O mercado está mostrando que o boi gordo negociado em outubro (OUT/23 – R$ 203,10) tem valor mais baixo do que o negociado hoje no físico, conhecido também como deságio do boi gordo; Dessa forma, os players estão ainda mais pessimista em relação ao mercado.
O ano segue com o cenário de grandes desafios para os pecuaristas. Os valores da arroba de boi gordo continuam em queda, seja no mercado físico ou futuro, nas principais regiões produtoras pelo Brasil, refletindo a atual situação de queda no consumo interno e aumento na oferta de animais para abate. Dessa forma, os players estão ainda mais pessimista em relação ao futuro do mercado. “O fundo do poço aparenta não ter chegado ainda”, afirma o zootecnista Felipe Fabbri, analista da Scot Consultoria
Já alertamos que as perspectivas sugerem a manutenção desse padrão. A fragilidade na demanda por carne bovina continua a ser um fator determinante para a recente tendência de queda nos preços por arroba. Mesmo durante a primeira quinzena de agosto, a demanda não foi suficiente para estimular a recuperação dos preços, conforme observado por Fernando Henrique Iglesias, analista da Safras & Mercado.
O impacto da redução dos preços médios da carne bovina no mercado internacional afetou negativamente as receitas de exportação, enquanto, internamente, o mercado ainda enfrenta desafios e uma preferência significativa por proteínas mais acessíveis por parte da maioria da população.
O mercado paulista registrou nesta quinta-feira, 17 de agosto, retração diária de R$ 5,00/@ nas cotações do “boi-China”, do boi destinado ao mercado interno e da vaca gorda, além de recuo de R$ 4/@ no preço da novilha gorda. As informações são da Scot Consultoria (Bebedouro, SP).
Com isso, em São Paulo, a arroba do boi gordo está sendo negociada em R$ 210, a da vaca em R$ 195 e a da novilha em R$ 206 (preços brutos e a prazo). A cotação do “boi China” está em R$ 220/@, no bruto, a prazo, com ágio de R$ 10/@ sobre o valor do boi “comum”.
Mercado futuro pessimista
O mercado futuro do boi gordo vive um reflexo do que vem ocorrendo no mercado físico. As indústrias reportaram queda nos seus faturamentos, segundo os balanços divulgados recentemente. Esse cenário, somado a incerteza no consumo interno – responsável por cerca de 70% do consumos da carne bovina produzida, queda nos preços da carne bovina comercializada no exterior e o aumento do volume de gado gordo para abate, fazem com que os players estejam pessimistas para o futuro.
Trazendo os números que comprovam essa dura realidade, o mercado futuro da B3, no fechamento dessa quinta-feira (17), teve recuo nas cotações dos papéis de agosto a dezembro. Outubro, mês que historicamente temos valores acima da média, indica um boi de R$ 203,10/@. Dessa forma, o valor representa um deságio em relação ao mercado físico, hoje cotado a R$ 210,00/@.
“E o fundo do poço aparenta não ter chegado ainda”, observa o analista. “Pelo rumo que anda o mercado, o preço não deve reagir tão cedo”, afirma o analista da Scot, acrescentando: “Olhando para o mercado futuro, a esperança aponta uma reação apenas em janeiro/24, com o contrato acima dos R$ 230,00/@ (fechamento em 16/8)”.
Giro do boi gordo pelo mercado físico do Brasil
- Arroba do boi foi cotada a R$ 215 em São Paulo, Capital;
- A R$ 205 em Goiânia, Goiás;
- A R$ 210 em Uberaba (MG);
- A R$ 216 em Dourados (MS);
- A R$ 200 em Cuiabá (MT).
Em relação à oferta de animais terminados, boa parte das indústrias frigoríficas estão inserindo em sua linha de abate lotes oriundos de contrato a termo (negociação antecipada) ou de confinamento próprio, relata a S&P Global.
Embora as exportações brasileiras da carne vêm apresentando bom desempenho nas últimas semanas, as quedas nos preços internacionais da proteína também trouxeram mais incertezas às unidades de abate, que temem impactos negativos em suas margens operacionais, acrescenta a consultoria.
Recuo do indicador na 1ª quinzena é o maior para o período desde dez/08
O Indicador do boi gordo CEPEA/B3 (estado de São Paulo) recuou 9,3% na primeira quinzena de agosto. Considerando-se a série histórica do Cepea, trata-se da queda mais intensa para uma primeira metade de mês desde dezembro de 2008, quando o recuo foi de significativos 9,64%.
Segundo pesquisadores do Cepea, naquele período, os valores do animal para abate eram pressionados pela forte retração de agentes de frigoríficos, que reduziram as compras de novos lotes no spot nacional, devido sobretudo à expressiva diminuição das exportações em novembro de 2008.
Já as fortes desvalorizações da arroba na primeira metade de agosto de 2023 estão atreladas à maior oferta de animais para abate e à – ainda – enfraquecida demanda interna pela carne – ressalta-se que, diferentemente do observado em 2008, as exportações da carne vêm apresentando bom desempenho nas últimas semanas.
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