Kaio Jorge, atacante do Cruzeiro, divide sua paixão entre o futebol e cavalos; jogador construiu um haras em Gravatá, município a 80 quilômetros de Recife, capital do estado de Pernambuco
O atacante do Cruzeiro, Kaio Jorge, de 22 anos, revelou recentemente que é um apaixonado por cavalos. O jogador que é natural de Recife, construiu o Haras KJ, que leva as iniciais do seu nome, em Gravatá, município a 80 quilômetros da capital, e se inspira em sertanejos como Wesley Safadão e Gustavo Lima para empreender na equinocultura
“Cavalo sempre foi minha paixão desde pequeno, meu avô que faleceu sempre alugava cavalo para eu ficar andando na rua” – disse Kaio. O atleta começou a criação de cavalos em 2019, já que sempre foi um grande sonho de sua vida. “Quando eu era mais novo não tinha condições pra manter um”.
O jogador, que até recentemente pertencia a Juventus da Itália, foi repatriado pelo Cruzeiro. O time mineiro pagou cerca de R$ 25,8 milhões e o jovem jogador assinou um contrato de cinco anos. Na Juve, Kaio Jorge não conseguiu se firmar, e não teve sorte. Foram 11 jogos antes de sofrer grave lesão no joelho, o que interrompeu seu processo de adaptação. Com 22 anos, Kaio Jorge decidiu retornar ao Brasil para tentar retomar também a sua carreira.
“Quando tô aqui é sorriso 24 horas por dia”. A afirmação, feita pelo jogador no Haras KJ, revela raiz pouco conhecida do atacante do Cruzeiro: o gosto pela natureza, em especial os cavalos. E tem sido o município, distante 80 km da capital, a razão (e o refúgio) que conecta as paixões do recifense.
Não qualquer refúgio, diga-se. Mas um haras de 14,5 hectares equipado com piscina, academia de última geração e até pista de vaquejada. E, por óbvio, cavalos. Onde o Kaio Jorge atleta descalça as chuteiras, põe botas e se sente vaqueiro.
“Recebo até reclamação aqui de casa porque não paro quieto. Acordo 6h, tomo café rapidinho, já vou ali nas baias olhar os cavalos. Aí dou uma mãozinha na ração, dou uma escovadas nos animais, fico vistoriando para ver se está tudo OK e o resto do dia fico admirando essa paisagem”, conta. O jogador conta que enquanto está no haras é outra pessoa, muito mais tranquilo.
Avô é inspiração para o jogador
O carinho remete à infância de Kaio Jorge. Sobretudo às memórias do falecido avô, Severino Pinto da Silva (mais conhecido como seu Silvio). Foi ele o responsável por, desde cedo, estimular o garoto ao convívio com bichos – entre eles, os cavalos, que ganhavam um apreço maior.
“Essa paixão foi crescendo. O cavalo Quarto de Milha me despertou essa paixão. A partir do momento que começo a me identificar mais, com conhecimento, conheci muitos fazendeiros que entendem e me despertaram para o lado de investir”, explica.
Hoje, o Haras KJ tem 22 cavalos, entre competidores, aqueles que “correm boi” (usados em vaquejada) e reprodutores. O projeto do jogador do Cruzeiro é colher os frutos dessa criação para, no futuro, ter “margem para o potro (cavalo novo) ser um futuro garanhão (cavalo destinado à reprodução) ou uma boa matriz (égua usada para reprodução)”.
“Quero fazer disso aqui uma potência”. As palavras de Kaio Jorge antecipam o que está claro: o hobby por cavalos, muito em breve, virará negócio. Que, no Brasil, já é bastante lucrativo. Para se ter uma ideia, em 2023 o mercado de criação de cavalos movimentou R$ 30 bilhões no país, empregando mais de três milhões de pessoas.
Os investimentos, por óbvio, vão nessa conta. Loira Steel, uma das primeiras éguas adquiridas pelo jogador, por exemplo, foi arrematada em leilão no valor de R$ 1 milhão. Mas, esqueçam o dinheiro. O bicho, de tão especial, virou tatuagem – Ângelo, ex-Santos, tem 50% porque também investiu nele.
Assim, Kaio Jorge vai cultivando o amor por cavalos e também as próprias inspirações no ramo da equinocultura: os artistas Wesley Safadão – de quem tem uma égua comprada do garanhão do cantor -, Gustavo Lima, Mano Walter e Xand Avião. O jogador disse que espera crescer no mundo do cavalo assim como os outros cantores.
Mas, enquanto não se torna (ainda) um fazendeiro de sucesso, Kaio Jorge saboreia as próprias raízes.
Sou melhor jogando… Montando eu tenho um pouco de receio às vezes, embora já ande bem. Mas eu prefiro jogar mesmo que é minha área de ofício (rs). E aqui é minha essência. Amo Pernambuco, amo estar aqui com meus amigos, amo as comidas. Cuscuz, charque… Amo estar aqui nesse ambiente.
Enquanto trabalha para construir seu império no mundo da criação de cavalos, Kaio Jorge continua focado em sua carreira como jogador. Ele sabe que o futebol ainda é sua prioridade, mas vê na equinocultura uma oportunidade de construir algo além dos gramados.
Com o apoio de sua família e de seus parceiros no negócio, Kaio Jorge está confiante de que conseguirá conciliar suas duas paixões. “O futebol é o que eu amo fazer, mas estar aqui no haras me dá uma sensação de paz e equilíbrio. Eu quero continuar fazendo isso por muito tempo”, conclui o jogador.
Patrimônio brasileiro, Vaquejada movimenta quase R$ 1 bilhão por ano
A Vaquejada – considerada Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil (Lei 13.364/2016), é uma das 22 modalidades esportivas da Associação Brasileira do Quarto de Milha que mais cresceu nos últimos anos e tem contribuído para movimentar a economia no país, tanto com as premiações em pista (em 2022, a ABQM pagou R$ 1,5 mi nas provas oficiais), quanto na geração de emprego e renda para milhares de famílias nordestinas com os eventos esportivos.
Segundo a Associação Brasileira de Vaquejada (ABVAQ), por ano, são cerca de 720 mil empregos diretos e indiretos gerados pelo setor. A auxiliar de limpeza, Adnailza Maria de Moraes Santos, é temporária em uma empresa terceirizada de serviços gerais. No ano passado, ela trabalhou em quase 50 eventos de Vaquejada. O dinheiro extra tem ajudado a pagar as contas de casa.
Um levantamento realizado pela ABQM revela que o Nordeste é 2ª região do país com o maior plantel de cavalos da raça Quarto de Milha: são mais de 133 mil animais registrados. De acordo com a ABVAQ, por ano, a Vaquejada movimenta mais de R$ 800 milhões na economia brasileira.
Com informações do Globo Esporte
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