Boi gordo: ‘Incertezas do mercado devem permanecer por mais tempo’. As flutuações são grande e a pressão dos frigoríficos é de baixa, mas produtor retém o gado no pasto.
Com o agravamento do novo coronavírus em outros países, a União Europeia já reduziu o volume de compras de carne bovina in natura Brasileira. A Europa fora das compras e o valor do petróleo faz com que outros países, como a Rússia e Oriente Média, renegociem o valor do produto.
De acordo com o Analista de Mercado da Scot Consultoria, Hyberville Neto, as exportações são um ponto importante e a China ainda está voltando às compras em ritmo lento. “A tendência é que a potência asiática precise recompor os estoques para os próximos meses, apesar de estar com uma economia mais fragilizada”, ressalta.
As cotações no mercado físico do boi gordo estão com uma leve pressão de baixa já que os frigoríficos estão testando uma demanda incerta. “O que está segurando as pontas é a retenção dos animais por parte dos pecuaristas que contam pastos de boa qualidade”, afirma.
O ritmo de negócios está lento, com patamares de referências no estado de São Paulo para o boi gordo está ao redor de R$ 188,00/@, à vista e livre de funrural. “A pressão de baixa diminuiu frente a semana anterior visto que a venda de animais foi mínima”, aponta.
Atualmente, as programações de abate estão próximas de três dias úteis e o novo coronavírus pode comprometer a rentabilidade das pequenas e médias indústrias. “Esse cenário é muito complicado e algumas indústrias de médio porte podem fechar as portas ou dar férias coletivas. É algo para se acompanhar de perto”, diz Neto.
Mercado informado no app Agrobrazil
Segundo o app da Agrobrazil, o número de negociações concretizadas pelo país começam a ser informadas e estão com um viés de alta, mas não sabemos até quando. Pecuaristas de Sales/SP, fizeram vendas de R$ 200/@ com pagamento à vista e abate para o dia 24 de março, escala curta nos frigoríficos, conforme imagem abaixo. Já em Jutil/MS, ficou em R$ 186/@ com pagamento à vista e abate em 27 de março. Em Adolfo/SP, a arroba ficou cotada em R$ 195 com pagamento à vistai e abate dia 27 de março.
Como demonstrado acima, a escala está curta demais, mostrando uma necessidade da indústria de recompor escalas e estoques, já que a população desabastece os mercados, buscando se preparar para o período de quarentena. Entretanto, no médio prazo, podemos ter uma menor demanda interna.
Preços devem cair nos próximos meses, aponta Scot
Segundo o presidente da consultoria, se houver uma recessão global, consumo de carnes vai diminuir, afetando mercado bovino.
Com o avanço do novo coronavírus, as cotações do boi devem cair nos próximos meses. É o que aponta o presidente da Scot Consultoria, Alcides Torres. Segundo ele, se houver uma recessão econômica global, o consumo de carnes vai diminuir afetando diretamente o mercado do boi.
Torres afirma que há possibilidade de dois cenários: o negativo, com a diminuição de consumo e se frigoríficos oferecerem menos pela arroba; e o positivo, caso aumente o consumo e caso a cotação não caia, ou pelo menos se mantenha estável.
Mesmo com a diminuição do consumo europeu, o Brasil segue sendo a melhor opção de compra. “O cenário podia estar pior, mas estamos num ano de alta dos preços e pode ser que os frigoríficos comprem mais, mas não há dados e números porque ainda tem que esperar a situação se desenrolar”, afirma Torres.
Para os produtos avícolas, o consumo vem aumentando junto com o avanço do vírus. A informação é do diretor executivo da Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) e do Sindicato da Indústria de Produtos Avícolas no Estado do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos. Por conta do possível desabastecimento, houve uma grande procura de parte da população por ovos, carne de frango e outros produtos.
- Vaca Nelore Carina FIV do Kado bate recorde mundial de valorização
- ‘Boicote ao boicote’: cadeia produtiva de bovinos quer deixar o Carrefour sem carne
- Jonh Deere enfrenta possíveis tarifas com sólida estratégia, diz CEO
- Maior refinaria de açúcar do mundo terá fábrica no Brasil para processar 14 milhões de t/ano
- Pecuarista é condenado a 3 anos de prisão por matar mais de 100 pinguins na Argentina
Santos afirma que tiveram problemas logísticos por causa da grande procura, mas que o setor está trabalhando para se manter ativo e logo se estabilizar novamente.
As incertezas do mercado devem permanecer por mais tempo, até o controle da pandemia, e com frigoríficos ofertando preços muito abaixo da referência para a compra da matéria prima. Segundo a Scot, o estoque atacadista pode sofrer alterações, o que surtirá efeito direto sobre o preço da carne comercializada.
Compre Rural com informações da Scot Consultoria, Notícias Agrícolas, Agrobrazil e Agências.