O milho híbrido é uma das tecnologias que a agricultura brasileira aderiu e utiliza em todas as safras.
Aproximadamente 90% das sementes comercializadas do cereal são representadas por sementes de milho híbrido, sendo o restante as variedades. A tecnologia permite a obtenção de sementes com maior produtividade e maior uniformidade, e assim contribui significativamente para a evolução da agricultura brasileira.
Atualmente, a intensidade de plantio do milho safrinha tem demandado novo direcionamento para os híbridos de milho. Assim, o ciclo do híbrido torna-se uma característica importante na escolha da semente da cultivar.
O híbrido de milho com superprecocidade, sanidade e alta produtividade é o ideal. A integração deste com materiais de ciclo mais longo colabora para a redução dos riscos de estresse hídrico, além de proporcionar o escalonamento da colheita.
Observações do comportamento dos híbridos de milho plantados em regiões de safrinha demonstra que o ciclo do milho tem relevância no resultado final de produção, e assim sendo, é uma decisão técnica importante, porém, deve ser levada sempre em consideração a época de plantio.
Ciclo de desenvolvimento do milho
O ciclo de um híbrido pode ser determinado em número de dias da semeadura até o pendoamento, a maturação fisiológica ou até a colheita. Assim, os híbridos podem ser classificados como superprecoces, precoces, médios e tardios.
A classificação é baseada no tempo que cada híbrido leva para o florescimento, sendo a temperatura um dos fatores que mais influencia no ciclo de um híbrido para o seu florescimento.O acúmulo de temperatura é transformado em graus/dias para o florescimento (GDF), que é calculado com base na somatória da temperatura média de cada dia menos a temperatura basal da cultura (no caso do milho 10°C).Assim, a fórmula para o cálculo é: .
Baseado nesta fórmula, os híbridos são considerados superprecoces quando apresentam florescimento menor ao acúmulo de 780 GDF, híbridos precoces com florescimento entre 781 e 830 GDF, híbridos médios ou intermediários entre 831 e 900 GDF, e os híbridos tardios quando apresentam o acúmulo superior a 901 GDF.
Precocidade
A precocidade dos híbridos de milho é medida com base no tempo para a colheita, e leva em consideração que alguns híbridos têm um período de enchimento de grão mais curto ou apresentam perda de umidade mais acentuada (drydown) que outro. Então, híbridos de mesmo ciclo de florescimento podem estar aptos para colheitas em número de dias diferentes.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) tem tentado padronizar um sistema de avaliação de precocidade dos híbridos de milho que se baseia no número de dias para a maturação fisiológica.Neste sistema os híbridos são divididos em três grupos; Grupo I (superprecoce), com n < 110 dias, Grupo II (normal) n > 110 dias e n < 145 dias, e grupo III (Tardios) com n > 145 dias, em que “n” representa número de dias para maturação fisiológica da cultura.
Vantagens do plantio de híbridos superprecoces
Os híbridos superprecoces são utilizados geralmente para escaparde condições climáticas adversas, e têm importância destacada principalmente na safrinha, na região sul e parte do sudeste (sul de São Paulo). Os híbridos superprecoces ganharam importância por ajudarem o agricultor a evitar perdas causadas por geadas na região Centro-Oeste e parte da Sudeste (Triângulo mineiro) conseguirem escapar da seca.
Com o aumento da área plantada de safrinha, conforme podemos ver na Tabela 1, os híbridos superprecoces têm se tornando cada vez mais uma opção importante na escolha do material a ser cultivado.
Somente na safrinha 2016, no Estado do Mato Grosso, foram abandonados mais de 170 mil hectares de milho devido à perda por déficit hídrico no período de safrinha.
Tabela 1 – Evolução da área de milho plantada em hectares (x1.000 ha)
Versatilidade
Na safra, a superprecocidade também pode ser uma característica interessante para os agricultores, principalmente quando se tem interesse de plantar outra cultura subsequente, como feijão na safrinha.
Características genéticas importantes também devem ser levadas em conta, como porte reduzido, melhor qualidade de raízes e colmo, conferindo maior tolerância aos ventos e adversidades climáticas. Além da precocidade, híbridos lançados recentemente possibilitam agregar até 10% a mais de produtividade em condições de lavoura.
Os híbridos de milho superprecoces representam 24% das sementes de híbridos de milho comercializadas no País, enquanto que os 76% são divididos entre os demais ciclos.
Fonte: Revista Campos e Negócios