Ao entrar na caprinocultura, o primeiro passo crucial para um produtor rural é a seleção das melhores raça de caprinos, uma decisão que será influenciada pela região, clima e condições de pastagem.
A caprinocultura tem experimentado um notável crescimento nos últimos anos, impulsionada não apenas pela disponibilidade de financiamentos e incentivos rurais no país, mas também pela crescente valorização do leite, reconhecido como um dos alimentos mais saudáveis para o consumo humano, juntamente com seus subprodutos. Nesse cenário promissor, a busca pelas melhores raças de caprinos torna-se crucial para potencializar ainda mais o desenvolvimento dessa atividade.
Embora a criação de caprinos esteja presente em todas as regiões do território brasileiro, cerca de 90% do rebanho nacional encontra-se concentrado no Nordeste. Os estados da Bahia, Piauí, Pernambuco e Ceará destacam-se como os principais produtores nessa área.
A escolha criteriosa da raça de cabras e bodes desempenha um papel crucial ao iniciar uma produção, visando mitigar riscos e otimizar a produção, seja direcionada para carne, leite ou ambas. Explore agora as cinco principais raças de caprinos amplamente utilizadas no Brasil. Boa Leitura!
Boer
Os caprinos Boer são altamente valorizados na criação devido às suas características excepcionais. Originários da África do Sul, são resultado de cruzamentos entre raças africanas e europeias, e se adaptaram bem a diversos climas, especialmente no Brasil. Com carcaça uniforme, pelagem branca e coloração escura na cabeça e pescoço, são conhecidos por sua carne magra e saborosa, com baixo teor de gordura e colesterol. Além disso, as cabras Boer são ótimas produtoras de leite, o que contribui para o sucesso na criação, com rápido crescimento dos filhotes e baixa mortalidade pré-desmama.
Com pesos que variam entre 118-170 kg para os machos e 95-120 kg para as fêmeas quando adultos, são considerados indispensáveis para criadores de caprinos. Suas qualidades incluem puberdade precoce, baixa manutenção, couro resistente, adaptação ao meio ambiente, possibilidade de consórcio com outras criações, e rápido desenvolvimento sexual. Com uma alimentação baseada em arbustos, contribuem para a limpeza das pastagens.
Com alta fertilidade, podem ter até 3 partos a cada 2 anos, com uma média de 2 a 3 cabritos por parto, gestação de 148 a 149 dias e ganho de peso diário de aproximadamente 350g. Os cabritos estão prontos para o abate aos 90 dias, eliminando a necessidade de castração dos machos. Essas características tornam os caprinos Boer altamente desejáveis para os criadores brasileiros de caprinos.
Kalahari Red
A raça Kalahari Red, originária do deserto do Kalahari, na África do Sul, tem se destacado e crescido no Brasil. Apresenta uma pelagem avermelhada, sendo um animal rústico menos propenso a verminoses, proporcionando boa rentabilidade. Seu corpo é robusto e musculoso, evidenciando-se principalmente na produção de carne de alta qualidade. As fêmeas dessa raça exibem boa habilidade materna, garantindo o desenvolvimento tranquilo dos cabritos. A altura média das fêmeas varia de 60 a 80 cm, enquanto os machos atingem de 70 a 90 cm. O peso médio das fêmeas é de 50 a 70 kg, e o dos machos varia de 70 a 90 kg.
Pardo Alpina
A raça Pardo Alpina, originária da região dos Alpes entre a França e a Suíça, é outra opção relevante. Os animais dessa raça apresentam um pelo volumoso, com boa inserção no abdômen e tetas bem destacadas. A pelagem varia de castanho claro a escuro, com uma lista dorsal de cor negra. As fêmeas dessa raça geralmente têm peso acima de 40 kg, proporcionando uma escolha sólida para aqueles que buscam qualidade na produção de caprinos.
Machos, por sua vez, pesam de 70 a 100 kg. Cabras alpinas, em seus países de origem e regiões adaptadas, podem produzir em média 4 kg de leite por dia, mas registros mostram produção de até 8 litros diários em algumas cabras nas primeiras semanas após o parto. Devido à excelente produção de leite e rusticidade, foram difundidas em vários países, inclusive no Brasil, onde no Nordeste são usadas para cruzamentos visando melhorar o desempenho produtivo de caprinos localmente adaptados.
Toggenburg
A raça Toggenburg, originária da Suíça, encontra-se majoritariamente em Minas Gerais, Rio de Janeiro e Pernambuco. O mestiços do Toggenburg têm se mostrado adaptados ao clima seco, perdendo o pelo, com peso médio de 50 kg nas cabras e 70 kg nos bodes.
A pelagem varia de marrom a cinza claro. Sendo robusta e resistente, o Toggenburg suporta diversas condições climáticas, preferindo regiões montanhosas, e produz bem tanto em regime de pastoreio como em confinamento completo. A média de produção de leite é de 600 kg por dia de lactação, com 35% de gordura. Sua fertilidade é notável, gerando frequentemente gêmeos e, em algumas ocasiões, até triplos ou quadruplos. Os cabritos são robustos e apresentam rápido crescimento.
Canindé
A raça Canindé, originária do Nordeste brasileiro, especialmente no estado do Piauí, também tem registros de possível origem na Bahia. Esses animais demonstram ser ativos, vigorosos e rústicos, de porte médio a grande, provavelmente derivados da Raça Grisone Negra dos Alpes Suíços. Adaptados ao semiárido nordestino, os Canindés podem ser explorados em sistemas de produção mista, tanto para carne quanto para leite. As fêmeas têm altura média entre 65 e 75 cm, enquanto os machos variam de 70 a 85 cm. O peso médio das fêmeas varia de 45 a 55 kg, e o dos machos, de 66 a 80 kg.
Entre os criadores de caprinos, as fêmeas dessa raça exibem um úbere muito bem desenvolvido e uma produção leiteira, embora menor em comparação com as outras raças especializadas europeias, destaca-se pelos elevados níveis de gordura e sólidos totais.
Em resumo, ao explorar as melhores raças de caprinos, não apenas abrimos portas para uma produção mais eficiente e qualitativa, mas também contribuímos para o fortalecimento da caprinocultura como uma atividade agrícola de destaque no cenário brasileiro. A seleção criteriosa dessas raças não só aprimora a produtividade, seja voltada para carne, leite ou ambas, como também representa um investimento seguro e sustentável para os produtores rurais.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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