‘Atoleiros, mortes e prejuízos’: Realidade dos pecuaristas no Mato Grosso

Vídeo mostra desabafo de pecuarista que perdeu dezenas de cabeças de gado durante o transporte nos estradas do Mato Grosso

Um dos grandes desafios do agronegócio brasileiro é a logística. Os atoleiros na MT-170 são um desses exemplos que assistimos todos os anos acontecer, os atrasos e acidentes são corriqueiros entre as cidades de Castanheira e Colniza. Os atoleiros registrados na estrada têm dificultado as viagens de motoristas que passam pelo trecho de aproximadamente 300 quilômetros e corta de Castanheira a Colniza, a 893 km e 780 km de Cuiabá, respectivamente.

O ponto mais crítico, atualmente, segundo os motoristas, fica em Juruena e a viagem que poderia ser feita em um dia pode demorar uma semana. Pelo menos seis cidades dependem diretamente dessa rodovia e sem a ajuda do governo, os caminhoneiros e passageiros de ônibus se organizam em mutirão para liberar o tráfego. Em nota o governo estadual informou que, junto com os consórcios intermunicipais, está trabalhando com máquinas diariamente na região.

Os prejuízos contabilizados pelos produtores fez com que a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) constatar a situação in loco durante mais um edição do Acrimat em Ação. O prejuízo, segundo a entidade, ocorre não apenas para os pecuaristas, empresas de transporte, caminhoneiros e frigoríficos, mas também para o estado em termos de arrecadação. A entidade percorreu na última semana o trecho de Juruena a Castanheira, um dos mais críticos da rodovia estadual.

Também segundo a entidade, foi possível constar caminhões boiadeiros carregados atolados esperando há três dias a chegada de maquinários para realizar a remoção do local, além de um ônibus com passageiros atolado há dois dias.

“Um animal desse aí vai chegar todo machucado. Dentro do frigorífico ele vai passar por uma limpeza e aí você perde muito. Não só o pecuarista, mas como o estado mesmo, que vai diminuir a incidência de ICMS dentro da nota fiscal. Então, todo mundo perde. O frigorífico perde, o estado perde e o pecuarista”, pontua o gerente de Relações Institucionais da Acrimat, Nilton Mesquita Junior.

Nos comentários da publicação alguns produtores lembraram que o Fundo de Transporte e Habitação – FETHAB precisa ser empregado nestas vias. Imposto aprovado em dezembro de 2022, a nova taxa incide sobre a comercialização de commodities, expectativa do governo é arrecadar R$ 900 milhões em 2023.

No vídeo abaixo é possível ver a indignação do pecuarista João Antônio da Silva, ele perdeu parte do seu gado nos atoleiros da MT-170, segundo ele foram duas tentativas por caminhos diferentes entretanto com o mesmo resultado, acidentes que levaram a morte de parte do gado comercializado.

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A estrada foi federalizada em 2008 para que a União fizesse a pavimentação, mas como as obras não foram realizadas em mais de dez anos, o governo do estado solicitou a concessão. Com a estrada novamente sob gestão de Mato Grosso, o trecho continuou sem asfalto.

problemas nas estradas rurais do mato grosso
Foto: Divulgação

Posição do governo de Mato Grosso

Segundo a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT), as empresas contratadas pelo Governo de Mato Grosso para asfaltar a MT-170/208/418, antiga BR-174, já estão mobilizadas e trabalhando na manutenção da rodovia localizada no Noroeste mato-grossense.

Com 271,6 quilômetros de extensão, o trecho que será asfaltado liga os municípios de Castanheira e Colniza, passando por Juruena e Aripuanã (Passagem do Loreto). Ainda serão construídas 23 pontes de concreto ao longo das rodovias.

A obra foi dividida em seis lotes. Em quatro deles (1, 2, 3 e 6), que totalizam 176,6 km, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT) já assinou a ordem de serviço para o início das obras, o que vai ocorrer após o período das chuvas. Os trechos estão localizados entre Castanheira e Juína e próximo à Colniza. Outros dois lotes, assim como a construção das 23 pontes, estão em fase final de revisão do projeto e serão licitados neste semestre.

Além disso, a estrada tem grande fluxo de caminhões pesados, com mais de 90 toneladas, o que dificulta a sua manutenção durante chuvas fortes. “Em muitos trechos, a rodovia tem o seu leito mais baixo do que a lateral, ou seja, a água não tem para onde escorrer e fica parada na pista”, explica o secretário de Infraestrutura, Marcelo de Oliveira.

Previsão do tempo para a região

Já a previsão do tempo para os próximos dias aponta que as chuvas devem continuar pelos próximos 15 dias, conforme aponta o Clima Tempo, para o município de Castanheira. Já o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), está com um alerta laranja, que indica perigo, que vai até às 10 horas desta quarta.

O Inmet aponta que deve chover entre 30 e 60 milímetros por hora ou 50 e 100 milímetros por dia. Os ventos também devem ser intensos e podem chegar a 100 km/h. Também há risco de queda de energia elétrica, queda de galhos e árvores, além de alagamentos e descargas elétricas.

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