
O setor bovino enfrenta um momento de volatilidade, com impacto das decisões da China sobre frigoríficos brasileiros e a pressão sobre os contratos futuros, com boi gordo abaixo dos R$ 300/@ na B3.
O mercado do boi gordo segue pressionado, com o contrato para maio de 2025 na B3 registrando R$ 299,55/@, ficando abaixo do patamar de R$ 300/@. O movimento reflete a volatilidade do setor diante das incertezas na demanda e das recentes suspensões de frigoríficos brasileiros pela China.
De acordo com a Agrifatto, o mercado físico do boi gordo encerrou estável, mas com leve pressão negativa sobre os preços. No Paraná, por exemplo, houve uma desvalorização de 0,33%, fechando a R$ 302,50/@. No entanto, o mercado futuro apresentou quedas mais expressivas, refletindo o pessimismo dos investidores. O contrato julho/2025 teve a maior desvalorização do pregão, recuando 0,42% para R$ 308,50/@.
Outro fator que impacta o mercado é a retenção de fêmeas para abate e o aumento na reposição devido às boas vendas de carcaças no atacado paulista. Essa dinâmica reduziu as escalas de abate dos frigoríficos, que agora operam, em média, com 8 dias úteis. Minas Gerais registrou a maior redução, chegando a 10 dias, enquanto Goiás e Pará encurtaram suas escalas para 6 e 7 dias, respectivamente.
Suspensão de frigoríficos pela China: impacto nas exportações
A China anunciou a suspensão temporária das importações de carne bovina de três frigoríficos brasileiros, levando o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) a emitir um comunicado oficial. As plantas suspensas são:
- JBS em Mozarlândia (GO);
- Frisa em Nanuque (MG);
- Bon Mart em Presidente Prudente (SP).
O ministro Carlos Fávaro minimizou o impacto da decisão, ressaltando que o Brasil possui 126 plantas frigoríficas habilitadas para exportação e que a suspensão de apenas três não afeta significativamente a relação comercial com a China. Segundo o ministério, as empresas envolvidas já foram notificadas e estão adotando medidas corretivas para atender às exigências da Administração-Geral de Aduanas da China (GACC).
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) também se manifestou, afirmando que trabalha junto ao governo para garantir a retomada das exportações dessas unidades o mais rápido possível.
Exportação favorece mercado interno
Apesar das preocupações com a suspensão, o ministro Fávaro destacou que as exportações ajudam a sustentar os preços no mercado interno, pois muitos cortes vendidos à China possuem baixo consumo ou menor valor comercial no Brasil. O fluxo de exportação contribui para o equilíbrio do mercado e evita estoques excessivos que poderiam pressionar os preços para baixo.
Expectativa para o mercado futuro do boi gordo
Segundo Eberti Aguiar, consultor da Hedge Agro Consultoria, o impacto imediato no mercado será sentido na abertura dos contratos futuros na quarta-feira (5), com especuladores apostando em queda nos preços na B3.
“Esse mercado deve cair bastante na quarta-feira, e teremos que ver como vai se comportar durante o dia. O primeiro reflexo será nos contratos futuros. Vamos ver como os frigoríficos vão se posicionar no mercado físico, sabendo que tem pouco boi escalado“, afirmou o especialista.
Em Mozarlândia (GO), por exemplo, os embarques seguiram normais mesmo após o comunicado da China. Diante desse cenário, frigoríficos podem reduzir as compras temporariamente para aproveitar a desvalorização do mercado e recompor seus estoques a preços mais baixos.
O comportamento dos pecuaristas também será decisivo. “Quando o mercado cai, o pecuarista tende a segurar os animais, mas também pode acabar alongando as escalas, permitindo que os frigoríficos comprem a preços mais vantajosos”, explicou Aguiar.
O setor bovino enfrenta um momento de volatilidade, com impacto das decisões da China sobre frigoríficos brasileiros e a pressão sobre os contratos futuros da B3. A expectativa é que o mercado apresente ajustes nos próximos dias, conforme os players do setor reavaliam suas estratégias e aguardam novos desdobramentos na relação comercial entre Brasil e China.
O pecuarista deve ficar atento às oscilações do mercado e às decisões dos frigoríficos, que podem influenciar diretamente os preços nos próximos meses.
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