Arroba do boi pode voltar a atingir R$ 320,00 em 2023?

Em um ano (2022) de grandes ‘instabilidades’, os preços do boi gordo recuaram mais de R$ 46/@; Mas indústrias tiveram lucros recordes. Arroba do boi pode voltar a atingir R$ 320,00 em 2023? Veja

De forma resumida, com um cenário marcado por variações no mercado da carne, queda no preço da arroba do boi e alta nos custos de produção, o ano de 2022 foi desafiador para o pecuarista brasileiro. Com preços instáveis para o boi gordo, os pecuaristas tiveram que refazer seus cálculos para garantir a produção de carne bovina a todos os brasileiros.

Enquanto isso, indústrias tiveram lucros recordes e quem vai ‘pagar a conta’ são os pecuaristas. Segundo as primeiras análises divulgadas, as principais indústrias tiveram um balanço parcial considerado o melhor dos últimos anos, principalmente apoiado pelas exportações recordes e o não repasse das quedas no varejo. Do outro lado, o Indicador do Boi Gordo Cepea, apontou uma queda de R$ 46,36/@. E agora pecuarista?

Para se ter uma ideia, os preços do boi gordo chegaram a cair com maior intensidade em novembro e voltou ao menor patamar real desde out/19. Para se ter uma ideia, os preços que atingiram o patamar recorde em março/22 com valor médio de R$ 344,71/@, caíram até o valor de R$ 283,35/@ em nov/22, ou seja, um recuo superior a R$ 61,00/@.

o ano de 2023 não começou com muitas expectativas posiivas no mercado físico, já que as indústrias estão com escalas relativamente confortáveis e o mês tem histórico de menor escoamento no mercado interno que é impactado pelas ‘contas de início do ano’. Sendo assim, Cepea fechou com estabilidade no primeiro dia útil do ano, valor esse de R$ 286,85/@ – mesmo valor negociado no fechamento de dezembro.

Entretanto, de acordo com o analista de Safras & Mercado Allan Maia, a tendência é que a liquidez do mercado retome gradualmente ao longo da semana. Em São Paulo, as escalas de abate seguem posicionadas e com isso atuam de maneira comedida nas negociações, especialmente em relação a preços.

O Diretor da HN AGRO, Hyberville Neto, aponta que o cenário para os preços da arroba devem seguir firmes neste primeiro período do ano. “Por outro lado, temos que acompanhar como será o desempenho da demanda interna, já que no início do ano costuma ter um escoamento lento das proteínas animais diante das contas de início de ano”, destacou em entrevista ao Notícias Agrícolas. 

Setor pecuário nacional investe, e abate cresce em 2022

Os investimentos realizados pelo setor pecuário nacional em tecnologias (sobretudo em nutrição, genética, pastagem e sanidade) ao longo dos últimos anos vêm sendo evidenciados atualmente por dados oficiais, que mostram crescimento no número de abate de animais e ganho de produtividade.

No acumulado de janeiro a setembro, segundo informações do IBGE, foram abatidos no Brasil 22,191 milhões de animais, 7,83% a mais que no mesmo período de 2021.

Exportações recorde

Em 2021, a exportação de carne bovina in natura, em volume, caiu. Caiu por causa da interrupção do fluxo para a China, provocada pelos casos atípicos de vaca louca. Entretanto, em 2022, mesmo sem o ano estar completo, a exportação é recorde, tanto em volume quanto em faturamento.

Preços firmes na primeira segunda-feira do ano

A movimentação pouco intensa, típica da segunda-feira, e as escalas de abate bem encaminhadas levaram à estabilidade na cotação da arroba. Sendo assim, a cotação para o boi gordo está em R$280,00/@, para a vaca gorda em R$267,00/@ e para novilha gorda em R$272,00/@, preços brutos e a prazo. O “boi China” está cotado em R$285,00/@, preço bruto e a prazo.

Em Minas Gerais, os preços seguem sem alteração, sinalizado em R$ 280. Já em Dourados (MS), a cotação é de R$ 265. Em Campo Grande (MS) arroba é indicada em R$ 264/265.

Ao mesmo tempo, em Cuiabá (MT), a arroba de boi gordo finalizou o dia cotada a R$ 250/256. Em Água Boa, Barra dos Garças e Cáceres (MT) a arroba ficou em R$ 250/256 a prazo. Já em Goiânia (GO), a arroba teve cotação de R$ 270, assim como em Mineiros (GO).

O que esperar do mercado do boi em 2023?

O mercado de boi gordo brasileiro está em um momento de franca expansão, é o que diz a consultoria Safras & Mercado. “Não é exagero mencionar que o país atravessa uma revolução zootécnica, com pesados investimentos em genética, nutrição animal e refino das técnicas de manejo. O processo de descolamento dos preços, após a habilitação de mais de 30 frigoríficos brasileiros para exportar para a China alterou sensivelmente a dinâmica do mercado”, diz o analista.

Os ganhos de capacidade produtiva, após todo o investimento realizado foram perceptíveis em 2022, com avanço gradual da oferta de animais de reposição. A tendência é que em 2023 o crescimento da oferta de animais da categoria seja ainda mais notável.

“Com uma curva de preços menos atraente é natural que haja ampliação do abate de matrizes, levando ao processo de inversão de ciclo”, explica.

A expectativa é que o Brasil abata em torno de 33,6 milhões de bovinos no próximo ano. O crescimento é de aproximadamente 3,9% na comparação com 2022, em que foram abatidos 32,34 milhões de cabeças.

A consequência do aumento do número de animais abatidos é bastante lógica: haverá avanço da produção de carne bovina. Em 2023 o Brasil deve produzir em torno de 9,0 milhões de toneladas em equivalente carcaça, ante uma produção de 8,7 milhões de toneladas em equivalente carcaça esperadas para 2022.

No que tange às exportações, Iglesias entende que o Brasil deve manter a liderança global dos embarques de carne bovina em 2023, no entanto, sem repetir os números espetaculares registrados em 2022. “Os últimos meses do ano corrente serviram de alerta, com agressivo processo de renegociação de contratos por parte dos importadores chineses”, destaca.

Foto Divulgação

Em 2023 a expectativa é de aumento da produção de carne bovina na China para 7,5 milhões de toneladas, ante a produção de 7,1 milhões de toneladas em 2022. Ou seja, serão 400 mil toneladas a mais entre um ano e outro. Haverá menor dependência das importações para atender a demanda doméstica chinesa.

Retomada

Para Iglesias, a queda dos preços da carne de boi fará com que a parcela da população, que migrou em direção a proteínas mais acessíveis, retome o consumo de sua proteína de preferência. Assim, deverá impactando na formação dos preços da carne de frango e da carne suína.

“Nesse caso haverá a necessidade de todo o setor se adequar a essa nova realidade em termos de oferta”, finaliza o analista.

Respondendo a questão do título do conteúdo, e relembrando que é o mercado interno quem consome cerca de 70% da carne bovina produzida pelo país, a retomada no consumo interno e mudança no ciclo pecuário, pode trazer uma grande valorização dos preços da arroba. Mas ainda é cedo para dizer se ela retomará os patamares de R$ 320,00/@.

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