Apesar da grande retenção de fêmeas, o ciclo pecuário ainda deve ver mais um ano positivo para os preços dos bezerros, com a demanda elevada; Confira!
Embora o preço da arroba do boi gordo siga disparando, a forte alta dos preços dos animais de reposição – sobretudo dos bezerros – tem preocupado alguns pecuaristas que, buscam a compra para garantir a oferta do boi gordo no futuro. Segundo os dados, os preços dos animais seguem elevados e cotados, em média, a R$ 3.000,00 por cabeça. Como foi o ano de 2021 e o que esperar do próximo ciclo? Confira!
O ciclo tarda, mas não falha! Agora, estamos vivendo um momento de transição entre o aumento do preço da arroba do boi gordo e aumento na produção de bezerros. Mas a notícia que chega, segundo os analistas, é que a oferta de animais deve continuar restrita neste ano, trazendo ainda a oportunidade para novas altas nos preços dos bezerros!
Segundo dados do Cepea, o indicador do bezerro (praça MS) registrou avanço de R$ 352,51/cab nos últimos 12 meses – conforme pode ser observado no gráfico abaixo – fechando o último dia útil do ano (30/12) a R$ 2.995,98/cab, frente ao valor médio de janeiro de 2021 que era de R$ 2604,45. Além disso, o peso médio dos animais negociados segue com média de 206,44 kg.
Segundo o app da Agrobrazil, fechou o ano com uma média de preço para o bezerro paulista em um patamar de R$ 3.166,49/cab. Além disso, conforme os preços informados pelos próprios pecuaristas, os valores encerram o ano próximo do recorde alcançado em Março de 2021, onde o animal teve média de R$ 3.339,9/cab.
Entretanto, temos observado uma mudança na forma de negociação desde o ano retrasado, onde pecuaristas começaram a negociar os animais no valor do quilo do animal. Sendo assim, a surpresa se da para a grande valorização de algumas negociações que, em dezembro, alcançaram o patamar de R$ 16,00/kg.
Segundo o pecuarista de Romaria/MG e Torixoreu/MT, os animais da categoria, foram negociados a R$ 15,92 e R$ 15,78/kg, respectivamente, além de um pagamento à vista. Nas imagens abaixo, é possível observar que os animais tem sido negociados cada vez mais leves, o que tem possibilitado uma valorização no preço por quilo, frente as negociações por cabeça.
Cenário se complicou em abril equilíbrio no fechamento
Até abril, o terminador do Estado de São Paulo precisava desembolsar o equivalente a 9,89 arrobas de boi gordo para adquirir um animal de reposição (nelore de 8 a 12 meses) em Mato Grosso do Sul, ou 5,72% a mais do que no mês anterior e 5,74% acima do necessário em abril do ano passado. Para o bezerro, o aumento é maior. A média de R$ 3.139,02 por cabeça é 8,43% acima de março e 30,6% em relação a abril do ano passado, recordes reais da série.
Entretanto, o fechamento deste ano trouxe um alívio momentâneo para o pecuarista da terminação, onde a relação de troca alcançou o patamar de 2,11 em relação ao bezerro desmama, 2,01 para o bezerro, 1,75 para o garrote e 1,61 para o boi magro. Apesar de não ser o melhor cenário, o pecuarista deve aproveitar este momento para garantir alguns lotes, já que os preços devem subir novamente.
Vai faltar bezerro em 2022, alerta no ciclo pecuário!
Com uma visão mais conservadora, a zootecnista Thayná Drugowick, analista de mercado da Scot Consultoria (Bebedouro, SP), avalia que a produção de bezerros no próximo ano será melhor que em 2021, mas que não deverá ser tão grande.
“Para 2022, em decorrência da produção de bezerros que temos acompanhado desde 2019, a tendência é que a oferta de bezerros melhore no próximo ano, mas não acreditamos numa enxurrada de bezerros, a ponto de pressionar as cotações. Vamos ter uma oferta relativamente melhor”, prevê.
Para a analista da Scot, a relação de troca entre o boi magro e o boi gordo tenderá a ser melhor, no entanto, Thayná prevê que a demanda pelo boi magro seguirá firme no mercado. O fator que mais contribuirá para isso vem do aquecimento da economia brasileira.
Para 2022, a produção de bezerros pode alcançar 53,3 milhões de animais. O crescimento é de 2,5% considerando uma produção de 52 milhões de bezerros de 2021. Entretanto, conforme anunciado anteriormente, a demanda pela reposição será superior a oferta de animais, o que irá deixar o mercado com maior firmeza nos preços, trazendo oportunidade de alta em algumas negociações e períodos do ano.
Confira a evolução desses números no quadro abaixo:
Este é o último relatório do ano, divulgado no início do mês passado. O documento pode dar uma dimensão sobre os números de produção de bezerros para o próximo ano.
Assim, para acertar na escolha da reposição, é preciso responder duas perguntas:
- qual animal preciso comprar?
- quanto posso pagar na reposição?
Neste sentido, é fundamental definir metas, como, abater animais com no máximo 24 meses, 20@ e 55% de rendimento de carcaça. Mas, não é qualquer animal que tem potencial para chegar nesse resultado. Deste modo, comprar apenas pelo preço levará a uma baixa eficiência produtiva. Pois, adquirir animais leves e com baixo desenvolvimento pode aumentar o tempo de permanência deles na fazenda e consequentemente o custo de produção. Dessa forma, o animal barato, ao final da operação sairá caro.
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Recomenda-se, portanto, comprar animais de maior qualidade genética e sempre fazer os seguintes questionamentos: Esse animal atende aos meus objetivos e metas? Tenho condições de fornecer tudo que este animal precisa na fazenda? Se a resposta for não então, repense a viabilidade da compra de reposição.
Cada fazenda tem uma realidade e isso precisa ser levado em consideração na hora de comprar a reposição. Assim, o ideal é elaborar um planejamento com base nos dados atuais de mercado e/ou analisar os resultados anteriores. Com isso, é possível saber a receita, os custos e lucros médios esperados ou obtidos. Com isso, pode-se definir o ponto de equilíbrio para o valor do gado (R$/animal), ou seja, qual o valor máximo que pode pagar por animal para ainda se manter empatado na atividade. Além disso, é possível calcular o ágio do bezerro ou do boi magro.
