Arroba: Não deixe a escala alongar ou preço vai despencar

O que dita o mercado nesse momento é a escala de abate na indústria; Pressão baixista já é sinalizada e, se o pecuarista não se unir, preço vai cair!

O pecuarista viu os preços da arroba seguirem uma trajetória de alta nas últimas semanas, atingindo o recorde de R$ 310,00/@. Entretanto, nesta segunda semana de fevereiro, o mercado físico do boi gordo deu sinais de que a valorização da arroba está perdendo fôlego – registrou-se até casos de quedas nos preços da arroba em algumas regiões pecuárias, mas nada tão intenso, relatam as consultorias de mercado. E agora?

Assinalado por alguns grupos, já se começa uma campanha para evitar que as indústrias consigam de alguma forma, alongar as suas escalas de abate. Segundo alguns analistas, o que irá ditar o mercado nesse curto prazo é a oferta de animais para abate, tendo em vista que o consumo segue abaixo do esperado, tanto no mercado interno quanto externo.

Fechamento da semana

Refletindo o mercado de forma positiva, o Indicador do Cepea nas praças paulistas, apontou para uma valorização de 1,82% na comparação diária e fechou a semana atingindo um novo recorde nominal cotado a R$ 303,00/@. Lembrando que o indicador é utilizado por muitas indústrias para as suas negociações!

Em São Paulo, o valor médio para o animal terminado chegou a R$ 297,00/@, na sexta-feira (12/02), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 285,17/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 282,88/@.

Alerta e união para manter os patamares de preços

Em alguns grupos, já se nota um movimento independente que visa unir os produtores afim de tentar conter qualquer movimento de baixa por pressão da indústria nesse momento. Segundo as informações divulgadas que traz a frase “NÃO DEIXE A ESCALA ALONGAR, DEIXE SEU BOI ENGORDAR E VALORIZAR”.

Agora é momento do produtor valorizar o seu trabalho e luta. As indústrias já estão sinalizando um movimento de baixa nos preços. Buscando conter os avanças do prejuízo em suas margens, as férias coletivas, paralisação e até mesmo frigoríficos pulando dia de abates são estratégias para frear a valorização da arroba.

Em outro movimento, o GPB e seus coligados, solicitam que os pecuaristas não utilizem a terminação em unidades de confinamento da empresa JBS, afim de não permitir que esses formem suas escalas e “ditem os preços do mercado”.

Escalas de Abate

As escalas de abates avançaram na segunda semana de fevereiro em algumas regiões. A indústria ainda encontra dificuldades na composição das escalas, sustentado pela escassez de boiada pronta para abate, mas as incertezas e o feriado prolongado da próxima semana deram força para o aumento pontual.

  • Em São Paulo, a programação de abate se encerrou com 7,0 dias úteis, aumentando um dia nas escalas comparado a semana anterior. Cabe a ressalva de que apesar da melhora na programação, muitos frigoríficos ainda pulam dias de abate no estado paulista.
  • Já em Goiás e Mato Grosso do Sul, as indústrias encerraram a sexta-feira com 5,0 dias e 6,0 dias úteis, respectivamente.
  • A situação é mais crítica na região mato-grossense e mineira, onde os trabalhos fecharam a semana com 4,0 dias úteis.

Análise do mercado e situação dos frigoríficos

As indústrias frigoríficas continuam a regular os seus processos de compra de gado, principalmente diante do aperto de suas margens operacionais. O que dificulta uma pressão maior sobre o preço é a oferta restrita de animais.

Infelizmente, apesar do consumo da carne bovina ter esboçado modesta recuperação na primeira quinzena do mês, não possibilitou uma melhora mais consistente que estimulasse repasse pleno dos custos de produção ao consumidor final.

Outro ponto de alerta entre os frigoríficos está em relação as exportações nesse momento. Embora a receita das vendas ao mercado externo ainda garanta uma margem satisfatória às unidades de abate habilitadas, os volumes até aqui ainda são mais baixos, sobretudo se comparado ao ano passado.

Ponto positivo para o pecuarista

É esperado que uma maior oferta de animais a pasto comece a surgir nesse momento, tendo em vista que as chuvas tardias atrasou a engorda desses animais. Esse é um cenário com que a indústria está esperando para que ela consiga “folga” nas suas escalas.

Entretanto, é muito incerto saber qual será a magnitude dessa oferta de animais, já que é difícil esse levantamento nesse momento. Mas, apesar de parecer um cenário ruim, ele se tornou positivo para o pecuarista.

A melhora nas condições das pastagens, permite aos pecuarista cadenciar as vendas dos lotes, tendo em vista que o custo de manutenção do gado a pasto é inferior aquele do gado em confinamento. Sendo assim, o que cabe agora é uma união da classe produtora da matéria-prima para não deixar os preços cederem!

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