Apesar de serem vistas ofertas de até R$ 30,00/@ à mais pelo Boi China, padrão exportação, o problema está na grande desvalorização do preço base!
O mercado físico de boi registrou preços estáveis, de forma majoritária, nesta terça-feira, 19, com poucos volumes de negociações sendo concretizadas. Apesar de serem vistas ofertas de até R$ 30,00/@ à mais pelo Boi China, animal jovem com padrão exportação, o problema está na grande desvalorização do preço base nas últimas semanas.
O cenário ainda é pautado pelas indústrias fora das compras em sua maior parte, incertezas causadas pela suspensão de algumas plantas pela China e mercado interno patinando. Os poucos que abriram os balcões de compras, aproveitaram para ofertar preços abaixo da referência, para animais com destino ao mercado interno.
O mercado segue cauteloso nas compras, observando os movimentos após o feriado e a suspensão da exportação para a China de duas plantas frigoríficas no estado. Assim, os preços mantiveram-se estáveis no comparativo diário. Boi, vaca e novilha gordos são negociados, respectivamente, por R$315,00/@, R$279,00/@ e R$312,00/@, preços brutos e a prazo, apontou a Scot Consultoria.
Com uma maior oferta de animais terminados a pasto, o mercado físico do boi gordo ainda sofre pressão negativa, no estado de São Paulo o “boi comum” continua sendo negociado na média de R$ 295,00/@ enquanto o “boi China” é comercializado próximo de R$ 335,00/@. Na B3 os futuros continuam em desvalorização, o contrato com vencimento para mai/22 sofreu uma variação diária de -0,52%, cotado a R$ 316,20/@.
Já o Indicador do Boi Gordo – Cepea/Esalq, após grande recuo no dia anterior, fechou o dia trazendo uma valorização de 3,48%. Sendo assim, os preços saltaram de R$ 328,80/@ para o patamar de R$ 340,25/@. Ainda segundo a instituição, o valor da arroba em dólar, retornou a média de US$ 72,81/@. Confira no gráfico abaixo como se comportou o valor nos últimos 30 dias do mês.
Por sua vez, as cotações dos machos com padrão para exportação, o chamado boi-China (abatido mais jovem, geralmente com idade abaixo de 30 meses) tiveram uma nova valorização no ágio, porém a queda do preço base prejudica os pecuaristas neste momento. A Agrobrazil, informou negociação de R$ 330/@ (R$ 300,00 + R$ 30,00/@ de ágio) em Casa Branca, no estado São Paulo, com pagamento à vista e abate para o dia 19 de abril.
Exportações
As exportações de carne bovina in natura continuaram firmes na última semana. Apesar de ter sido um período reduzido, com 4 dias úteis, os embarques da proteína totalizaram 41,83 mil toneladas, uma média de 10,46 mil t/dia, que representa um avanço de 30,32% ante a média vista na primeira semana de abr/22.
Até o momento, o volume embarcado no mês corrente já é de 89,98 mil toneladas e com esse resultado podemos cravar que teremos mais um recorde mensal rompido, com a estimativa de 140 mil toneladas exportadas em abr/22.
Embargos
Apesar do bom ritmo dos embarques até agora, o setor exportador continua trabalhando com cautela, atento ao posicionamento do governo da China, que recentemente embargou, temporariamente (pelo prazo de uma semana), quatro unidades brasileiras de abate, alegando contaminações nas cargas relacionadas com a Covid-19.
As recentes suspensões temporárias de plantas frigoríficas brasileiras impostas pelo governo da China também ajudaram a frear os negócios no mercado pecuário.
“Essas medidas da China já impactaram negativamente o mercado doméstico, já que algumas unidades de abate resolveram postergar as suas compras de gado”, observam os analistas do mercado.
Valorização do boi gordo pode acontecer no segundo semestre, segundo analista
O mês de março terminou com desvalorização no mercado do boi gordo na maioria das praças pecuárias, com as cotações pressionadas principalmente pela valorização do real frente ao dólar e o aumento da oferta no mercado interno.
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“O mercado do boi gordo segue pressionado, com a China embargando algumas unidades brasileiras. E, mesmo sendo um argumento frágil, que já foi usado anteriormente, traz transtornos para o mercado, aumentando a pressão de baixa no mês de abril”, destaca o analista da Safras & Mercado, Fernando Iglesias.
De acordo com o analista de mercado, o cenário para os valores da arroba deve mudar a partir do segundo semestre.
“O movimento de valorização do dólar deve mudar no segundo semestre, a partir do cenário que se desdobra das eleições. Assim, há uma expectativa de reajuste no valor do boi ao longo do segundo semestre deste ano”, pontua Iglesias.