Bioinsumo controla praga que dizimou plantações de cacau no Brasil

Bioinsumo Tricovab para produção comercial é a primeira tecnologia licenciada pela Ceplac para o controle da vassoura-de-bruxa do cacaueiro

O Brasil era o maior produtor mundial de cacau quando a vassoura-de-bruxa dizimou as lavouras da região de Ilhéus, no sul da Bahia. Desde então, deu-se início à busca de fungicidas que pudessem acabar com a monolíase, que é o fungo causador da doença, representando a esperança de 93 mil propriedades rurais, de acordo com o Censo Agropecuário.

A Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Sustentável, Irrigação e Cooperativismo (SDI) do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) realizou a entrega para a produção comercial do bioinsumo Tricovab (Trichoderma stromaticum) à empresa BioFungi. Essa foi a primeira tecnologia licenciada pela Ceplac para o controle da vassoura-de-bruxa do cacaueiro, doença causada pelo fungo moniliophthora perniciosa, responsável por graves prejuízos nas lavouras de caucau da Bahia e do Espírito Santo.

Quando utilizado de forma correta, a eficiência do Tricovab pode chegar a 87% no controle dessa praga. O bioinsumo é resultado de estudos desenvolvidos pela equipe da Coordenação-Geral de Pesquisa e Inovação da Ceplac, comandada pelo engenheiro agrônomo José Marques Pereira.

Segundo a diretora da Ceplac, Lucimara Chiari, o momento representa muito para o produtor, que poderá contar com um fungicida natural e eficaz para o controle de uma praga que tem assolado plantações de cacau em diferentes regiões. “O Tricovab sai da prateleira da pesquisa para auxiliar milhares de cacauicultores neste país”, ressaltou.

Durante a solenidade destacaram o papel da equipe que trabalhou da descoberta ao produto final, e registraram o agradecimento, in memoriam, aos precursores das pesquisas sobre controle biológico na Ceplac nas décadas de 70 e 80, os doutores João Maria de Figueiredo e Cleber Novais Bastos.

Cacau convencional e orgânico

Embora o registro do Tricovab seja de 2012, ele foi obtido pela via convencional, e não com base na especificação de referência nº 8, o que impede que ele seja enquadrado automaticamente como um “produto fitossanitário com uso aprovado para a agricultura orgânica”. No entanto, com as alterações produzidos pelo Decreto nº 10.833/2021 no Decreto nº 4.074/2002, existe a possibilidade de o Mapa conceder o uso desta denominação, mediante análise de solicitação da empresa.

Vale ressaltar que, como o ingrediente ativo do Tricovab tem uso autorizado na agricultura orgânica, ele pode ser usado na produção tanto de cacau convencional quanto de cacau orgânico.

Introdução criminosa da praga

O Eng. Agrônomo Xico Graziano denunciou a introdução criminosa da doença vassoura-de-bruxa nas plantações de cacau do sul da Bahia.

A introdução criminosa da doença vassoura-de-bruxa nas plantações de cacau do sul da Bahia e o fracasso da intervenção do Governo brasileiro através do Programa de Recuperação da Lavoura ocasionaram um desastre socioeconômico e ecológico sem precedentes, que inviabilizou mais de seiscentos mil hectares da cultura, destruindo as vidas e os sonhos de milhares de famílias de trabalhadores rurais, cacauicultores e comerciantes.

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