Preço da vaca gorda busca se aproximar do boi, o motivo é o a maior procura por carne; Cenário é reflexo da menor oferta de cortes nos atacados.
A procura por boiada pronta no mercado brasileiro é tanta que, em algumas praças pecuárias, o preço da vaca gorda está bem próximo do valor do macho terminado. É o caso da região de Paragominas, no Pará, onde a diferença entre as duas categorias é de apenas R$ 4/@ – nessa região, o boi gordo a prazo vale R$ 256/@, enquanto a vaca gorda é negociada por R$ 252/@, segundo dados apurados pela IHS Markit.
“O aumento do preço de fêmeas reflete o contexto firme das vendas nacionais de carne, já que, tradicionalmente, a carne de vacas é direcionada ao mercado interno”, justifica a consultoria.
Em São Paulo – referência para outras praças do País –, o valor médio para o animal terminado chegou a R$ 263,00/@, nesta quarta-feira (14/10), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 246,18/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 261,60/@.
Já o Indicador do Cepea, voltou a registrar preços uma grande valorização nesta quarta-feira, atingindo o patamar de R$ 263,35 por arroba. Esse é o maior valor registrado pelo Indicador, desde a sua criação.
Segundo os pecuaristas de Alagoas, o preço ofertado, é de R$ 275,00/@ com pagamento à vista e livre de Funrural. O preço segue subindo em todo o Brasil, sustentando pela menor oferta de boiadas!
De fato, a demanda doméstica pela proteína vermelha tem se mostrado um pouco mais aquecida nesta primeira quinzena de outubro. Parte da maior procura é motivada pela entrada de salário no início do mês, o que motiva a compra de produtos de maior valor agregado, como a carne bovina.
Segundo a IHS Markit, os preços da carne bovina seguem em patamares recordes, reflexo da menor oferta dos cortes nos atacados e da maior demanda nesta primeira metade de outubro. Neste contexto, os frigoríficos brasileiros observaram uma melhora no equivalente de carcaça e continuam firmes nas aquisições de gado gordo para abater, sustentando novos ajustes positivos na arroba.
Portanto, nesta quarta-feira, o mercado do boi gordo registrou preços firmes entre as principais praças pecuárias do País, com relatos de novas valorizações em algumas regiões.
O cenário de escassez de oferta ainda é predominante no setor, o que ajuda a sustentar as cotações do boi gordo e da vaca gorda em níveis elevados.
Diante da baixa disponibilidade de boiada pronta, as escalas das indústrias de carne bovina seguem apertadas, atendendo, em média, cinco dias, de acordo com levantamento da IHS Markit.
Futuro dispara a R$ 280/@
Os contratos futuros do boi gordo na B3 renovaram recorde histórico e já se aproximam de R$ 280 a arroba para novembro. Desde o final de junho, as negociações acumulam alta superior a 26%. O analista de mercado do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Thiago Bernardino afirma que a oferta restrita e demanda intensa, principalmente por parte da China, explicam alta nos preços.
“Estamos passando por esse momento de transição da cadeia pecuária de corte com uma oferta restrita e uma demanda muito intensa da China, que vem possibilitando a valorização dos preços. O teto, tudo isso, depende de como o mercado vai se comportar de outubro a dezembro”, disse.
Em relação aos próximos anos, Bernardino garante que haverá uma recomposição do rebanho, mas cenário será diferente. “Haverá uma recomposição do rebanho, o que depende da parte climática, dinâmica de exportação e do mercado interno, mas nos próximos anos vamos ter uma recomposição”, completa.
Exportações em alta
Em todo o País, a demanda por animais segue aquecida, principalmente os bovinos que cumprem requisitos internacionais. Durante os primeiros sete dias úteis de outubro, as vendas externas de carne bovina in natura voltaram a registrar bom resultado, apresentando um volume total de 60,1 mil toneladas. Na comparação entre receita e volume médios embarcados, houve aumento de 4,22% e 10,75%, respectivamente, frente ao mesmo período no ano passado.
Em termos de preço, os valores médios recebidos pela carne ainda estão menores que resultados anteriores. Na comparação com outubro de 2019, por exemplo, houve recuo de 5,9%, informa a IHS Markit, com base nos dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). “Essa retração é, de certo modo, compensada pela desvalorização do real frente ao dólar”, destaca a consultoria.
No atacado, o preço do dianteiro de boi subiu para R$ 14,20/kg. “A movimentação nos atacados nacionais registrou maior atuação de consumidores em meio a oferta limitada de carne, o que abriu margem para novos ajustes nos preços”, reforça a IHS Markit.
- Vaca Nelore Carina FIV do Kado bate recorde mundial de valorização
- ‘Boicote ao boicote’: cadeia produtiva de bovinos quer deixar o Carrefour sem carne
- Jonh Deere enfrenta possíveis tarifas com sólida estratégia, diz CEO
- Maior refinaria de açúcar do mundo terá fábrica no Brasil para processar 14 milhões de t/ano
- Pecuarista é condenado a 3 anos de prisão por matar mais de 100 pinguins na Argentina
Atacado
No mercado atacadista, os preços da carne bovina seguem estáveis. De acordo com o analista de Safras, o ambiente de negócios sugere por menor espaço para reajustes, em linha com uma reposição menos fluída ao longo da segunda quinzena do mês. Enquanto isso, o resultado das exportações segue positivo, com expectativa de movimentação mais agressiva por parte da China, que inicia o planejamento de compras para o Ano Novo Lunar.
Com isso, a ponta de agulha seguiu em R$ 14,25 o quilo. O corte dianteiro permaneceu em R$ 14,30 o quilo, e o corte traseiro continuou em R$ 19,30 o quilo.
Câmbio
O dólar comercial encerrou a sessão em alta de 0,39%, sendo negociado a R$ 5,6030 para venda e a R$ 5,6010 para compra. Durante o dia, a moeda norte-americana oscilou entre a mínima de R$ 5,5360 e a máxima de R$ 5,6030.