Boi despenca mais de R$ 24/@; Preço vai cair mais?

Segundos os dados, em apenas 20 dias úteis, o preço da arroba despencou mais de R$ 24/@, desde que alcançou o pico de R$ 352,05/@ em março; Vai cair mais?

O mês de março foi marcado pelo maior patamar de preço da arroba no mercado físico, com o Indicador alcançando o pico de R$ 352,05/@ na média da praça paulista, segundo os dados do Cepea. Entretanto, o mês já terminou com desvalorização no mercado do boi gordo na maioria das praças pecuárias, com as cotações pressionadas principalmente pela valorização do real frente ao dólar e o aumento da oferta no mercado interno.

Sendo assim, continuando essa trajetória, o mês de abril vem sendo pautado por uma maior pressão das indústrias, que atualmente trabalham com escalas de abate confortáveis e, mesmo aquelas que atendem o mercado externo, se aproveitam da situação para barganhar preços menores nas negociações. O pecuarista, segue sem ter condições de reter os animais no pasto, aumentando a oferta de animais neste curto prazo.

Devido ao feriado, as negociações estiveram mais frias nesta manhã. Com escalas de abate que atendem, em média, nove dias, grande parte das indústrias ficaram fora das negociações.

O Indicador do Boi Gordo – Cepea/Esalq, acumula queda de 3,70% nos últimos dois dias úteis. Sendo assim, os preços saltaram de R$ 340,25/@ para o patamar de R$ 327,75/@, o que representa uma queda de cerca de R$ 12,50/@ em apenas um dia. Ainda segundo a instituição, o valor da arroba em dólar, também recuou e segue cotada a US$ 68,32/@. Confira no gráfico abaixo como se comportou o valor nos últimos 30 dias do mês.

Segundo a Scot Consultoria as cotações ficaram estáveis comparadas à última quarta-feira (20/4). O boi gordo é negociado por R$315,00/@, a vaca gorda por R$279,00/@ e a novilha gorda por R$312,00/@, preços brutos e a prazo.

Para os machos cujo destino é a exportação, os negócios estão em até R$325,00/@. A Agrobrazil, informou negociação de R$ 325/@ em Palestina, no estado São Paulo, com pagamento à vista e abate para o dia 02 de maio. Confira os detalhes da negociação na figura abaixo.

Ainda no mercado físico, segundo o app da Agrobrazil, em São Paulo, o valor médio para o animal terminado apresentou uma média geral a R$ 319,24/@, conforme dados informados no aplicativo. Já a praça de Goiás teve média de R$ 295,03/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 296,38/@. E em Mato Grosso, a média fechou cotada a R$ R$ 319,20@.

Segundo os analistas da IHS Markit, a maior preocupação do mercado segue em torno do fluxo das exportações brasileiras de carne bovina. A IHS Markit projeta que o país deve exportar um bom volume de carne bovina in natura neste mês de abril – em torno de 170 mil toneladas.

Porém, os analistas levantam hipóteses de embarques mais fracos nos meses vindouros, devido aos problemas gerados pela China, o maior cliente mundial da carne brasileira. Recentemente, relembra a IHS, o governo chinês suspendeu a importação da proteína brasileira de unidades processadoras de três frigoríficos nacionais.

Além disso, a China ainda mantém um rígido lockdown , sobretudo em Xangai, devido ao retorno das contaminações por Covid-19 (estima-se que 25 milhões de moradores dessa cidade estejam praticamente impedidos de sair de suas casas).

“As interrupções das atividades portuárias na China já geram atrasos nos desembarques, dificultando a operação logística dos países fornecedores”, observam os analistas.

Escalas alongadas, até demais

Em uma semana curta, marcada por imbróglios envolvendo frigoríficos habilitados a exportação para a China, os negócios no mercado físico do boi gordo ocorreram em ritmo calmo e com pressões negativas. A média nacional das escalas de abate recuou 1 dia no comparativo semanal e se encontra próxima dos 7 dias úteis.

  • Em São Paulo, as indústrias fecharam a sexta-feira com 10 dias úteis programados, sem mudanças no comparativo entre as semanas.
  • Os frigoríficos rondonienses encerraram a semana com as escalas na média de 9 dias úteis, mantendo a estabilidade no comparativo semanal.
  • Em Goiás, Pará e Minas Gerais, as programações de abate se encontram em 7 dias úteis. As indústrias goianas recuaram 1 dia, enquanto as mineiras e as paraenses avançaram 1 dia, no comparativo semanal.
  • Em Mato Grosso do Sul, as escalas de abate estão na média de 7 dias úteis, 1 dia a de avanço ao que foi visto na semana passada.
  • Já os frigoríficos tocantinenses estão com os abates programados para 6 dias úteis, alta de 1 dia no comparativo semanal.
  • Dentre as regiões analisadas, as indústrias mato-grossenses foram as que encontraram maiores dificuldades em alongar suas escalas, que encerraram a sexta-feira na média de 4 dias úteis no estado, um recuo de 3 dias ante a semana passada.
Foto: Josafá Ribamar

Na avaliação da IHS, o início da campanha de vacinação contra febre aftosa, a partir de maio, deve resultar em aumento de oferta de boiadas gordas em algumas regiões, o que pode fortalecer ainda mais o atual movimento de baixia da arroba.

Valorização do boi gordo pode acontecer no segundo semestre

“O mercado do boi gordo segue pressionado, com a China embargando algumas unidades brasileiras. E, mesmo sendo um argumento frágil, que já foi usado anteriormente, traz transtornos para o mercado, aumentando a pressão de baixa no mês de abril”, destaca o analista da Safras & Mercado, Fernando Iglesias.

De acordo com o analista de mercado, o cenário para os valores da arroba deve mudar a partir do segundo semestre.

“O movimento de valorização do dólar deve mudar no segundo semestre, a partir do cenário que se desdobra das eleições. Assim, há uma expectativa de reajuste no valor do boi ao longo do segundo semestre deste ano”, pontua Iglesias.

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