Pecuaristas preferem esperar por preços que remunerem um pouco mais, há condições para os preços chegarem a R$ 300 por arroba até o fim de 2020. Veja!
Na última semana de outubro, os preços da arroba no mercado físico do boi gordo registraram novas altas, rompendo recordes anteriores, segundo informa as consultorias de mercado. Fernando Iglesias, da Safras & Mercado, diz que há condições para os preços chegarem a R$ 300 por arroba até o fim de 2020.
“O impulso segue vindo da baixa oferta de animais e da demanda aquecida”, resume a IHS Markit, acrescentando que, nos últimos dias, as escalas de abate das indústrias foram encurtadas em muitas regiões do País, com relatos de plantas frigorificas que optaram por dar férias coletivas devido ao elevado grau de dificuldade na compra de boiada gorda.
Arroba subiu mais de R$ 18 em outubro
Em São Paulo – referência para outras praças do País –, o valor médio para o animal terminado chegou a R$ 276,74/@, na sexta-feira (30/10), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 259,46/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 271,74/@.
Com grande surpresa, o Indicador do Cepea voltou a registrar valorização, fechando com média de R$ 278,40/@ para a praça paulista. Esse valor fez com que o Indicador tenha atingido um novo recorde de preço, ou seja, maior valor observado desde a sua criação!
Quando analisado as médias de outubro, a arroba valia R$ 248 no dia primeiro de outubro, valor que é R$ 30,40/@ abaixo do fechamento do dia 30 de outubro, de R$ 278,40, conforme o gráfico abaixo. Lembrando que esses valores são as médias no fechamento de cada dia!
Mesmo os frigoríficos que se mantiveram atuantes no mercado, continua a IHS, houve relatos de unidades industriais intercalando os abates diários ou realocando a programação a fim de escapar da forte especulação altista que vigora no mercado.
Em algumas regiões do Brasil, pecuaristas optaram por retirar o gado do pasto para realizar a terminação no cocho em função de atrasos e irregularidade das chuvas. Além disso, mesmo com os fortes avanços da arroba do boi gordo, os donos das boiadas preferem atuar na defensiva, à espera de preços que remunerem ainda mais, já que há também uma escalada nos preços da nutrição animal (milho e farelo de soja) e também no mercado de animais mais jovens, de reposição.
Preços vão disparar no Brasil
A arroba do boi gordo padrão China foi negociada a R$ 283 em São Paulo, na sexta-feira, 30, de acordo com a Safras & Mercado. O analista Fernando Iglesias afirma que se trata de um valor recorde.
“A tendência para o início desta semana é de preços ainda aquecidos, com os frigoríficos retomando as atividades depois do feriado com avidez. Existe a possibilidade de preços ainda mais altos daqui até o fim da semana”, afirma.
- Vaca Nelore Carina FIV do Kado bate recorde mundial de valorização
- ‘Boicote ao boicote’: cadeia produtiva de bovinos quer deixar o Carrefour sem carne
- Jonh Deere enfrenta possíveis tarifas com sólida estratégia, diz CEO
- Maior refinaria de açúcar do mundo terá fábrica no Brasil para processar 14 milhões de t/ano
- Pecuarista é condenado a 3 anos de prisão por matar mais de 100 pinguins na Argentina
A entrada de animais oriundos do confinamento não foi e, não será, suficiente para impactar positivamente no quadro de oferta de animais para abate, garantindo a sustentação dos preços atuais e mantendo o viés altista no mercado!
A entrada da massa salarial, auxílio emergencial e demanda chinesa elevada são fatores que, diante dessa oferta limitada de bois para abate, funcionam como um verdadeiro combustível para subida dos preços.
De qualquer maneira, não me surpreenderia se até o final do ano, o boi alcançasse R$ 300 por arroba, que é o alvo dos pecuaristas até o final de 2020.