Análise feita pela consultoria Safras & Mercado traça um panorama atual e projeta como deve se comportar o mercado nas próximas semanas. Confira!
O mercado físico de boi gordo teve um mês marcado por severa instabilidade em março. “Os frigoríficos reagiram na medida em que a pandemia de coronavírus causou transtornos, tanto no âmbito doméstico como no cenário internacional”, disse o analista de Safras & Mercado Fernando Henrique Iglesias.
Segundo ele, os grandes frigoríficos brasileiros enfrentaram dificuldade para escoar a produção para a União Europeia, com os procedimentos adotados lá e cá afetando drasticamente os padrões de consumo.
Segundo o app da Agrobrazil, a média para a praça de São Paulo, foi de R$ 196,31/@. Já na média Cepea, tivemos um valor de R$ 200,65/@ para o boi gordo à vista, uma alta de 5,40%. Em São Paulo, conforma imagem abaixo, tivemos uma distribuição de preços de R$ 191/@ até negócios de R$ 205/@, lembrando que o mercado China ainda paga um maior ágio pelo animal jovem, o que deve aumentar ainda mais essa diferença para boi padrão em relação ao Boi China.
“Com restaurantes e outros estabelecimentos fechados, os cortes nobres de carne bovina sofreram um baque. No Brasil, o consumidor se voltou aos cortes de menor qualidade e também para a carne de frango”, disse Iglesias. Com isso, os preços da arroba do boi gordo na modalidade à vista nas principais praças de comercialização do país estavam assim no dia 3 de abril:
- São Paulo (Capital) – R$ 197 a arroba, contra R$ 200 a arroba em 28 de fevereiro.
- Goiás (Goiânia) – R$ 185 a arroba, ante R$ 190 a arroba.
- Minas Gerais (Uberaba) – R$ 189,00 a arroba, contra R$ 192,00 a arroba.
- Mato Grosso do Sul (Dourados) – R$ 185,00 a arroba, estável.
- Mato Grosso (Cuiabá) – R$ 172,00 a arroba, ante R$ 185,00 a arroba.
Para o mês de abril, com as políticas de isolamento social mantidas, o viés é incerto para o mercado de carne bovina, em meio à queda nas vendas internas e externas. Assim, é bastante provável que os frigoríficos comecem a pressionar os pecuaristas por preços mais baixos para a matéria-prima, assinalou Iglesias.
Segundo a Scot Consultoria: Frigoríficos reduzem o volume de compras
Em São Paulo, o mercado do boi gordo encerrou a última sexta-feira (3/4) com preços estáveis na comparação dia a dia. Após uma semana com melhoria do volume de negócios, resultando no avanço das programações de abate, boa parte das indústrias saiu das compras.
A estratégia estabelecida, devido ao consumo incerto de carne no mercado interno, é avaliar o comportamento das vendas, para então, definirem qual caminho seguir.
Exportações
As exportações de carne bovina in natura do Brasil renderam US$ 555,4 milhões em março (22 dias úteis), com média diária de US$ 25,2 milhões. A quantidade total exportada pelo país chegou a 125,9 mil toneladas, com média diária de 5,7 mil toneladas. O preço médio da tonelada ficou em US$ 4.410,50.
Na comparação com fevereiro, houve baixa de 8% no valor médio diário da exportação, perda de 6,9% na quantidade média diária exportada e queda de 1,3% no preço. Na comparação com março de 2019, houve ganho de 8,8% no valor médio diário, queda de 8,2% na quantidade média diária e ganho de 18,6% no preço médio. Os dados são da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Demanda chinesa por carne bovina vai ajudar a compensar redução de consumo
Com a retomada das compras chinesas por carne bovina in natura, o setor da pecuária projeta que o mês de abril pode registrar um aumento nas exportações. Atualmente, a oferta de preços balcão para o boi gordo que atende o padrão exportação estão ao redor de R$ 205,00/@ e para o animal comum gira em torno de R$ 200,00/@.
De acordo com o Sócio da Radar Investimentos, Douglas Coelho, as exportações de carne bovina in natura registraram um bom desempenho com a retomada da China nas compras e o dólar. “Para o mês de março, a expectativa de exportação estava em 123 mil toneladas. Após os dados do ministério, observamos que volume ficou acima do projetado inicialmente com 125,9 mil toneladas”, comenta.
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Para o próximo mês, o mercado está bem confiante de que o volume embarcado registre um aumento já que a potência chinesa passa por um momento de falta de proteína animal. “A Índia é uma grande fornecedora de proteína para a China, mas precisou reduzir as atividades para conter o avanço da doença. Além disso, a alta do dólar deixou o produto brasileiro mais competitivo no mercado”, diz Coelho.
Por outro lado, o mercado doméstico ainda está se comportando de forma cautelosa em função da epidemia de coronavírus aqui no Brasil. “O fluxo de vendas no atacado está ocorrendo da mão para a boca, tendo em vista que ninguém quer adotar uma posição mais arriscada”, relata.
Fonte: Safras&Mercado, Scot Consultoria e Notícias Agrícolas