repercutiu o cenário de oferta enxuta e escalas de abate encurtadas, ressalta a S&P Global.
Cenário de esgotamento da oferta de bovinos para abate está favorecendo os movimentos de recuperação nas cotações
Em contraste com uma típica segunda-feira, que geralmente é específica por baixa liquidez e limitações de preços limitados, observa-se que o começo da semana foi influenciado por uma oferta restrita e cronogramas de abate restritos, com destaque para a S&P Global.
Giro do boi gordo pelo Brasil
- São Paulo: R$ 213 por arroba.
- Goiânia: R$ 200 por arroba.
- Uberaba: R$ 203 por arroba.
- Dourados: R$ 222 por arroba.
- Cuiabá: R$ 178 por arroba.
Exportação de carne bovina, segundo Agrifatto
A exportação de carne bovina in natura desacelerou e fechou a segunda semana de set/23 com um forte recuo de 39,68% no comparativo semanal e com média diária de 9,03 mil toneladas, o maior recuo em volume exportação entre a primeira e segunda semana do mês desde nov/22, com esse resultado, a nossa estimativa de exportações para set/23 foi reduzida para 206 mil toneladas. Já o preço médio da proteína bovina, ficou em US$ 4,50 mil/t, apresentando uma valorização semanal de 0,34%, dando sinais de que o “fundo” para as cotações internacionais da carne bovina podem ter sido atingido.
Mercado atacadista do boi gordo
O mercado atacadista iniciou a semana com aumentos nos preços da carne bovina. Segundo Iglesias, espera-se que haja menor propensão a reajustes durante a segunda metade do mês, devido a uma menor demanda. No comparativo semana a semana, os preços no mercado atacadista de carne com osso subiram, com exceção do dianteiro.
Os preços no atacado ficaram da seguinte forma:
- Quarto dianteiro: R$ 12,50 por quilo, com um aumento de R$ 0,15.
- Quarto traseiro: R$ 16,15 por quilo, com um aumento de R$ 0,05.
- Ponta de agulha: R$ 12,70 por quilo, com um aumento de R$ 0,10.
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