País justificou suspensão por impedimento da Lituânia; Governo brasileiro pode aumentar compra de países como Canadá e Irã, mas é preciso se atentar!
A venda de fertilizantes agrícolas ao Brasil está suspensa por parte de Belarus, de acordo com a Embaixada do país em Brasília. Em nota enviada à CNN nesta terça-feira (1), a diplomacia Bielorussa afirma que o fornecimento teria sido interrompido por causa de um bloqueio feito pela Lituânia.
O Brasil foi avisado nesta terça-feira (1º) que não conseguirá mais comprar fertilizantes de Belarus, segundo informações obtidas pelo G1. O país é responsável por mais de 20% de todo o produto utilizado pelo agronegócio brasileiro. Em uma entrevista para o jornal Correio Braziliense, o embaixador de Belarus no Brasil, Sergey Lukashevich, disse que o país, aliado de Moscou, já vem sendo impactada pelas sanções impostas a Rússia.
“Os fertilizantes bielorussos ocupam 20% do mercado no Brasil e seu fornecimento foi interrompido devido ao bloqueio do trânsito da Lituânia através de seu território até o porto de Klaipeda (Lituânia), que tem sido historicamente utilizado para enviar fertilizantes potássicos de Belarus para o Brasil”, diz a Embaixada de Belarus.
“O lado lituano proibiu o trânsito sob pretextos políticos rebuscados e declarou que o trânsito de fertilizantes de potássio bielorussos para o Brasil, entre outras coisas, ameaçava a segurança nacional da Lituânia”, completa a nota.
Segundo relatos feitos à CNN, o Ministério da Agricultura tem mantido contato desde quinta-feira (24) com exportadores do produto e diplomatas brasileiros para avaliar o impacto do conflito sobre a balança comercial brasileira. O Brasil é o maior importador mundial, com cerca de 13% de todo o volume comprado pelo planeta.
O receio é de que a interrupção das exportações pela Rússia e pela Belarus elevem o preço do produto, prejudicando a safra brasileira deste ano. Para evitar o cenário de escassez, o governo brasileiro tem discutido aumentar a importação de países como Canadá e Irã, já que não tem atualmente estoque suficiente no país.
A CNN aguarda posicionamentos do Ministério da Agricultura e do Itamaraty.
Guerra entre Rússia e Ucrânia vai onerar pecuaristas brasileiros, diz CNA
O impacto do conflito entre Rússia e Ucrânia também provoca estragos na cadeia da pecuária. Criadores de bovinos, suínos e aves, que têm boa parte de custos baseada no consumo de grãos (como milho e farelo) para alimentar os animais, terão pela frente um cenário mais complicado.
A Ucrânia é uma grande produtora de milho e a Rússia, um dos maiores produtores de trigo. Mesmo que o trigo não seja usado como ração no Brasil – ainda que existam projetos que já tenham mostrado essa viabilidade – quando o preço do grão sobe ele puxa a cotação de outros grãos.
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Apesar da alta moderada esperada para o preço do milho, a principal fonte de ração animal, na casa de um dígito, analistas afirmam que o nível atual das cotações do grão já é muito elevado e pressiona custos. “O aumento dos preços das commodities vai impactar no custo das cadeias de produção de aves, suínos e bovinos”, afirma Bruno Lucchi, diretor técnico da CNA.
Ele diz que essa alta adicional de preço do milho por conta do conflito piora um quadro que já era crítico para muitos pecuaristas. Isso porque houve quebra na segunda safra de milho de 2021, e a primeira safra do grão deste ano foi afetada pela seca no Sul.