Arroba do boi gordo pode bater R$ 350 ainda em novembro?

A pecuária brasileira presenciou a disparada da arroba em, fechando o mês a R$ 325; a forte valorização do dólar frente ao real assumiu um papel decisivo nesse movimento

Em outubro, o mercado de boi gordo no Brasil registrou fortes altas nos preços da arroba, impulsionadas pelo crescimento das exportações e pelo câmbio favorável, com frigoríficos priorizando o mercado externo. As dificuldades em compor escalas de abate contribuíram para essa elevação nos preços, que atingiram novas máximas ao longo do mês.

No fechamento de 31 de outubro, o preço médio da arroba na modalidade a prazo em São Paulo chegou a R$ 325, um aumento de 16,07% em relação ao mês anterior. Se os preços manterem a média de aumento dos últimos dois meses poderemos facilmente bater os R$ 350.

Goiás registrou R$ 315 (+16,67%); Minas Gerais, R$ 320 (+18,52%); Mato Grosso do Sul, R$ 320 (+16,36%); Mato Grosso, R$ 310 (+26,53%); e Rondônia, R$ 300 (+17,65%).

No mercado atacadista, os preços também subiram. O quarto traseiro passou de R$ 19,90 para R$ 23,40 o quilo, uma alta de 17,59%. O quarto dianteiro teve aumento de 15,51%, com o quilo saltando de R$ 15,15 para R$ 17,50.

O analista Fernando Iglesias, da Safras & Mercado, explicou que a alta nas exportações foi o principal motor desse movimento, acentuado pela valorização do dólar em relação ao real. “O fator cambial, com a forte valorização do dólar frente ao real, também assume um papel decisivo nesse movimento, sendo mais vantajoso aos frigoríficos destinar boa parte da produção ao mercado externo do que ao interno”, afirmou.

Esse é um dos fatores que podem determinar uma nova escalada do preço da arroba. A valorização do dólar no Brasil é resultado de uma combinação de fatores internos e externos. A incerteza quanto à política fiscal brasileira, somada ao cenário eleitoral dos Estados Unidos, tem fortalecido a moeda norte-americana e pressionado o mercado financeiro.

Outro fator que pode impactar o preço são as exportações de carne bovina brasileira.

Segundo informações do engenheiro agrônomo, diretor da Athenagro e coordenador do Rally da Pecuária, Maurício Palma Nogueira, o total exportado de carne bovina em 2024 passará das 3 milhões de toneladas de equivalentes carcaças (TEC) faltando ainda dois meses para o final do ano. As exportações, de janeiro a setembro, o ano já registrou o maior embarque da história, com 2,7 milhões de toneladas de equivalentes carcaças.

Ele também destacou que, no curto prazo, proteínas concorrentes, como a carne de frango, devem seguir em alta devido à oferta restrita de carne bovina no mercado doméstico.

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Foto: Estância Independente

Qual o cenário atual?

O mercado físico do boi gordo iniciou a semana com preços de estáveis a mais altos. De acordo com o analista da consultoria Safras & Mercado Fernando Henrique Iglesias, o cenário ainda aponta para continuidade do movimento de alta no curto prazo.

“As escalas de abate seguem encurtadas, com as indústrias, em especial as exportadoras, atuando de maneira agressiva na compra de gado. Ao mesmo tempo, as exportações de carne bovina seguem contundentes, com o país caminhando para um recorde histórico de embarques na atual temporada”.
Preços médios do boi gordo

Segundo os analistas da Agrifatto a pressão de alta sobre os valores da arroba persistiu nessa segunda-feira, mas de maneira mais tímida. O volume de negócios continuou insuficiente para expandir as escalas de abate, que ainda atendem, de forma desconfortável para as indústrias, apenas 5 dias úteis, na média nacional.

Minas Gerais apresentou uma valorização de 0,94% no comparativo diário e incremento de 4,51% no comparativo semanal, com o boi gordo precificado em R$ 315,91/@, maior nível desde mar/22.

  • São Paulo: R$ 322,33
  • Goiás: R$ 318,75
  • Minas Gerais: R$ 318,53
  • Mato Grosso do Sul: R$ 318,07
  • Mato Grosso: R$ 309,53

A última semana de out/24 finalizou com sustentação e alta nos preços no atacado paulista, continuando o movimento observado durante todo o mês. Apesar das dificuldades enfrentadas para o escoamento da carne em São Paulo na semana anterior, a semana encerrou com o preço médio da carcaça casada a R$ 21,06/kg, com uma alta de 3,18% no comparativo semanal. Além disso, o mês de out/24 terminou com a média mensal da carcaça casada atingindo os R$ 19,94/kg, com alta de 15,02% no comparativo mensal e no maior nível desde abr/22.

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