Boi despenca R$ 15,30/@ em apenas 5 dias, pressão alta!

Grandes frigoríficos passaram a se ausentar da compra de gado, apostando em preços ainda mais baixos no curto prazo, pecuarista amarga prejuízo!

O mercado físico de boi gordo registrou, novamente, preços em baixa nesta sexta-feira, 8, em todas as praças pecuárias brasileiras. Como era de se esperar, com a ausência da China, o ritmo de negócios foi mais lento, mas houve novamente registros de transações ocorrendo até mesmo abaixo das referências médias.

Segundo o levantamento, os preços nessa primeira semana de outubro, o boi gordo despencou cerca de R$ 15,30/@ em apenas 5 dias na média, a pressão de baixa segue firme neste momento e os pecuaristas estão cada vez mais preocupados com as margens de lucro, já que não há como manter toda a boiada no cocho ou no pasto!

Sem expectativas de melhora no consumo doméstico, da retomada das exportações à China e com um maior volume de gado confinado ofertado, os compradores encerraram a semana ofertando menos R$2,00/@ para o boi gordo. Para as fêmeas, preços estáveis. Parte das indústrias está fora das compras e com a escala da próxima semana já preparada.

O boi, vaca e novilha gordos são negociados, respectivamente, por R$280,00/@, R$265,00/@ e R$282,00/@, preços brutos e a prazo. Na primeira semana de outubro, o boi gordo em São Paulo acumula queda de 4,3%, ou R$12,50/@, apontou a Scot Consultoria.

Apesar do intenso ritmo das exportações brasileiras no último mês e da baixa oferta de animais para abate, os preços internos da arroba estão em movimento de queda. A queda dos preços, apenas na primeira semana de outubro, acumula uma queda de quase 7%. Os preços saltaram de R$ 286,55 para o valor de R$ 271,25/@ no fechamento dessa sexta-feira.

Segundo os dados divulgados pelo GPB Datagro/Balizador, as mínimas em São Paulo chegou a R$ 265,00/@, com uma média de R$ 277,43/@. Já em outas regiões, como no Centro-Oeste, já ocorrem negociações próximas a R$ 250,00/@, refletindo o desgaste do mercado neste momento de incertezas no consumo interno e externo.

No caso dos frigoríficos que trabalham apenas com o mercado doméstico, o recuo nas compras se deve às fracas vendas de carne nos atacados brasileiros, devido ao fragilizado poder de compra da maior parte da população. Já quanto às unidades exportadoras, compradores evitam alongar as escalas de abate, diante da ainda manutenção da suspensão dos envios de carne bovina à China.

Analista explica que os atuais valores de R$270/@ pagos pelos frigoríficos paulistas já rentabilizam indústrias de mercado interno, mas que a pressão sobre a arroba deve continuar enquanto a China estiver fora das compras.

O estado do Mato Grosso registrou o menor volume de animais abatidos em setembro deste ano, sendo o pior resultado dos últimos quatro anos. Com as indústrias cautelosas para negociar novos lotes, o estado foi responsável por abater 327 mil cabeças de gado e isso representa uma queda de 27% comparado ao mês anterior. 

De acordo com o Analista de Mercado da Agrifatto, Yago Travagini Ferreira, a tendência é que esse cenário venha a ser observado nos demais estados produtores. “Os dados a nível nacional apontam que a queda no volume abatido deve chegar em 30% no comparativo mensal entre agosto e setembro”, informou ao Notícias Agrícolas. 

Com a queda no volume de animais abatidos deve ficar em 200 mil cabeças em setembro, o prejuízo em receita deve ficar próximo de um bilhão de reais e o reflexo deve ser sentido nos próximos meses.

“Toda essa pressão baixista, aliada à alta recente do dólar (frente ao real), fez com que o preço do boi brasileiro caísse de forma ainda mais acentuada em dólares, nos colocando novamente no posto de boi mais barato do mundo entre os principais exportadores”, ressalta Bovo, que, mesmo com a ausência surpreendente de uma resposta da China em relação ao embargo ao produto brasileiro, enxerga uma luz no fim do túnel para os exportadores brasileiros.

“O curto prazo ainda será tumultuado e, até que a concentração de saída dos bois confinados e o excesso de carne nas câmaras frias das indústrias tenha sido absorvido pelo mercado, a pressão baixista continuará grande, porém, no médio prazo dificilmente nossa arroba em dólares permanecerá tão baixa como a atual”, ressalta ele, acrescentando que ‘há luz no fim do túnel’; 

“no seu devido tempo ela ficará mais aparente, com China ou sem China”.

Fora das compras e estalas alongadas

Com isso, as programações de abate recuam e a média das escalas no país se encontra em 7 dias úteis, queda de 1 dia frente a semana passada.Confira:

  • Em São Paulo, as indústrias fecharam a sexta-feira com 8 dias úteis já programados, recuando dois dias no comparativo semanal.
  • Os frigoríficos tocantinenses possuem maior conforto nas programações com 9 dias úteis escalados, dois dias a mais que na sexta-feira passada.
  • Em Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso os abates estão programados para 8 dias úteis, com somente os frigoríficos mato-grossenses avançando na semana, em um dia.
  • Em Mato Grosso do Sul as indústrias fecharam a semana com 6 dias úteis programados, recuando um dia frente a sexta-feira passada.
  • Os frigoríficos rondonienses encerraram a sexta-feira com as escalas regredindo dois dias em comparação a semana passada, na casa dos 5 dias úteis já preenchidos.

Giro do Boi Gordo pelo Brasil

  • Com isso, em São Paulo, Capital, a referência para a arroba do boi ficou em R$ 274 na modalidade à prazo, ante R$ 275 na quinta-feira.
  • Em Goiânia (GO), a arroba teve preço de R$ 255, ante R$ 260.
  • Em Dourados (MS), a arroba foi indicada em R$ 272, contra R$ 274 – R$ 275.
  • Em Cuiabá, a arroba ficou indicada em R$ 263, contra R$ 266.
  • Em Uberaba, Minas Gerais, preços a R$ 275 a arroba.

Atacado

A carne bovina registrou preços estáveis no mercado atacadista. A perspectiva ainda é de queda, mesmo durante a primeira quinzena do mês que teoricamente possui maior apelo ao consumo.

“O cenário segue preocupante, com os frigoríficos aumentando a pressão na compra de gado. Os frigoríficos seguem com câmaras frias lotadas, e existe possibilidade de parte desse estoque ser disponibilizado no mercado doméstico nas próximas semanas, o que seria desastroso para os preços da carne bovina no atacado que simplesmente desabariam, com potencial para contaminar as demais proteínas de origem animal”, alertou Iglesias.

Com isso, o corte traseiro foi precificado a R$ 21 por quilo. O quarto dianteiro foi precificado a R$ 15 por quilo. Já a ponta de agulha foi precificada a R$ 14,80 por quilo.

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