Bezerro com ‘mal do caruara’: Veja o que é e como tratar

Com a pecuária brasileira crescendo em escala e exigindo uma gestão cada vez mais eficiente, entender as causas e tratamentos para o mal do caruara se torna crucial para garantir a viabilidade do rebanho e a produtividade no campo.

O pecuarista João José Ribeiro, de Palmas, Tocantins, está em busca de respostas para um problema que tem afetado bezerros jovens em sua fazenda: o “mal do caruara”, também conhecido como “mal da junta inchada”.

Essa condição preocupa os produtores por impactar diretamente a saúde e o desenvolvimento dos animais nos primeiros 30 dias de vida, deixando-os fracos e com dificuldade de movimentação. Com a pecuária brasileira crescendo em escala e exigindo uma gestão cada vez mais eficiente, entender as causas e tratamentos para essa doença se torna crucial para garantir a viabilidade do rebanho e a produtividade no campo.

O que é o ‘Mal do Caruara’?

O “mal do caruara”, popularmente conhecido como “mal da junta inchada”, é uma condição que acomete bezerros recém-nascidos, geralmente entre o nascimento e os 30 dias de vida. A doença se manifesta por meio de fraqueza nas pernas, dificuldade de movimentação e inflamação nas articulações, comprometendo a saúde dos animais e dificultando seu desenvolvimento. Essa condição é bastante conhecida entre pecuaristas, especialmente em regiões como o Tocantins, onde a pecuária tem grande relevância. Sem o tratamento adequado, o “mal do caruara” pode levar a complicações severas, como infecções e até a morte dos bezerros, representando uma ameaça significativa para a produção pecuária.

Causas do ‘Mal do Caruara’

O “mal do caruara” pode ser desencadeado por dois fatores principais, conforme explicado pelo médico-veterinário e consultor Guilherme Vieira:

  1. Má colostragem: Nos primeiros dias de vida, os bezerros dependem do colostro, o primeiro leite produzido pelas vacas, rico em nutrientes e anticorpos essenciais para fortalecer o sistema imunológico. Quando o bezerro não recebe colostro de forma adequada nas primeiras 72 horas, sua imunidade fica comprometida, tornando-o mais vulnerável a infecções e doenças, incluindo o “mal do caruara”.
  2. Poliartrite infecciosa: Esse segundo fator está relacionado à má cicatrização do umbigo do bezerro após o nascimento. Se o umbigo não for tratado adequadamente, bactérias podem penetrar na corrente sanguínea do animal, se alojando nas articulações e provocando inflamação e dor. Essa infecção bacteriana, conhecida como poliartrite, resulta no inchaço das juntas, febre e fraqueza nas pernas, características clássicas do “mal da junta inchada”.

Sintomas e diagnóstico

Os bezerros acometidos pelo “mal do caruara” apresentam sinais claros que devem ser observados com atenção pelos pecuaristas. Os sintomas mais comuns incluem fraqueza nas pernas, dificuldade para se levantar ou caminhar, articulações visivelmente inchadas e doloridas, além de febre. Esses sinais indicam que a infecção bacteriana ou a deficiência imunológica está afetando o animal, prejudicando seu desenvolvimento normal.

O diagnóstico precoce é essencial para evitar complicações graves. Um veterinário deve ser consultado assim que os primeiros sintomas forem notados, realizando uma avaliação clínica completa. Exames detalhados podem ser solicitados para confirmar a presença de infecções nas articulações, permitindo a adoção do tratamento adequado antes que o quadro se agrave.

Tratamento do ‘Mal do Caruara’

O tratamento do “mal do caruara” exige uma intervenção rápida e eficaz, com o uso de medicamentos adequados para combater a infecção e reduzir a inflamação nas articulações. Veterinários costumam prescrever antibióticos específicos para eliminar as bactérias presentes no organismo do bezerro, além de anti-inflamatórios para aliviar a dor e o inchaço nas juntas. Esse tratamento deve ser iniciado logo após o diagnóstico para garantir uma recuperação mais rápida e evitar danos permanentes à saúde do animal.

Em casos mais graves, a administração de medicamentos pode ser combinada com cuidados de suporte, como a suplementação nutricional e a manutenção do bezerro em um ambiente limpo e controlado. O acompanhamento veterinário é fundamental durante o processo de recuperação, garantindo que o tratamento esteja surtindo efeito e que o bezerro esteja se desenvolvendo adequadamente.

Bezerro com 'mal do caruara': Veja o que é e como tratar
Foto: Divulgação

Prevenção: Garantindo a saúde dos bezerros

A prevenção do “mal do caruara” começa já nas primeiras horas de vida do bezerro, sendo fundamental garantir que ele receba colostro de boa qualidade logo após o nascimento. Esse leite inicial, rico em anticorpos, é vital para fortalecer o sistema imunológico do animal e protegê-lo contra infecções. Outro ponto crucial é o cuidado adequado com o umbigo do bezerro, utilizando tintura de iodo a 10% para desinfecção e aplicação de doramectina no primeiro dia de vida, prevenindo a entrada de bactérias que possam causar a poliartrite infecciosa.

Para otimizar o manejo, o uso de um pasto maternidade é recomendado. Nesse ambiente, vacas prenhas são mantidas junto com seus bezerros por cerca de 30 a 40 dias antes do parto. Essa prática facilita a supervisão dos animais, permitindo intervenções rápidas em casos de complicações, além de garantir que todos os cuidados necessários sejam realizados em um local seguro e controlado.

Uma gestão eficiente no manejo dos bezerros é determinante para prevenir o “mal do caruara” e outras doenças que possam comprometer o desenvolvimento do rebanho. A implementação do pasto maternidade, por exemplo, proporciona um ambiente mais controlado, onde as vacas e seus bezerros podem ser monitorados com maior proximidade, facilitando intervenções imediatas quando necessário. Além disso, essa prática assegura que todos os cuidados preventivos, como a colostragem adequada e o tratamento correto do umbigo, sejam realizados sem imprevistos.

Pecuaristas que adotam um sistema de manejo mais rigoroso e detalhado conseguem não apenas evitar problemas de saúde, como também otimizar a produtividade da fazenda. A redução de perdas entre os bezerros e o aumento da taxa de sobrevivência refletem diretamente no sucesso econômico da atividade, garantindo uma criação saudável e eficiente. Por isso, investir em práticas preventivas e em uma supervisão constante é essencial para proteger o rebanho e garantir o crescimento sustentável da produção pecuária.

Escrito por Compre Rural

VEJA TAMBÉM:

ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias

Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM