Combinação dos fatores, restrição de oferta de boiadas gordas e expectativa de elevação nas exportações de carne bovina, vão fazer os preços disparar!
O mercado do boi gordo viu, na última semana, uma inversão no cenário de preços começando a ocorrer com a lacuna na oferta de animais para abate pressionando as escalas das indústrias. Os pecuaristas seguem apostando em elevações nos preços para tentar equilibrar a balança dentro da porteira. Confira abaixo, mais uma vez, os motivos que irão trazer uma nova disparada de preços nesta semana!
Historicamente, no mercado pecuário, a última semana do mês é marcada por uma “corrida das indústrias” para poder programar as suas escalas e estoque do início do mês. Além disso, devemos observar um crescimento nas exportações, já que o dólar tem recuperado as perdas e deixado o produto brasileiro mais competitivo no mercado externo.
Fechamento da semana
Segundo a Scot Consultoria, o último dia da semana, nas praças paulistas, as indústrias frigoríficas encontraram dificuldade em encontrar boiadas para fechar as escalas da semana que vem. Situação refletiu em aumento de R$1,00/@ em todas as categorias.
A vaca e novilha gordas são negociadas em R$284,00/@ e R$299,00/@, respectivamente, preços brutos e a prazo. O Indicador do Boi Gordo do Cepea, também registrou forte valorização de 6,95% e fez com que o preço atingisse R$ 312,40/@, apontando para o retorno do movimento de alta!
Em São Paulo, o valor médio para o animal terminado chegou a R$ 311,69@, na sexta-feira (21/05), conforme dados informados no aplicativo da Agrobrazil. Já a praça de Goiás teve média de R$ 287,65/@, seguido por Mato Grosso Sul com valor de R$ 297,94/@.
Conforme as imagens abaixo, é possível verificar que os preços seguiram uma trajetória de alta durante a semana, alcançando média de até R$ 311,60/@ para a praça paulista. O que confirma o cenário de dificuldade de formar escalas na região!
Frigoríficos com grande dificuldade de formar escalas
As programações de abate encerraram a sexta-feira com poucas variações em grande parte do país. A média brasileira se manteve próxima dos 7,0 dias úteis. Apesar da estabilidade na média brasileira, alguns estados começam a demonstrar uma redução considerável das escalas de abate.
- Em São Paulo, os frigoríficos fecharam a semana com 9 dias úteis de escala já cobertas. O “conforto” da composição da escala se reduziu, visto que a escala de abate recuou quase 2 dias úteis no comparativo semanal.
- Em Mato Grosso do Sul, as indústrias encerraram a semana com 6,0 dias úteis de escala completas;
- No Estado de Goiás, os frigoríficos registraram um recuo nas escalas de abate pela terceira semana consecutiva, com uma média de 7 dias úteis;
- Tocantins, Mato Grosso e Minas Gerais foram os estados em que a escala de abate sofreu menos alterações nos comparativo semanais, continuando acima da média em todas essas regiões, já cumprindo mais de 7 dias úteis.
Outro fator importante, é a grande redução no número de fêmeas para o abate, que segundo o app da Agrobrazil, passou a representar menos de 25% dos animais comercializados pelos pecuaristas que estão atentos aos preços da reposição!
Os preços da arroba vão disparar e frigoríficos já tentam se precaver
As valorizações dos contratos futuros na B3 (que superaram a marca de R$ 345/@, considerando preços do segundo semestre) e as recentes quedas nos preços do milho possibilitam alguma recuperação nas margens de lucro da atividade de confinamento, avaliam os analistas.
No entanto, as propriedades de pequeno e médio portes lançam mão de parcerias com boiteis, que têm melhores condições de arcar com os custos da engorda no cocho.
Além disso, os contratos de Boi a Termo, que estavam sumidos do mercado por parte dos frigoríficos, voltaram a aparecer como forma de tentar montar suas escalas e tentar frear a disparada dos preços no segundo semestre, onde o preço da arroba já é projetado em R$ 370,00 por alguns consultores!
Exportações beneficiadas pela paralisação da Argentina
Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o volume embarcado no acumulado das duas primeiras semanas de maio alcançou 55,2 mil toneladas no período (10 dias úteis), com média diária de 5,5 mil toneladas/dia – retração de 28,7% em relação à média de maio/20 e 11,3% inferior ao mês de abril/21.
Porém, a decisão do governo da Argentina em vetar temporariamente (por um período de 30 dias) os próprios embarques de sua carne bovina (visando conter a inflação no país) traz esperanças de avanços mais expressivos nas exportações da proteína brasileira, sobretudo para países asiáticos.
“No curto prazo, a suspensão das exportações argentinas pode aumentar a participação brasileira nas exportações de carne bovina para a China, tornando a oferta de bovinos ainda mais restrita para o mercado interno, pressionando os preços”, observa o analista Hyberville Neto, em relatório semanal da Scot Consultoria.
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Em resumo
A pressão de alta sobre o preço das boiadas tende a ganhar consistência no início da entressafra, conforme vem sendo anunciado aqui no Compre Rural.
Avaliando, ainda, que o mercado voltará a conviver com um ambiente pautado por oferta anêmica, consequência da redução do confinamento de primeiro giro em um ano de elevação nos custos de produção dentro da porteira. Arroba já bateu R$ 351,00/@ no Boi a Termo, mas será realidade no físico no curto prazo!