Produtores de leite de seis estados brasileiros participaram do debate para expor situações, dificuldades e propor um plano de apoio ao setor; juros acima da média de mercado é uma das barreias
Dando sequência a série de lives promovida pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), com apoio da subcomissão do leite na Câmara dos Deputados, foi ao ar, nesta segunda-feira (13), a segunda edição do Fórum Nacional de Incentivo a Cadeira Leiteira para debater os “principais entraves de comércio, acesso à tecnologia e custo de produção”.
A deputada federal Aline Sleutjes (PSL-PR) mediou o debate com produtores de leite de seis estados brasileiros – cuja a produção é de até 5 mil litros por dia – para expor situações, dificuldades e propor um plano de apoio ao setor. “Temos muitas coisas para melhorar e evoluir. E cada dia com tecnologia, desenvolvimento e apoio do governo as nossas dificuldades vão ser diminuídas,” disse.
A parlamentar afirma que apenas 1% do leite é exportado no Brasil – 35 bilhões de litros. “Precisamos crescer ainda mais nossa cadeia produtiva de pequenos, médios e grandes produtores para exportação. Temos que pensar no leite como um produto intermediário que vai da condições de exportarmos o doce de leite, queijo e derivados.”
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O Brasil é o 3º maior produtor de leite do mundo, e o alimento é o sexto de maior importância na cadeia do agro brasileiro. Ainda assim, o setor enfrenta dificuldades por conta dos altos custos na produção em consonância com a falta de políticas públicas, destacou o pecuarista de Minas Gerais, Renato Laguardia. “É importante que os governos federais, estaduais e municipais olhem para os médios produtores. Uma grande dificuldade que temos são os juros acima da média de mercado,” explicou.
O deputado Celso Maldaner (MDB-SC) enfatizou que é importante olhar de forma diferenciada para o pequeno e médio produtor. “Uma vez o agronegócio representava 10% do PIB, hoje ele representa 25%. Na cadeia do leite, o pequeno vai ter que se unir através de associação e cooperativismo para ser competitivo.”
Durante a discussão, Geovandro Vieira, produtor em Goiás, ressaltou a importância do acesso a tecnologia a cadeia leiteira no país. “Precisa ser trabalhada nessa legislação a assistência técnica para atender todos os produtores. Roelof Hermannes, do Paraná, falou que há carência na questão da pesquisa. “Estamos defasados nas pesquisas. E na questão de suprimentos de medicamentos, todos são de laboratórios internacionais e pagamos ônus para eles. Precisamos melhorar nossa infraestrutura laboratorial e pesquisas.”
Para Wander Bastos, produtor de São Paulo, um dos grandes entraves é a assistência técnica e extensão rural. “Aqui no nosso estado a deficiência é ainda maior e o produtor precisa saber fazer a gestão da sua propriedade.”
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José Carlos, de Santa Catarina, disse que a falta de previsibilidade do preço do leite deixa os produtores amarrados. “As indústrias colocaram para nós que o pagamento será disponibilizado a partir do dia 15 de cada mês e algumas até o dia 25 do mês subsequente. Isso é um absurdo.” Já Jeferson Maciel, produtor do Rio Grande do Sul, contou que um problema bem pontual é o valor do produto e saber quanto o produtor vai receber. “Hoje não vendemos o leite, nós entregamos. Entregamos o produto por 30 dias, a indústria leva, beneficia, comercializa, faz o seu custo e depois vê quanto vai nos pagar.”
A próxima live do Fórum Nacional de Incentivo a Cadeira Leiteira vai ao ar na próxima segunda-feira (20), com o tema “novas políticas para a cadeia leiteira, indexador de preço de leite, mercado futuro e tendência de consumo de produtos lácteos”, a partir das 15h, nas redes sociais da FPA.