O projeto está na fase de validação dos ativos que podem ser usados para controlar as populações nas lavouras.
Em uma das salas dos laboratórios da unidade em Cambé (PR), pesquisadores da TMG – Melhoramento & Genética acompanham o desenvolvimento do inseto que é considerado a maior praga para a cultura do algodão. Ele é o bicudo do algodoeiro (Anthonomus grandis), um besouro que, há décadas, desafia a ciência a encontrar uma cultivar resistente.
A criação dos insetos em um ambiente controlado faz parte do projeto de elaboração de uma cultivar capaz de conter os efeitos do bicudo. O projeto está na fase de validação dos ativos que podem ser usados para controlar as populações nas lavouras. Conforme a coordenadora de Novos Traders da TMG, Viviani Marques, a cultivar de algodão resistente ao bicudo deve ser lançada até 2031.
“A gente tem investigado diferentes ativos no intuito de trazer para dentro do laboratório esses genes que possam ser incorporados no germoplasma do algodão e que eles tenham a ação eficiente para controlar ou deixar as plantas tolerantes a esses insetos”, conta Marques ao Agro Estadão.
A pesquisadora explica que o processo de seleção dos ativos é longo, mas o cenário é promissor. “Pensando em sustentabilidade, redução de aplicação de inseticidas, manejo da cultura, qualidade da fibra, tudo isso vai ser muito importante, ao trazer mais qualidade para o produtor rural e para a utilização da fibra. Isso é virar uma cadeia sustentável, né?”, analisa, ao pontuar que a problemática do bicudo é nacional.
Desenvolvimento do bicudo
O estrago que o bicudo pode causar nas plantações é imensurável, pois ao atacar a maçã do algodão, impede o seu desenvolvimento. Além disso, os custos com inseticidas representam mais de 30% dos gastos com o controle de pragas, segundo especialistas.
O inseto mede cerca de 7 milímetros e se alimenta do pólen, ao perfurar a maçã do algodão. Depois de sugar o pólen, ele deposita os ovos dentro da maçã. A pesquisadora chama atenção para a capacidade de sobrevivência da espécie no ambiente.
“As fêmeas são extremamente férteis e capazes de preservar o sêmen por até dois anos. Mas ela só consegue depositar ovos no algodão”, explica Marques. Assim que os ovos eclodem, o bicudo passa por mais três fases de desenvolvimento ao longo de 25 dias: pupa, larva e adulto.
Inteligência Artificial ajuda a reduzir tempo de pesquisa
Há quatro anos, a TMG passou a usar Inteligência Artificial nas pesquisas. Os resultados já estão chegando ao mercado, com a nova cultivar de milho e três cultivares de soja da linha Raízes do Brasil.
A pesquisa do bicudo está entre os projetos da empresa que utilizam IA e outras ferramentas avançadas como análise de DNA, que devem receber investimentos de R$ 2 bilhões pelos próximos sete anos.
O Head de Pesquisa para Biotecnologia e Novos Players da empresa afirma que o uso de IA tem agilizado os estudos, além de otimizar os recursos. Para saber se uma proteína é eficaz contra o bicudo, por exemplo, seriam necessários diversos plantios para testar os ativos, além de tempo para que a planta se desenvolvesse e manifestasse ou não a doença.
“A IA permite você verificar a configuração ideal que iria prever se aquela proteína poderia oferecer o controle sobre o inseto. Isso ajuda a diminuir o número de candidatos [plantas criadas a partir de cruzamento genético]”, diz Anderson Meda.
Com o sequenciamento genético, o pesquisador consegue olhar o DNA da planta e tem a indicação de como ela iria se comportar. “Em vez de testar em muitos locais, você reduz esse número. É muito mais caro conduzir uma parcela no campo do que fazer no laboratório, em torno de cinco vezes mais”, complementa o executivo.
Para ter uma ideia da dimensão do trabalho, por ano, o laboratório de biotecnologia recebe 2 milhões de amostras e faz 70 milhões de análises, incluindo as culturas de algodão, soja e milho.
As novas tecnologias e ferramentas também são usadas no desenvolvimento de cultivares com características específicas para o plantio em outros países. Os planos de expansão da TMG são destaque na próxima reportagem.
Fonte: Agro Estadão
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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