Arroba tende a R$ 250 e semana pode ser caótica!

Os preços do boi gordo voltaram a desabar na última semana, o silêncio da China e a falta de explicação do Governo brasileiro preocupa o setor da carne!

O mercado físico de boi gordo registrou preços predominantemente mais baixos nesta sexta-feira, 15, independe da praça pecuária avaliada. Infelizmente, para os pecuaristas, os frigoríficos conseguiram realizar vários negócios abaixo da referência média no fechamento da semana e mantiveram, assim, uma posição confortável em suas escalas de abate.

O setor segue com grande apreensão em relação ao seu maior destino na exportação, a China. O silêncio dos asiáticos e a falta de posicionamento do Governo em relação ao assunto, pode trazer, deixa um cenário de instabilidade e prejuízo, dentro e fora da porteira. A carne enviada em setembro, deverá retornar ao Brasil e ser processada, já que a China não deve aceitar a sua entrada neste momento.

Após as turbulências nos preços dos animais destinados ao abate ao longo dessa semana, na sexta-feira os compradores abriram as negociações com preços estáveis na comparação feita dia a dia. Ao longo dessa semana a cotação do boi gordo caiu R$8,00/@.

Portanto, boi, vaca e novilha gordos estão apregoados em R$272,00/@, R$263,00/@ e R$282,00/@, na mesma ordem, preços brutos e a prazo. A situação não tem se tornado fácil, principalmente para os pecuaristas que ainda possuem animais no cocho, já que o preço da diária traz grande impacto no custo da arroba produzida.

Quando olhamos para o cenário atual, os preços tiveram um recuo, apenas no mês de outubro, de cerca de R$ 25,45/@ nos primeiros dias de outubro. Sendo assim, o pecuarista teve um prejuízo de quase R$ 489,00/cab quando consideramos um animal de 20 arrobas.

Ainda segundo o Indicador do Cepea – Boi Gordo, os preços devem continuar uma trajetória de queda, trazendo um cenário caótico para o mercado do boi gordo nesta semana, já que historicamente a segunda quinzena do mês é de menor consumo no mercado interno e as indústrias possuem escalas de abate confortáveis.

Segundo o Balizador de Preço do GPBDatagro, os preços no último dia 15, sofrem grande pressão, com a mínima do boi gordo atingindo a casa dos R$ 265,00/@ e a máxima chegando a R$ 290,00/@, considerando a praça paulista. A tendência, segundo alguns analistas, é que o boi gordo chegue a R$ 250,00/@ em algumas praças, tendo este valor como referência.

Com isso as indústrias frigoríficas mantêm a estratégia de cautela na aquisição da matéria-prima.  Os negócios realizados nesta sexta-feira, se concretizaram em sua grande maioria na faixa dos R$ 270,00/@. Na B3, o contrato futuro de boi gordo com vencimento para out/21, passou por leve recuperação e fechou o dia cotado em R$ 270,70/@, valorizando 1,46 % no comparativo diário.

A produção da proteína vermelha se concentra atualmente no mercado doméstico com demanda retraída e dificuldade no escoamento, o que pressiona as cotações da carcaça casada no atacado e mercado físico do boi gordo.

Escalas crescendo

Em um mercado volátil e sem respostas sobre a volta das vendas de carne bovina para a China, a semana se encerra com a média nacional das escalas de abate estável em 7 dias úteis.

  • Em São Paulo, as indústrias fecharam a sexta-feira com 8 dias úteis já programados, mantendo-se estáveis no comparativo semanal.
  • Os frigoríficos goianos possuem maior conforto nas programações com 9 dias úteis escalados, um dia a mais que na sexta-feira passada.
  • Em Minas Gerais os abates continuam programados para 8 dias úteis.
  • As indústrias tocantinenses e mato-grossenses fecharam a semana com 7 dias úteis programados, ambas recuando em relação a sexta-feira passada.
  • Em Mato Grosso do Sul as indústrias fecharam a semana com 6 dias úteis programados, mantendo-se estáveis frente a sexta-feira passada.
  • Já os frigoríficos rondonienses encerraram a sexta-feira com as escalas regredindo 3 dias em comparação a semana passada, na casa dos 2 dias úteis preenchidos.

“Sem sinal do retorno das compras chinesas no horizonte e com a demanda doméstica comedida, a pressão de baixa no mercado do boi gordo se intensificou na última semana”, ressalta Thayná do Scot Consultoria.

Frigoríficos ausentes

A paralisação de muitas unidades de abate no Mato Grosso, bem como em outros Estados brasileiros, também sugere uma forte retração no abate nacional, ressalta a IHS, acrescentando que o objetivo das indústrias, sobretudo as exportadoras, foi evitar a formação de excedentes em estoques num momento de incertezas com relação as demandas interna e externa pela proteína bovina.

“Além da ausência chinesa, as complicações com a escassez de contêineres também trouxeram maior cautela por parte das companhias compradoras”, observa a IHS.

Silêncio da China

A novela em relação à China segue se arrastando e, infelizmente, cada novo capítulo sem uma solução final causa maior apreensão e prejuízo a todo o setor produtivo, analisa o médico veterinário Leandro Bovo, sócio e diretor da Radar Investimentos, de São Paulo.

“A sinalização atual é de que a China não aceitará cargas embarcadas após 4 de setembro (dia da suspensão das exportações ao país asiático) e isso implica dizer que teremos provavelmente mais de 100 mil toneladas de carne à procura de um destino se não forem aceitas por lá”, alerta Bovo. 

“Para termos a dimensão do tamanho do problema, considerando o preço médio da tonelada exportada para China ao redor de US$ 6.300, a ordem de grandeza do problema é ao redor de US$ 600 milhões”, acrescenta.

Confinamento e Boitel VFL BRASIL. Foto: Marcella Pereira

Giro do Boi Gordo pelo Brasil

  • Com isso, em São Paulo, Capital, a referência para a arroba do boi ficou em R$ 270 na modalidade à prazo, contra R$ 272 na quinta-feira.
  • Em Goiânia (GO), a arroba teve preço de R$ 250, contra R$ 255.
  • Em Dourados (MS), a arroba foi indicada em R$ 270, estável.
  • Em Cuiabá, a arroba foi vendida por R$ 258, ante R$ 259.
  • Em Uberaba, Minas Gerais, preços a R$ 260 a arroba, ante R$ 275.

Atacado

Os preços da carne bovina também caíram no atacado no dia. Conforme Iglesias, já há reportes de frigoríficos disponibilizando parte de seu estoque outrora destinado à exportação no mercado doméstico, o que eleva a pressão sobre os preços internos.

“A tendência de curto prazo é de intensificação desse movimento, o que tende a contaminar as proteínas concorrentes, a exemplo da carne de frango e da carne suína. Importante mencionar que essa retração dos preços do atacado ainda não chegou ao consumidor final no varejo, que tradicionalmente repassa esse tipo de variação de maneira mais lenta”, completou Iglesias.

O corte traseiro foi precificado a R$ 20,80 por quilo, queda de R$ 0,20. O corte dianteiro foi precificado a R$ 14,30 por quilo, queda de R$ 0,20. Já a ponta de agulha permaneceu com preço de R$ 14 por quilo.

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