Para pecuaristas tecnologia é a forma de se ganhar dinheiro com a atividade. Técnica é simples, mas exige uma boa gestão!
“Utilizar o conceito do Boi 7.7.7 é a forma de se ganhar dinheiro hoje com a pecuária no Brasil”. A frase é de Fernando Nemi Costa, engenheiro agrônomo e consultor da Cos@ Assessoria Pecuária.
O Boi 7.7.7 é um conceito de produção desenvolvido pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que preconiza a produção de um gado de 21 arrobas em até dois anos, quando normalmente leva-se até três anos para produzir um gado de 18 arrobas.
O método tem revolucionado a pecuária de corte do Brasil e conquistado pecuaristas de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Goiás, Pará e Rondônia. Em 23 de novembro de 2018, o conceito de produção desenvolvido pela APTA será tema do painel “Caminhos do Boi 7.7.7”, na InterCorte São Paulo.
Segundo Costa, com a tecnologia é possível reduzir a idade de abate dos animais e aumentar o peso de carcaça. O sistema tem como meta que o animal alcance sete arrobas na desmama, sete na recria e outras sete na engorda, daí deriva o nome “Boi 7.7.7”. “Dependendo da quantidade utilizada na suplementação eu também aumento a lotação da fazenda, inserindo mais animais por hectare. Além disso, quando o animal alcança as sete arrobas na recria, com a utilização de suplementação, ele se adapta muito rapidamente ao confinamento, o que também traz ganhos”, explica o produtor que tem uma fazenda de gado de corte em Santa Vitória, em Minas Gerais, e presta consultoria a outros nove pecuaristas que também utilizam o sistema de produção.
O conceito também é aprovado por Alaor Ávila Filho, pecuarista de Indiara, Goiás, e um dos primeiros usuários do sistema de produção desenvolvido pela APTA. Ávila conta que antes de utilizar o Boi 7.7.7, a lotação de animais em sua fazenda era de 1,5 por hectare (UA/ha). A partir de 2014, com a adoção do sistema, essa média subiu para 2,4 UA/ha, chegando a até 9 UA/ha. Ávila conseguia produzir, em média, 15 arrobas por hectare, por ano. Hoje, atinge até 31 arrobas, por hectare, por ano. “Com a suplementação de 2% do peso vivo do animal, a substituição do capim pela ração é alta e as lotações dos pastos vão aumentando com o ganho de peso dos animais. É possível produzir até 50 arrobas por hectare sem grandes modificações na fazenda. Esse sistema requer organização e estratégia. Se o produtor for bem organizado, é imbatível”, afirma.
Produtor precisa fazer conta
A produção de bovinos com qualidade e em tempo 30% menor requer estratégia. “É necessário que sejam utilizadas diversas ferramentas para atingir esse resultado. O trabalho envolve, principalmente, manejo de pasto e suplementação alimentar”, explica Gustavo Rezende Siqueira, pesquisador da APTA. A dosagem da suplementação varia: quanto maior o peso do animal, maior a dosagem. “Essa suplementação ajuda na engorda e não causa nenhum prejuízo para a saúde do animal. O pecuarista precisa se preparar para o sistema, fazendo todo o manejo de pasto necessário e, no período de seca, suplementar a alimentação com ração. O segredo do Boi 7.7.7 é: bom pasto na época das águas e suplementação na época das secas”, afirma Flávio Dutra de Resende, pesquisador da APTA.
Entre os usuários do sistema, a opinião é unânime: para conseguir atingir a meta do Boi 7.7.7, e ganhar dinheiro com a produção, é necessário fazer conta. Isso envolve uma análise sistêmica da produção, conhecendo todos os custos e sabendo, principalmente, por quanto à arroba será vendida para o frigorífico. “É necessário fazer a conta de traz para frente. Preciso saber quanto a arroba do meu animal vai valer no frigorífico para traçar todo o meu planejamento para saber quanto essa arroba vai me custar. Temos que trabalhar com margem”, afirma Ávila.
Segundo ele, o valor investido na produção por animal aumenta muito em termos nominais. Na fase de engorda, porém, o valor da arroba produzida diminui e o resultado obtido por área é superior. “Com a diminuição do custo da arroba produzida e o aumento da lotação, o resultado financeiro em reais por hectare aumenta muito, proporcionando competitividade com qualquer outro sistema de produção, seja cana, milho ou soja”, afirma.
Para se ter ideia, na safra 2012/2013, Ávila obteve lucro líquido de R$ 900,00, por hectare. Com a adoção do conceito, esse valor saltou para R$ 2.600,00, por hectare de lucro, ou seja, descontados todos os custos de produção.
“O maior problema é o produtor entender que ele vai tirar R$ 1,00 para colher R$ 5,00. Essa é mais ou menos a conta. O pecuarista precisa enxergar lá na frente. Ele não está tendo uma despesa. Está fazendo um investimento nutricional que vai ser um suporte para o animal seguir os passos do 7.7.7. Precisamos ser eficientes. Temos que ter eficiência no negócio para produzir mais barato do que vamos vender”, explica Costa.
O pecuarista mineiro afirma que não existe uma receita de bolo a seguir. Em determinados anos a fazenda tem uma forragem melhor e o preço da ração está mais alto, então o animal fica mais tempo no pasto. Em outros, o pasto tem qualidade afetada e, por isso, o animal precisa ir para o confinamento mais cedo. “O importante é se planejar. Uso o sistema desde o começo e meus clientes também utilizam. Até hoje não paramos. A tecnologia veio para ficar”, afirma.
Caminhos do Boi 7.7.7.
O painel na InterCorte São Paulo que leva o nome da tecnologia desenvolvida pela APTA Colina contará com duas palestras principais que apresentam o caminho para chegar ao Boi 7.7.7. e serão apresentadas pelos pesquisadores que desenvolveram o conceito.
O pesquisador da APTA Colina, Gustavo Rezende, abre o painel com a palestra “Consolidando as 7@ na cria e recria”, que abordará a primeira fase da tecnologia, em que o bezerro é desmamado por volta dos oito meses, e a fase de recria, quando o animal atinge as 14@, com cerca de 20 meses.
Dando sequência à programação, o pesquisador Flávio Dutra sobe ao palco para a palestra “Consolidando as 7@ da terminac?a?o”, que mostra a fase em que o animal alcança as 21@, no período de 24 meses.
Outro destaque da atração é a palestra “O que se espera da carcac?a do Boi 7.7.7?”, ministrada pela pós-doutoranda que atua na APTA, Ivanna Moraes de Oliveira, além do tema “Por que o Boi 7.7.7 e? bom para a indu?stria?”, seguido por um debate final que reunirá os palestrantes da manhã.
“O Boi 7.7.7. é, provavelmente, o sonho de todo produtor rural. Trazer os pais do conceito para uma manhã de palestras e debates na InterCorte São Paulo é a forma que encontramos de mostrar ao produtor que, se aplicarmos estratégias na propriedade é possível sim conquistar a eficiência produtiva e garantir a lucratividade no campo. Considerando que a ampla divulgação dessa técnica foi feita por meio das etapas do Circuito InterCorte há três anos, faz todo sentido trazer as novidades e resultados dessa tecnologia para a etapa que conclui a edição deste ano do evento”, enfatiza a diretora do Terraviva Eventos, Carla Tuccilio.
Sobre a InterCorte
Desde a sua criação em 2012, a InterCorte já contou com a participação de mais de 27 mil pessoas, a maior parte pecuaristas, em eventos que percorrem algumas das principais regiões pecuárias do País para levar informação, conhecimento e tecnologia.
Em 2018 a InterCorte ocorreu em Cuiabá (MT), no mês de março, com a participação de 1.500 pessoas; Marabá (PA), em maio, com 1.050 participantes e será finalizada em São Paulo (SP), nos dias 21, 22 e 23 de novembro.
A InterCorte faz parte do “Integrar para Crescer”, plataforma de comunicação que envolve eventos e ações com o intuito de disseminar informação de qualidade, reverberando os temas e discussões relevantes ao setor. Além da InterCorte, a plataforma ainda promove eventos como a Interconf, InterGrãos e ações como o movimento #SomosdaCarne, a Beef Week, “Você Sabia” e “Caminho do Boi”, visando sempre o crescimento e fortalecimento do agronegócio no Brasil. Mais informações: www.intercorte.com.br.
Serviço
“Caminhos do Boi 7.7.7” – InterCorte SP
Data: 23 de novembro de 2018
Horário: 9h – 10h30
Local: World Trade Center de São Paulo – Av. das Nações Unidas, 12.551, São Paulo (SP)
Informações: http://intercorte.com.br/saopaulo2018
Fonte: APTA