Áudio viralizado na internet fala do boi China; sobre produzir boi gordo sem acabamento para atender mercado chinês; será verdade?
O WhatsApp, definitivamente, virou o maior canal de disseminação de notícias do agronegócio, sejam elas positivas e negativas. Recebemos o seguinte áudio através de grupos: “(…) não investe muito em acabamento, deixa o boi gordo, porque a bola da vez é o boi China, eles não levam gordura, então boi inteiro abaixo de 30 meses é o animal ideal, se você tá tratando de boi não começa colocar gordura porque senão vai perder dinheiro. China é só carne vermelha, pode esquecer de colocar gordura no boi (…)”.
Só este ano a China, através da ação do governo federal, habilitou 30 plantas frigoríficas brasileiras, pequenos e grandes frigoríficos já comemoram o início da exportação de carne para o país asiático. Essa demanda fez com que o preço da arroba brasileira batesse os R$ 200, recorde histórico para o setor, e não para por aí, existe espaço para preços ainda mais surpreendentes. O quanto o mercado ainda vai subir dependerá do consumo doméstico, que responde pela maior demanda de carne bovina.
Nós fomos atrás das informações e conversamos com o Zootecnista Rafael Henrique da Silva, ele faz acompanhamento de abate na industria frigorífica, e foi enfático em dizer: a informação é verdadeira “em partes”, boi China não é muito exigente de acabamento. Ressalta que animais sem acabamento não são aceitos, e que o rendimento de carcaça (onde o produtor é remunerado) está diretamente ligado ao acabamento de carcaça do animal.
Rafael comenta que existe mercado de carne gourmet na China, inclusive já tem frigoríficos brasileiros exportando linha premium Angus para os parceiros asiáticos, mas que a maior demanda mesmo é a carne vermelha praticamente sem gordura, pois a industria brasileira já rebaixa essa gordura durante os processos na linha de produção.
“O certo é acabar o boi sem frescura”
Os pecuaristas mais exigentes sabem que fazer deposição de gordura no gado é mais complicado e a “boia” é mais cara, com a abertura desse mercado o produtor pode pensar em uma dieta menos energética, e focar literalmente em carne e músculo.
A China tem hoje 15% do mercado global de carne bovina, e a sua demanda nesse segmento é crescente após o seu rebanho de suínos ter sido dizimado pela peste suína africana. Segundo o sócio-diretor na consultoria Athenagro, Maurício Nogueira, a alta na arroba está justamente associada a um maior número de empresas que buscam se posicionar para exportar e atender a crescente demanda chinesa por proteína bovina, preenchendo a lacuna deixada na oferta de carne suína.
Há polos na China para a importação de carne bovina do Brasil, e os chineses têm que se posicionar, afirma Nogueira. “Ao mesmo tempo, tem uma quantidade grande de companhias que querem marcar posição com a China”, diz o consultor, lembrando que novas unidades foram habilitadas para exportação nesta semana, não só para a China mas também para a Arábia Saudita. Ele acrescentou que os ganhos da arroba também estão associados à produção total menor neste ano no Brasil.
Fique atento pecuarista, produza o que o mercado oferece de demanda.
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Mercado asiático
Para exemplificar um pouco desse mercado asiático, nós fomos fundo e encontramos o Serjão, um açougueiro brasileiro radicado no Japão que tem um canal no Youtube e conta como os japoneses consomem a carne vermelha, confira no vídeo: