Boi gordo: China suspende três frigoríficos e oferta de fêmeas pressiona mercado

Além da notícia que pegou o mercado de surpresa nesta segunda-feira com a suspensão de plantas frigoríficas brasileiras pelos chineses, outro fator que tem pressionado negativamente o mercado do boi gordo é o aumento da oferta de fêmeas.

A China determinou a suspensão temporária da importação de carne bovina de três frigoríficos brasileiros. A decisão, que entra em vigor nesta segunda-feira (3), atinge uma unidade da JBS em Mozarlândia (GO), uma da Frisa em Nanuque (MG) e uma da Bon Mart em Presidente Prudente (SP). A suspensão chinesa e o atual cenário de oferta interna serão fatores cruciais para definir os rumos do mercado do boi gordo nas próximas semanas.

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) confirmou a medida, que ocorre após auditorias remotas realizadas pela Administração-Geral de Aduanas da China (GACC) em plantas do Brasil, Argentina, Uruguai e Mongólia. Conforme a entidade, foram identificadas não conformidades nos estabelecimentos, o que motivou a decisão chinesa.

Apesar da suspensão, a Abiec ressaltou que as demais unidades habilitadas seguem exportando normalmente, assegurando o fluxo de carne bovina para o mercado chinês. A associação, em conjunto com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), segue dialogando com as autoridades chinesas para solucionar a situação o mais rápido possível.

Impacto no mercado interno: alta oferta de fêmeas pesa sobre os preços

No mercado doméstico, o setor de bovinos enfrenta uma grande oferta de fêmeas para abate, especialmente na Região Norte, onde os preços estão mais atrativos. A expectativa é de que a primeira quinzena de março seja determinante para avaliar o escoamento da carne bovina e o comportamento do mercado.

Segundo analistas, caso o ritmo das negociações se mantenha lento, isso pode levar ao encurtamento das escalas de abate, aumentando a necessidade de compras da indústria frigorífica. Por outro lado, se a demanda interna e externa reagir, pode haver um alívio na pressão sobre os preços.

Cotações do boi gordo (a prazo):

  • São Paulo: R$ 313,67 (R$ 313,17 ontem)
  • Goiás: R$ 294,64 (R$ 295,18)
  • Minas Gerais: R$ 304,12 (R$ 304,71)
  • Mato Grosso do Sul: R$ 302,05 (R$ 302,39)
  • Mato Grosso: R$ 300,38 (R$ 300,88)

Mercado atacadista segue estável

No atacado, os preços da carne bovina seguem acomodados, com expectativas de um leve aumento no consumo durante a primeira quinzena do mês. No entanto, especialistas alertam que não há espaço para grandes altas, dado que muitos consumidores estão priorizando proteínas mais acessíveis, como carne de frango, embutidos e ovos.

  • Quarto traseiro: R$ 23,80/kg
  • Quarto dianteiro: R$ 17,00/kg
  • Ponta de agulha: R$ 17,00/kg

Dólar em alta influencia custos do setor

O dólar comercial encerrou a sessão em alta de 0,56%, sendo negociado a R$ 5,8291 para venda e R$ 5,8271 para compra. Durante o dia, a moeda oscilou entre a mínima de R$ 5,7960 e a máxima de R$ 5,8365. Essa valorização pode pressionar os custos da indústria frigorífica e impactar as exportações.

A suspensão chinesa e o atual cenário de oferta interna serão fatores cruciais para definir os rumos do mercado do boi gordo nas próximas semanas.

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