Setor adota cada vez mais práticas de bem-estar animal; No último ano, 40 fazendas e várias empresas que atuam na cadeia do leite obtiveram a certificação de empresa amiga do bem-estar animal
A pecuária leiteira brasileira começa a abraçar cada vez mais o movimento pelo bem-estar animal, um conceito mundial que ganha força no Brasil. “Essa é uma exigência que partiu dos consumidores, mas os produtores já estão aderindo à causa e estão descobrindo as vantagens de se tratar animais com maior cuidado e conforto”, explica Heloise Duarte, diretora de operações da Ideagri, agtech mineira especializada em softwares de gestão de fazendas de gado de corte e de leite.
A Ideagri é a primeira produtora de softwares certificada com o selo “Empresa Amiga do Bem-Estar Animal”, emitido no Brasil pela consultoria neozelandesa QConz, em parceria com o projeto #BebaMaisLeite.
“O setor do leite está respondendo de forma ativa à pressão do mercado”, explica Helena Karsburg, diretora de certificações do #BebaMaisLeite.
“Neste último ano, 40 fazendas e várias empresas que atuam na cadeia do leite obtiveram a certificação de empresa amiga do bem-estar animal”, contabiliza ela.
“O número vai crescer porque o bem-estar animal tem uma ligação direta com produtos de maior qualidade e o produtor entende e valoriza isso”, diz Helena Karsburg. “Para quem produz leite é uma garantia de competitividade e uma forma de elevar sua reputação diante dos consumidores.”
Visão mais sustentável
O conceito do bem-estar animal deriva da visão mais sustentável e integrada da vida na Terra. Essa linha de pensamento começou com força na Inglaterra e conquistou adeptos entre os consumidores de produtos de origem animal em todo o mundo.
Em escala cada vez maior, os consumidores passaram a exigir melhor tratamento dos animais. Produtores começaram a ser avaliados não só pela qualidade do que produzem, mas também pelo cuidado dispensado aos animais durante todo o seu ciclo de vida.
A pesquisa “Consumo às cegas: percepção do consumidor sobre o bem-estar animal na América Latina”, realizada pela organização World Animal Protection e pelo Instituto Ipsos no Brasil, Chile, Colômbia e México, dá suporte à aprovação popular ao conceito do bem-estar animal.
Segundo o estudo, embora 66% da população brasileira não saiba como funciona o processo de produção de alimentos de origem animal, 82% dos brasileiros comprariam produtos que trouxessem um selo de “bem-estar animal”, e 72% comprariam somente esses produtos caso o preço fosse o mesmo daqueles sem a certificação.
Outra informação interessante da pesquisa é que nove em cada 10 brasileiros acreditam que um sistema de bem-estar produz carne de melhor qualidade. Do ponto de vista de tendência, um dado ainda mais interessante: os jovens de 18 a 29 anos têm maior preocupação com os métodos de criação e abate de animais.
“O bem-estar animal traz ganhos de qualidade, de produtividade e de imagem. O público está atento”, afirma Heloise Duarte, da Ideagri.