Arroba pode subir até 12% neste ano; veja os cenários!

Os valores do boi gordo abrem o ano em patamares recorde, e aposta de valorização recorde para o Boi-China; Mercado externo, oferta restrita e custo de produção, veja o que esperar!

O ano de 2021 deixou, com certeza, muitos aprendizados aos pecuaristas. Além disso, foi marcado por uma grande lacuna na oferta de gado terminado, o que pressionou os preços do boi gordo positivamente, e esse continua a ser o principal fator de sustentação dos preços para 2022 que, aliado a demanda externa, deixam as indústrias mais voraz pela matéria prima e expectativa de recorde nos preços da arroba!

Com uma tendência forte de elevação dos custos para este ano, a única saída para o melhor desempenho da produção de carne bovina deve vir essencialmente de uma arroba mais valorizada neste ano. Pecuaristas e analistas, estimam que os valores podem atingir uma valorização de 12% no primeiro trimestre de 2022, deixando a arroba em um patamar de R$ 369,00/@. O que você acha?

Valores da arroba

O ano de 2021 foi marcado por uma continuidade daquilo que se presenciou no ano anterior: houve falta de animais para abastecer o mercado doméstico, por sua vez, enfraquecido em virtude da crise econômica provocada pela pandemia. A principal causa da falta de animais foi o ciclo pecuário e a escassez de chuvas nos principais polos produtores do país.

O mercado físico do boi gordo encerrou o ano demonstrando que o setor enfrenta sérios problemas com a baixa disponibilidade de animais terminados, decorrente do ciclo pecuário, fato esse que permitiu que a arroba operasse ao redor de R$ 300 em boa parte das praças do País, segundo os valores do Indicador do Boi Gordo/CEPEA.

“Mesmo com o desarranjo gerado pelos dois casos de EEB não transmissíveis (doença conhecida como ‘mal da vaca louca’), o que fez as indústrias brasileiras darem um ‘cavalo de pau’ na produção devido ao cancelamento dos envios ao mercado da China, o tempo de recuperação dos preços da arroba foi muito rápido”, relata a IHS.

O movimento de retenção de matrizes nas fazendas brasileiras foi confirmado pela queda acentuada no abate de fêmeas ao longo do ano, o que ajudou a enxugar ainda mais a oferta de animais terminados.

Já o cenário para os animais que atendem a exportação, as negociações para bovinos até quatro dentes, o “boi China”, negócios seguem firmes com valores de até R$342,00/@. Segundo o app da Agrobrazil, os pecuaristas de Presidente Prudente/SP, venderam seus lotes por R$ 342,00/@ com pagamento em 7 dias e abate para o dia 06 de janeiro de 2022.

Já a vaca gorda fechou o ano cotada em R$302,00/@ e a novilha gorda em R$317,00/@, preços brutos e a prazo, apontou a Scot Consultoria. Com preços elevados para o pecuarista garantir um animal precoce e se manter na atividade, os valores da arroba precisam se manter em patamares elevados.

“O grande desafio do setor de carne bovina é ganhar competitividade frente as proteínas concorrentes”, observa a IHS.

Expectativas

A expectativa é que a retomada da China as compras venham a potencializar ainda mais o apetite pela matéria prima no campo, possibilitando a manutenção dos preços em patamares elevados ao longo do primeiro trimestre de 2022.

“Nós tivemos a redução de abate este ano, mas nós não tivemos redução no peso dos animais abatidos, mostrando que o produtor está tecnificando mais, melhorando a pastagem, usando mais ração, seja numa intensificação a pasto e confinamento. O estímulo de preço é necessário para manter esse nível tecnológico elevado, pois o ano de 2022 será de custos elevados”, essa foi a avaliação do zootecnista Bruno Lucchi, diretor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Mas para isso, seria importante que os preços da arroba se mantenham valorizados, frente aos custos elevados, sobretudo com a compra de animais de reposição.

Foto Divulgação

Será preciso Investimento

Com a expectativa de aumento da produção de soja e milho na safra 2021/22, o custo de produção pode melhorar, porém, deve-se ter atenção ao custo de outros insumos, tais como fertilizantes, defensivos e suplementos minerais e proteicos, que estão com preços elevados.

O investimento que temos assistido na atividade pode elevar o nível tecnológico e a produção. O uso de tecnologias permite respostas mais rápidas da produção de carne bovina, comparadas há 10 anos. Em contrapartida, outras produções como a de suínos e aves, respondem com mais velocidade ao mercado, sendo, portanto, competitivas.

Há 20 anos, 100 vacas ocupavam aproximadamente 250ha produzindo 45 bezerros com aproximadamente 175kg. Atualmente as mesmas 100 vacas ocupam 140ha produzindo 65 bezerros com peso médio de 200kg, reflexo do aumento na produtividade e investimentos em tecnologia (Conab).

O diretor da Athenagro estima que 67,5 milhões de hectares necessitarão de recuperação num prazo entre um e quatro anos, enquanto 5,9 milhões de hectares precisam ser reformados.

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Foto: Zootecnista Luiz Roberto

Dicas para 2022

Alguns fatores precisam ser monitorados, como o surgimento de novas variantes da COVID-19, os gargalos do transporte marítimo, a oferta global de insumos, a pauta ambiental e o comércio internacional. Para o pecuarista, é importante o controle de seus custos de produção.

É importante que o produtor entenda como se dá sua relação de custo de produção com a formação de preços na sua região, bem como o comportamento do ciclo pecuário. Assim, é possível estabelecer estratégias de curto, médio e longo prazo. Utilizar as ferramentas de gestão de risco de preços, permitir a minimização dos impactos da volatilidade de mercado. Por fim, que o produtor saiba explorar as oportunidades que o mercado apresentar.

Atacado

No atacado, os preços dos principais cortes bovinos encerram o ano estáveis, reflexo da equalização entre oferta e demanda.

Quando se iniciou o primeiro dia útil do ano de 2021 (04 de janeiro), o equivalente carcaça tinha como referência o valor de R$ 268,43/@, informa a IHS.

Apesar das limitações geradas pelo mercado interno, ainda assim, neste dia 30 de dezembro, o valor de referência para o equivalente carcaça está em R$ 304,04/@, o que significa um aumento anual de 13,3%, calcula a consultoria.

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