Balanço do mercado da carne bovina em 2024

Com estoques abastecidos e ampla oferta de bovinos para abate, os preços dos cortes de carne ficaram pressionados até maio de 2024.

O mercado atacadista de carne desossada sentiu a volatilidade do mercado do boi gordo ao longo do ano. Com estoques abastecidos e ampla oferta de bovinos para abate, os preços dos cortes de carne ficaram pressionados até maio de 2024. Nos dois meses seguintes, a cotação subiu moderadamente, variando 1,0% e 3,5%, respectivamente.

No segundo semestre, o forte aumento da demanda impulsionou os preços, cuja alta foi de 24,6% em média, até 18/12. Em dezembro, a cotação média foi a maior do ano, R$38,56/kg, aumento de 24,2% em relação a dezembro de 2023.

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O mês com o menor preço médio foi abril, com R$28,83/kg, uma retração de 7,1% em comparação ao mesmo período de 2023. Esse resultado sugere queda do consumo e aumento dos estoques durante o período.

Figura 1.
Preço médio da carne bovina desossada, em R$/kg, no mercado atacadista em São Paulo (eixo da esquerda) e a variação mensal (eixo da direita), entre 2023 e 2024.

*até 18/12
Fonte:
 Scot Consultoria

Desde agosto, os preços seguiram subindo. A oferta de bovinos diminuiu, enquanto a demanda, tanto interna, quanto externa, melhorou em relação ao primeiro semestre, comportamento típico para o período.

Em dezembro, até 18/12, foi registrada a maior média de preço do ano, tanto no varejo (R$55,58/kg) quanto no atacado (R$38,56/kg). Este cenário obedece a uma tendência observada nos últimos anos, impulsionada por fatores sazonais, como contratações temporárias, pagamento do 13º salário e as festividades de fim de ano, que tradicionalmente aquecem a demanda por carne bovina.

Exportação

Até a segunda semana de dezembro, foram exportadas 89,3 mil toneladas de carne bovina in natura, com a média diária embarcada de 8,9 mil toneladas, retração de 14,3% frente ao mesmo período em 2023.

Até o momento, apesar da redução no volume exportado em dezembro frente ao ano anterior, o mercado externo se manteve aquecido ao longo dos 11 meses de 2024. A única exceção foi junho, que registrou uma queda moderada de 0,2%. O destaque foi outubro, com um recorde de 366,9 milhões de TEC exportadas. Esse desempenho expressivo foi favorecido pelo câmbio e pela superprodução, que ampliaram a competitividade das exportações brasileiras (figura 2).

Figura 2.
Volume de carne bovina in natura exportada, em milhões TEC (eixo da esquerda), e variação mensal entre 2023 e 2024 (eixo da direita).

Fonte: Secex. Elaboração: Scot Consultoria

Em abril, o varejo alcançou sua melhor margem do ano, atingindo 58,7%, devido à queda nos preços de aquisição da carne.

Embora as margens não representem o lucro, pois não consideram os custos operacionais, margens mais amplas sugerem ao mercado varejista maior flexibilidade nas estratégias de precificação.

Ao longo dos 12 meses, a variação das margens foi negativa em comparação a 2023. Esse resultado se deve à queda nos preços no varejo combinada com uma variação moderada nos preços do atacado, reduzindo a diferença entre os dois mercados (figura 3).

Figura 3.
Margem do varejo da carne bovina em relação ao preço do atacado de carne sem osso (eixo da esquerda) e variação mensal entre 2023 e 2024 (eixo da direita) em São Paulo.

Margem de comercialização

Com a queda na cotação do boi gordo no primeiro semestre, a margem dos frigoríficos esteve positiva de fevereiro a setembro. O destaque foi junho, que registrou a maior margem do período, atingindo 36,7%.

No entanto, a partir de setembro, com a recuperação do preço da arroba do boi gordo, a margem diminuiu, ficando abaixo da média nos meses seguintes (figura 4). 

Figura 4.
Média mensal da margem da desossa 2023 e 2024. 

*até 18/12
Fonte:
 Scot Consultoria

Expectativa

Para o início do próximo ano, é esperado um quadro de boa oferta de bovinos, o que, após as recentes altas na arroba do boi gordo, indica um possível de ajuste nos preços, com possibilidade de demanda interna mais comedida.

No mercado interno, a perspectiva é positiva, sustentada pela expectativa de queda contínua na taxa de desemprego. Esse fator deve ampliar o poder de compra do consumidor, que desempenha um papel importante na dinâmica de consumo de carne bovina.

No mercado externo, a tendência também é favorável. Espera-se que as exportações se mantenham aquecidas, com a carne bovina brasileira permanecendo competitiva, especialmente devido à desvalorização do real, que fortalece o produto no mercado internacional.

Fonte: Scot Consultoria

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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