A Aprosoja estima uma produção de 135 milhões de toneladas de soja, valor inferior à previsão da Conab.
A safra de soja do período 2023/24 está em andamento no país, evidenciando perdas de produtividade devido a adversidades climáticas ocorridas no final do ano anterior, especialmente nas regiões Centro-Oeste e Sul. Recentemente, no Centro-Oeste, as perdas parecem ter sido contidas com a melhora nas condições climáticas. No entanto, no Sul, a propagação da ferrugem asiática ainda representa uma ameaça que pode resultar em prejuízos significativos.
Antonio Galvan, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil), estima uma produção de 135 milhões de toneladas no país, ou até menos. Isso contrasta com a colheita de 154,6 milhões de toneladas no ciclo 2022/23. Galvan destaca relatos que indicam uma quebra na produção superior à estimativa feita pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) em fevereiro. A última previsão da Conab situa a produção em 149,5 milhões de toneladas, com um novo levantamento a ser divulgado na terça-feira (12).
Em Mato Grosso, ao contrário dos resultados desanimadores nas primeiras áreas colhidas em dezembro de 2023, a produtividade agora mostra sinais de estabilização, alcançando 90,42% da área colhida, de acordo com Cleiton Gauer, superintendente do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Gauer observa uma melhoria no rendimento, mas destaca que ainda está longe dos excelentes resultados da temporada anterior.
O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) optou por manter a estimativa de produtividade em 52,81 sacas por hectare, em comparação com as 62,30 sacas por hectare registradas na safra anterior. O período de colheita no estado deve prolongar-se por mais um mês, e uma média consolidada será estabelecida após a conclusão dos trabalhos.
No âmbito do grupo Bom Futuro, a colheita de soja abrangeu 90% da área, apresentando uma produtividade entre 55 e 56 sacas por hectare. No entanto, José Vengrus Filho, diretor de mecanização da Bom Futuro, expressa a expectativa de um desempenho superior, destacando que o resultado poderia ter sido melhor. O grupo investiu visando alcançar, no mínimo, sua média histórica de 70 sacas por hectare. Contudo, as condições climáticas excepcionais, com temperaturas acima da média e um calor de 40º C por vários dias consecutivos durante o plantio, impactaram negativamente.
Na região do Matopiba, o impacto do clima foi diversificado. As lavouras de soja no Maranhão apresentam uma variedade significativa de aspectos. Em uma mesma propriedade, é possível observar plantas vigorosas e verdes em alguns talhões, enquanto em outros, as plantas são pequenas e as vagens estão espaçadas, relata José Carlos Oliveira de Paula, presidente da Associação de Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja-MA). Sua expectativa é que a safra termine entre 10% e 12% abaixo da previsão inicial de 3,6 milhões de toneladas.
As regiões mais afetadas por períodos de seca intensa no Maranhão foram as situadas no lado leste e sul do Estado. Por outro lado, o nordeste maranhense desfrutou de índices pluviométricos favoráveis, o que indica uma expectativa de produtividade alinhada com os resultados alcançados durante o período de 2022/23.
Em São Raimundo das Mangabeiras, onde a BrasilAgro mantém uma extensão de 12 mil hectares destinados ao cultivo de soja, as plantações apresentam um cenário promissor, à beira da colheita. Gustavo Javier Lopez, diretor financeiro da BrasilAgro, destaca a topografia plana e uniforme da área como propícia para o cultivo, ressaltando a ausência de áreas desfavoráveis. Conforme relata André Guillaumon, CEO da empresa, houve a necessidade de replantar algumas parcelas, mas a produtividade média deverá se manter próxima ao desempenho do ciclo anterior, atingindo aproximadamente 60 sacas por hectare.
A SLC Agrícola, com uma extensão de 320 mil hectares de soja distribuídos em sete Estados, comunicou que já colheu 60% de sua área total, registrando uma média de quebra de safra de 12%. Aurélio Pavinato, CEO da SLC, destaca que, apesar das significativas perdas no Mato Grosso, é esperada uma safra abundante na Bahia e no Maranhão.
No Rio Grande do Sul, as condições climáticas úmidas favoreceram a disseminação da ferrugem asiática. Segundo Galvan, representante da Aprosoja Brasil, devido à agressividade da ferrugem, estima-se que a quebra na safra possa reduzir a produção para 18 milhões de toneladas ou até menos. Até o momento, a Emater-RS projeta uma colheita de 22,3 milhões de toneladas, representando um aumento de 71,5% em relação ao ciclo anterior de 2022/23, que foi marcado por uma redução na produção no Estado.
O plantio enfrentou atrasos devido ao excesso de chuvas no final de 2023, mas desde então, as condições climáticas se estabilizaram. Claudinei Baldissera, diretor técnico da Emater-RS, destaca que o sucesso agora depende dos tratamentos fitossanitários, havendo uma maior incidência de ferrugem asiática devido à persistente umidade. Até o momento, a colheita no Estado não ultrapassou 1%.
No Paraná, já foram colhidos 64% dos 5,8 milhões de hectares plantados. Edmar Gervásio, do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e do Abastecimento do Paraná, afirma que as condições climáticas estão favoráveis neste mês. Apesar disso, prevê-se uma quebra de 16,4%, resultando em uma produção de 18,2 milhões de toneladas, devido às ondas de calor no final de 2023.
A Cocamar, atuante nos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo, relata uma queda de 30% na produtividade em 60% de suas áreas, devido às intensas ondas de calor. Rafael Furlanetto, gerente técnico da Cocamar, informa que a produtividade dos cooperados está em torno de 40 sacas por hectare, contrastando com a previsão inicial de 60 sacas. A situação mais crítica é observada no Vale do Paranapanema, onde a produtividade varia entre 16 e 18 sacas por hectare.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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