Arroz gourmet: saiba como o clima influencia na produção de arroz no litoral gaúcho

Cultivado entre oceano e lagoa, arroz é o único com Denominação de Origem no País e aumenta a lucratividade do produtor.

O litoral do Rio Grande do Sul é a única região do Brasil que produz arroz com selo de Denominação de Origem. Os cerca de 100 mil hectares, em uma faixa de 250 km entre a Lagoa dos Patos e o Oceano Atlântico, são uma região considerada privilegiada para a orizicultura e resulta em um arroz gourmet. 

“Nessa extensão de terra cercada por água tem uma menor amplitude térmica, que afeta na fase reprodutiva do grão. O arroz é um grão mais inteiro, porque o que trinca o grão é o choque térmico”, conta ao Agro Estadão o presidente da Aproarroz (Associação dos Produtores de Arroz do Litoral do Rio Grande do Sul), Virgilio Ruschel Braz.

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Extensão de terra de 25 km entre lagoa e oceano. Foto: Aproarroz/Divulgação

Ventos constantes, bastante luminosidade e temperatura estável ajudam a produzir o cereal que tem dado mais lucro ao produtor. “Existe um diferencial de preço pela região por si só. O saco de arroz que oscila entre R$ 117 e R$ 120, na nossa região chega a R$ 130”, comenta Ruschel.

Uma característica importante é a quantidade de grãos inteiros obtidos. “Temos 65% dos grãos inteiros, enquanto nas outras regiões produtoras, o máximo que conseguem é 60%”, destaca o presidente da Aproarroz. “Nosso pacote tipo 1 tem até 7,5% de grãos quebrados; o tipo 2 tem até 15%. Isso traz ao consumidor um produto que cresce quando é cozido”, complementa.

Quem faz o arroz com Denominação de Origem e onde ele é encontrado

O arroz “Palmares Gold Especial Gourmet” tem o selo de Denominação de Origem desde 2010 e, atualmente, é o único certificado pelo Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Privada). O produto segue critérios como a rastreabilidade desde o início do plantio até ser entregue à cooperativa.

“A propriedade tem que estar dentro dos seus registros junto aos órgãos (ambientais, sociais), os fertilizantes a serem usados devem ser acompanhados por agrônomos. E na cooperativa, ele é armazenado em silos diferentes do resto da produção”, conta o presidente da Associação.

A Aproarroz tem cerca de 20 produtores associados que entregam o cereal para a Cooperativa Arrozeira Palmares, responsável por embalar e comercializar o arroz. No Rio Grande do Sul, ele é fornecido para alguns restaurantes e uma rede de supermercados. “É um arroz gourmet, então o mercado é um nicho mais restrito”, comenta Ruschel. 

Foto: Aproarroz/Divulgação

Por mês, são vendidos cinco mil fardos de 30 kg, o equivalente a apenas 1% da produção total de arroz na região. Hoje, o produto é vendido principalmente para Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro – destino de 75% da produção, mas os produtores já miram no mercado internacional.

“Estamos buscando aproximação com o mercado do Peru, estamos em negociação com Portugal. São lugares que valorizam esse tipo de produto, mas ainda não ajustamos a questão do preço”, diz Ruschel.

Expectativa para a safra 2024/2025

Assim como a maioria dos agricultores do Rio Grande do Sul, os produtores de arroz do litoral também sofreram com as enchentes e o excesso de chuvas. Mas segundo o presidente da Aproarroz, a maior parte do cereal já havia sido colhida e o prejuízo nas lavouras foi mínimo. “A gente notou também algum caso de armazenagem na propriedade que sofreu um pouco”, comenta.

Agora, a semeadura do próximo ciclo deve começar por volta do dia 23 de setembro, se o clima ajudar. A expectativa é aumentar a área de produção entre 5% e 8% e, com isso, incrementar a oferta do arroz especial. 

A torcida de Ruschel resume o desejo dos demais produtores: “Sabemos que vai ser um clima mais seco. Mas o Rio Grande do Sul recuperou os recursos hídricos e esperamos que seja um ano muito bom para o arroz”. 

Fonte: Agro Estadão

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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