As últimas safras de soja, em especial a safra 2023/24, foram marcadas por relatos de injúrias nas vagens que estavam concentradas nos grãos provocada por roedores. Essa injúria foi inicialmente atribuída ao ataque de grilos e combatida com aplicações de inseticidas.
A presença de ratos nas lavouras de soja e milho representa um desafio significativo para os agricultores, comprometendo a produtividade e a qualidade das colheitas. Identificar corretamente os sinais de ataques desses roedores é crucial para o manejo integrado de pragas (MIP), uma abordagem que visa controlar as populações de pragas de forma sustentável e eficaz. Este artigo aborda os desafios inerentes ao diagnóstico preciso dos danos causados por ratos e as estratégias para implementar com sucesso o MIP nas culturas de soja e milho.
As safras recentes de soja, especialmente a de 2023/24, apresentaram diversos relatos de danos nos grãos das vagens (Figura 1). Inicialmente, esses danos foram atribuídos ao ataque de grilos e foram combatidos com inseticidas.
Ao investigar mais a fundo, notou-se que em algumas áreas as vagens estavam amontoadas (Figura 2), um comportamento típico de roedores.
Com isso, surgiu a suspeita de que os grilos não eram os verdadeiros culpados. Para verificar essa hipótese, foram instaladas armadilhas na fazenda experimental da Embrapa Soja em Londrina, PR. Já na primeira noite, ratos foram capturados (Figura 3). Essas armadilhas foram mantidas por mais uma noite com ramos de soja sem danos em seu interior. Na manhã seguinte, as vagens estavam danificadas, confirmando que os roedores estavam consumindo a soja (Figura 4).
Paralelamente, uma gaiola foi instalada em uma lavoura vizinha contendo 43 grilos (Figura 5A). Após uma semana, os grilos estavam vivos e presentes na gaiola (Figura 5B), mas não houve danos nas vagens (Figura 5C).
Esses resultados destacam a importância de um diagnóstico preciso para o sucesso do manejo integrado de pragas (MIP). Usar inseticidas no alvo errado não só é ineficaz como também aumenta os custos e pode eliminar insetos benéficos, levando a maiores desequilíbrios nas lavouras. O MIP-Soja promove estratégias para o uso correto de inseticidas, reduzindo até 50% o uso de produtos químicos tradicionais em comparação com áreas onde o MIP-Soja não é adotado.
O uso racional de inseticidas ajuda a preservar o controle biológico natural, essencial para uma produção de soja sustentável. Para isso, é crucial que o diagnóstico dos problemas fitossanitários seja preciso e que o controle seja adotado apenas quando necessário e contra a praga correta. Dessa forma, tanto o produtor quanto o meio ambiente saem ganhando.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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