Até quando vai faltar boi gordo? Arroba vai a R$ 290?

O “apagão” de hoje na reposição será a menor oferta do boi gordo no futuro. Isso é fato, mas quais as perspectivas para o futuro do boi no Brasil? Veja!

A maior demanda por carne, no mundo, tem refletido em uma maior busca do pecuarista em ofertar mais boi gordo para os frigoríficos. Além disso, os atuais preços da arroba, média de R$ 265/@ para as praças paulistas, tem incentivado o produtor. Diante dessa crescente demanda, observamos uma menor oferta de animais para abate, desde meados de junho, fator esse que tem ajudado na sustentação dos atuais preços da arroba. Mas afinal, até quando vai faltar boi gordo no mercado?

“Se hoje a gente sente falta do bezerro, ano que vem, a gente ainda vai sentir falta do boi gordo. Isso já dá uma dica de como vai estar a temperatura do mercado para o ano que vem”, diz Lygia Pimentel, médica veterinária, economista e CEO da consultoria Agrifatto, de São Paulo (SP).

Ciclo pecuário

Nos últimos anos, o volume de fêmeas abatidas foi grande, já que a cria estava “desvalorizada”, ficando o pecuarista desmotivado com a atividade. Entretanto, segundo os dados divulgados pela Agrifatto, ao analisar os números de abate de fêmeas estão entre os mais baixos da última década. O porcentual é de 38% de fêmeas contra 62% de machos. Em 2019, o porcentual de abate de fêmeas foi de cerca de 42%.

Esse movimento é reflexo do ciclo pecuário em que estamos vivendo. A maior demanda por carne, chegou no momento em que ocorre um encurtamento entre a cria e a engorda. Esse é o poder do ciclo pecuário!

No passado, o ciclo da pecuária era de cinco anos. Hoje já temos idade de abate que chegam a três anos e até menos que isso.

Volume de animais confinados

Outro fator importante que deve ser levado em consideração é o volume de animais confinados. Segundo os dados da Assocon, houve uma diminuição no confinamento pelo país na ordem de 17% a 30%. A pandemia, aumento dos custo de produção e menor oferta de animais para reposição são os fatores que impactaram na hora de tomar a decisão de fechar o gado no cocho.

Diante desse fator, os animais que ficaram para engorda a pasto estão com maior dificuldade na engorda, já que o período da seca se estende pelo Centro-Oeste do país. Esse fator vai limitar, ainda mais, a oferta de animais nos próximos meses.

As pastagens estão deterioradas no Centro-Oeste e isso acaba atrasando a engorda dos animais de pasto, reduzindo a oferta deles para o abate. Esperasse que esses animais vão estar prontos para o abate somente no primeiro trimestre do ano que vem, sendo assim, deve gerar uma lacuna de oferta em um momento de demanda aquecida.

Demanda externa e interna

A China, principal centro consumidor do mundo, está buscando aumentar o volume de carne negociado com os frigoríficos habilitados do Brasil. Esse cenário, aliado ao retorno das atividades econômicas no país, vai trazer uma nova lacuna no mercado do boi gordo, assim como em novembro de 2019.

Essa menor oferta de animais para abate e o aumento do consumo interno e externo, vai pressionar os atuais preços para cima. Sendo assim, é possível que os valores da arroba cheguem, em um cenário otimista, aos patamares de R$ 290,00/@ na primeira quinzena de novembro, período com entrada da massa salarial e feriados prolongados.

Preço no mercado futuro

O fim da terceira semana de outubro também foi positiva na B3, com os contratos futuros fecharam a sexta-feira em campo positivo. O contrato com vencimento mais curto, o outubro/20, avançou timidamente 0,04%, cotado a R$ 266,70. Já o novembro/20, fechou em R$ 279,45, ganho diário de 0,40%.

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