Arroba vai a R$ 335 com disparada de preços, pode isso?

Arroba atingiu um novo recorde ao superar os R$ 320 reais no Indicador Cepea. Mas o que vem sustentando os preços e até onde pode chegar o valor da arroba?

A oferta de animais terminados permanece discreta, ditando o ritmo dos negócios e, com isso, o mercado encontrou uma baixa liquidez nas negociações da última semana. Além disso, foram observados negociações acima da referência em algumas praças e o recuo nas escalas de abate das indústrias frigoríficas. Mercado pode ver nova disparada de preços e arroba atingir R$ 335,00 nesta semana, confira os motivos que firmam este movimento!

Preços estáveis hoje no Brasil é igual a perda de poder de compra. Mesmo com o preço do boi gordo se mantendo próximos aos R$ 320,00/@ no atual mês, o poder de compra do pecuarista era maior quando ele negociava à R$ 290,00/@ em janeiro de 2021. Segura a boiada ou a margem de lucro será negativa!

Fechamento da Semana

Em São Paulo, as cotações do boi, vaca e novilha gordos encerram a semana estáveis na comparação feita dia a dia. O cenário é de preços travados, com ofertas tímidas e dificuldade de escoamento. O boi, a vaca e novilha gordos são negociados, respectivamente, em R$317,00/@, R$294,00/@ e R$310,00/@, preços brutos e a prazo.

Para os animais destinados à produção para exportação, de até quatro dentes, os negócios se dão em torno de R$327,00/@, preço bruto e à vista. Preocupação ronda em relação a queda no valor do dólar em relação ao real.

Em São Paulo, o valor médio para o animal terminado chegou a R$ 318,84/@, na sexta-feira (24/06), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 304,31/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 308,54/@.

O indicador do boi gordo do Cepea, calculado com base nos preços praticados em São Paulo, a cotação variou 0,54% em relação ao dia anterior e passou de R$ 319,45. No acumulado do ano, o indicador teve uma alta de 19,13%. Em 12 meses, os preços alcançaram 48,71% de valorização.

Programações de abate recuam levemente

Em todas as praças pecuárias acompanhadas pela Agrifatto, as escalas de abate encerraram a semana em queda, a média nacional das programações estabeleceu-se em 7,0 dias úteis. Cabe a ressalva de que as indústrias reduziram suas capacidades de abate e algumas já pulam dias úteis para tentar segurar as compras!

  • No estado de São Paulo, a sexta-feira encerrou com uma média de 10 dias úteis já programados, recuando cerca de um dia útil frente a semana passada.
  • No Tocantins, os frigoríficos finalizaram a semana com as escalas dos próximos 8 dias já comprometidas, também 1,0 dia útil a menos do que na última semana.
  • Cenário parecido é visto em Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso que fecharam a semana com 7,0 dias úteis já programados nas escalas dos frigoríficos, todos acima de suas respectivas médias parciais anuais.
  • Dentre as praças analisadas, Mato Grosso do Sul tem as programações as mais ajustadas, demonstrando uma maior dificuldade na aquisição de boiadas nessa região. As indústrias encerraram a semana com 4,0 dias úteis.

“O volume de negociações no mercado pecuário vem se apresentando abaixo da média histórica para o período, em função da restrição de oferta de animais terminados e da dificuldade de escoamento da carne bovina na ponta final da cadeia”, ressalta a IHS.

Do lado da ponta vendedora, a oferta de animais terminados que chega ao mercado é mínima, constituída por lotes pequenos de animais terminados em confinamento, promovendo negociações pontuais.Por sua vez, os pecuaristas seguem concentrados no confinamento de bovinos para o segundo semestre, estimulados pelas recentes reduções dos preços dos grãos.

Exportações

Em relação ao mercado internacional, as exportações de carne bovina in natura tiveram bom desempenho no acumulado das três primeiras semanas de junho. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o volume embarcado alcançou 97,5 mil de toneladas, com uma média diária de 7,51 mil toneladas/dia, avanço de 3,8% em relação à média de junho/20 e 24,4% superior à média diária do maio/21.

Preços do boi gordo em dólar

Conforme anunciado semana passada, os valores da arroba do boi gordo em dólar seguem em patamares elevados, trazendo grande destaque para o país no mercado das exportações.

Além disso, espera-se que ocorra aumento do volume das exportações ao longo do mês de julho, principalmente com a abertura de novos mercados e novas unidades habilitas a exportação, segundo os analistas!

Atacado

O fluxo das vendas de carne bovina não foi suficiente para sustentar os preços dos cortes, com relatos de sobras de mercadorias nos estoques de varejistas e distribuidoras.

Se aproximando para o final do mês de junho, momento pelo qual as vendas normalmente são menores, o mercado atacadista de carne bovina acredita que irá encerrar o mês em ambiente calmo e com os preços da carcaça estabelecidos próximo aos R$ 19,60/kg. O olhar dos atacadistas agora é no início de mês, que traz consigo a expectativa de melhores valores.

Virada do mês e virada nos preços do boi gordo

Nas principais praças paulistas, o preço da arroba se manteve, próximo aos R$ 320,00/@. Porém, apesar de ser um momento de redução no consumo e maior pressão da indústria, o mercado se manteve em patamares elevados, conforme supracitado.

Com isso, o cenário com a união dos fatores como, baixar oferta de animais para abate, entrada da massa salarial e auxílio emergencial e aumento das exportações podem trazer uma pressão positiva nos preços da arroba que, se mantidas, podem trazer negociações pontuais a R$ 335,00.

Uma coisa é certa, o pecuarista precisa estar atento aos preços de venda e, claro, principalmente aos preços dos insumos e reposição para poder ajustar o seu planejamento e margens de lucros!

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