Os valores médios do boi gordo caíram de R$ 351,95/@ em 29/11 para R$ 323,90/@ em 05/12, acumulando uma queda de R$ 28,05/@ em menos de uma semana. Maior disponibilidade de animais terminados a preços baixos aumentou o volume negociado e trouxe conforto às escalas de abate.
O mercado do boi gordo enfrenta uma forte desvalorização nas cotações, refletindo um cenário de maior oferta de animais e demanda interna enfraquecida. A combinação desses fatores tem gerado quedas expressivas nos preços, o que coloca os pecuaristas em uma encruzilhada: vender agora ou aguardar uma recuperação no mercado.
Assim, houve mudança drástica no comportamento de compra de gado. “Soma-se a isso os problemas de demanda no mercado doméstico, que já não consegue mais acompanhar reajustes dos preços da carne bovina, com a população optando por proteínas mais acessíveis, a exemplo da carne de frango”, disse o analista Fernando Henrique Iglesias, da consultoria Safras & Mercado.
Queda nas cotações: Dados atualizados do CEPEA/B3
De acordo com o indicador CEPEA/B3, a arroba do boi gordo sofreu uma redução significativa nos últimos dias. Os valores caíram de R$ 351,95/@ em 29/11 para R$ 323,90/@ em 05/12, acumulando uma queda de R$ 28,05/@ em menos de uma semana. A desvalorização percentual no período foi de -7,97%. Em dólares, a cotação também recuou, chegando a US$ 53,97/@ no último dia.
Detalhamento diário dos preços:
- 29/11/2024: R$ 351,95/@
- 02/12/2024: R$ 351,80/@ (-0,04%)
- 03/12/2024: R$ 336,40/@ (-4,38%)
- 04/12/2024: R$ 332,35/@ (-1,20%)
- 05/12/2024: R$ 323,90/@ (-2,54%)
Essa sequência de quedas mostra a forte pressão do mercado sobre os preços, impactando diretamente a rentabilidade dos pecuaristas.
O que está causando as quedas?
1. Aumento na oferta de animais terminados: A entrada de animais confinados no mercado aumentou a disponibilidade de gado pronto para abate. Segundo a Safras & Mercado, esse movimento alongou as escalas de abate nos frigoríficos, reduzindo a urgência na compra de boiadas.
2. Demanda interna enfraquecida: A população brasileira, impactada pela perda de poder aquisitivo, continua optando por proteínas mais acessíveis, como frango e suínos. Isso dificulta o repasse de reajustes ao longo da cadeia produtiva, conforme destacou Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado. Segundo ele, o mercado enfrenta um momento em que o consumidor está cada vez mais restrito, limitando a valorização da carne bovina.
3. Pressão externa: Embora o “boi-China” ainda tenha um pequeno ágio sobre o boi comum, o ritmo das exportações segue contido, com a China demandando menos do que o esperado. De acordo com a Agrifatto, a maior oferta de animais pressionou os preços em 8 das 17 praças monitoradas, com destaques para quedas expressivas em Estados como Goiás, Mato Grosso e Rondônia.
Impactos no mercado físico do boi gordo e no atacado
A Agrifatto ressaltou que a maior disponibilidade de animais terminados a preços baixos aumentou o volume negociado e trouxe conforto às escalas de abate, que agora estão, em média, em nove dias no cenário nacional. Apesar disso, o mercado de carne bovina ainda enfrenta dificuldades. Os preços dos cortes continuam em queda:
Quarto dianteiro: R$ 20,50/kg Quarto traseiro: R$ 27,00/kg Ponta de agulha: R$ 19,50/kg
No varejo, a movimentação segue regular, mas o ritmo ainda é considerado lento. A expectativa, segundo a Agrifatto, é que o consumo melhore com as festividades de final de ano, o que pode trazer sustentação aos preços.
O que dizem os especialistas?
Segundo a Scot Consultoria, a pressão sobre os preços é resultado do alongamento das escalas de abate e do fraco escoamento da carne. A consultoria destacou que os frigoríficos estão adotando uma postura mais cautelosa nas compras, com parte das indústrias fora do mercado e outras pressionando os preços. Mesmo assim, os analistas esperam uma recuperação pontual nas cotações devido ao aumento do consumo típico das festas de fim de ano.
A Safras & Mercado reforça que a dificuldade em repassar aumentos ao consumidor final reflete a fragilidade do mercado doméstico. Apesar disso, a consultoria acredita que, após o período de festas, o mercado pode entrar em um novo ciclo de valorização, especialmente com o ajuste na oferta de boiadas.
Por outro lado, a Agrifatto observou que o aumento da oferta de animais terminados está impactando negativamente tanto as cotações do boi comum quanto do boi-China, que hoje têm pouca diferença de preço. Além disso, a consultoria destacou que o mercado futuro também enfrenta uma onda de desvalorizações, com o contrato de abril/2025 caindo para R$ 288,30/@.
Hora de vender ou segurar?
Para os pecuaristas, o momento exige cautela. A decisão entre vender ou segurar depende de diversos fatores:
Curtíssimo prazo: As festas de fim de ano devem aumentar a demanda por carne bovina, trazendo uma recuperação pontual nos preços. Longo prazo: O ajuste no ciclo pecuário, com menor oferta de animais no início de 2025, pode gerar uma nova valorização da arroba, tornando mais interessante a retenção dos lotes para quem pode esperar.
A Scot Consultoria destacou que os pecuaristas têm adotado uma postura mais defensiva, realizando vendas de forma compassada e evitando negociações a preços muito baixos. Essa estratégia, combinada com a expectativa de um mercado mais aquecido no final do ano, pode ajudar a limitar as perdas no curto prazo.
Mercado futuro e expectativas para o boi gordo
Os contratos futuros do boi gordo refletem a atual fragilidade do mercado. O contrato com vencimento em abril/2025 apresentou a maior queda diária da última semana, com uma desvalorização de 4,38%, fechando em R$ 288,30/@.
Apesar disso, as consultorias apontam para uma recuperação gradual em 2025, especialmente com a normalização da oferta e uma possível retomada da demanda externa.
O mercado do boi gordo vive um momento desafiador, mas as perspectivas para o futuro trazem algum otimismo. Pecuaristas devem continuar acompanhando os movimentos do mercado e as orientações de especialistas para tomar decisões estratégicas.
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